domingo, 9 de setembro de 2012

Reflectir sobre a Austeridade

Sendo fonte de reflexões e de preocupações permanentes, a austeridade que nos vem apoquentando, desde há um ano, sem resultados positivos visíveis, e promete agravar-se, é de grande utilidade a procura de informação e de tópicos que incentivem a reflexão e a busca de explicações o mais possível verdadeiras, por forma a podermos tolerar mais conscientemente os sacrifícios, tendo em vista os resultados advenientes.
Nestas condições e com esta finalidade transcreve-se o seguinte artigo de opinião.

Ninguém pára a revolução
 Diário de NotíciasN. 120909. Por PEDRO MARQUES LOPES

Esqueçamos por agora.
Esqueçamos as promessas de que tudo se ia resolver pelos cortes nas gorduras e diminuição dos custos intermédios.
Esqueçamos a profunda ignorância sobre as razões da crise que atravessamos ou a suprema desonestidade de as sabendo não as dizer.
Esqueçamos o facto de não haver uma linha de discurso governamental sobre os problemas do euro, da Europa ou da crise financeira global.
Esqueçamos as mentiras sobre a confiança readquirida no nosso país, a tal que fez baixar as taxas de juro.
Esqueçamos o facto de Passos Coelho se ter sempre oposto às medidas que efectivamente as fizeram baixar.
Esqueçamos os constantes ataques ao Tribunal Constitucional.
É melhor esquecermos.

Podemos dar por nós
a pensar se não há um sério problema de legitimidade democrática quando se faz exactamente o oposto daquilo que se promete,
a reflectir sobre uma tão evidente falta de preparação para o exercício de tão importantes funções ou
a cismar sobre tanta ausência de sentido de Estado.

Concentremo-nos apenas em alguns "pormenores" da mensagem de sexta-feira do primeiro-ministro ao País.
Afinal, a receita que até agora apenas provocou desemprego, falências em catadupa, recessão económica, é para manter. Tudo isso, mais os cortes sociais e tudo o que estamos a sentir no lombo, era preciso para atingirmos os 4,5% de défice, o número mágico que nos ia salvar. Apesar de todos os sacrifícios, de toda a miséria criada, não se chegou lá, longe disso.

Então, o que se faz agora para chegar aos 3% em 2013? Prescreve-se o mesmo medicamento, mas aumenta-se a dose: mantém-se o corte de dois salários aos funcionários públicos, os reformados continuam a ser assaltados (o dinheiro que deixam de receber não é do Estado, é deles) e agora também é retirado um salário líquido aos trabalhadores do sector privado.

NOTA: E, seguindo o mesmo esquema do texto, esqueçamos as sugestões do PR Cavaco Silva (mais sacrifícios devem ser para os que ainda não os suportam), de Freitas do Amaral (defende subida dos impostos para os mais ricos) e de Adriano Moreira (a fome não é um dever constitucional), para não citar dezenas de pensadores descomprometidos e com o pensamento nos portugueses comuns, nos interesses nacionais. Reflectir nas soluções de maior equidade e justiça social, no corte nas gorduras da máquina estatal e nas despesas abusivas, nos observatórios, nas fundações, nas PPPs, nas empresas públicas e autárquicas, no combate à corrupção, à burocracia excessiva e a promiscuidade entre interesses públicos e privados, etc., seria uma utopia que nos aumentaria a frustração deprimente em que já vivemos!!!

Imagem do DN

2 comentários:

A. João Soares disse...

Mais um dado para se compreender melhor o fenómeno do agravamento da austeridade que poupa os privilegiados e agrava os mais explorados:

Juízes vêem as novas medidas como “afronta ao Tribunal Constitucional”

A. João Soares disse...

Mais uma opinião da área ideológica do Governo:

Bagão Félix afirma que Passos deu “machadada final no regime previdencial”