domingo, 20 de janeiro de 2013

Discutir os problemas com verdade e transparência


Transcrição de artigo seguida de NOTA:

Discutir os problemas
Correio da Manhã. 20-01-2013. 1h00. Por: João Vaz, Redactor Principal

Os portugueses enfrentam graves dificuldades. E enquanto o governo põe a economia em recessão e o desemprego a subir, ouvem-se do próprio executivo e das oposições catadupas de soluções abstrusas.

Do FMI ao Bloco de Esquerda, todos vendem soluções e todos acham que as suas propostas deviam suscitar o consenso. Já se inibem quanto à concertação porque na realidade não são capazes de se pôr de acordo sobre quais são os problemas. Os portugueses têm de pensar na sua vida em sociedade.

Temos problemas, há que os identificar e discutir. Todos se lembram de alguma vez terem ouvido os professores ou os pais dizerem que compreender um problema é já meia solução.

Pelo contrário, discutir soluções sem assumir qual é o problema deixa tudo à mercê da manipulação e demagogia. Mesmo uma solução consensual pode não resolver o problema.

Os portugueses sabem que a vida é feita de problemas. Em última análise, só acabam com a morte. Comprar soluções, mesmo que fossem bem estudadas, o que não é o caso do pacote do FMI, não resolve.

Temos mesmo de discutir os problemas e concertar soluções. Empurrá-los para amanhã e depois só aumenta a bola de neve das dificuldades.


NOTA: Definir o problema tem que ser o ponto de partida para a procura de soluções, através do método Pensar antes de decidir ou de qualquer outra metodologia de reconhecida eficácia.

Ao tentar definir o problema é preciso olhar para a realidade, com atenção, sem preconceitos, transparência, de portas e janelas abertas, como propõe Seguro em relação ao debate sobre o futuro de Portugal segundo notícia que refere palavras do líder socialista que devem ser meditadas, sem o preconceito de se simpatizar ou não com o o seu partido. Há verdades universais que não podem ser consideradas asfixiadas por um segmento da sociedade.

O debate de ideias sobre o futuro de Portugal e o esboço de soluções e medidas a implementar não pode ser feito à porta fechada, pois, democraticamente, cada cidadão deve pensar, procurar analisar a situação real e dar opinião. Só sendo estimulado a reflectir sobre o problema real que se pretende resolver, isto é, estado em que isto está, é que se pode exigir dele um voto consciente responsável.

Sem um estudo bem iniciado e bem conduzido com uma metodologia como a que foi atrás referida não se pode criar o Portugal do futuro e as palavras sobre a reforma do Estado podem não passar de um Carnaval de trafulhices, o que está longe das necessidades de Portugal e da grande maioria dos portugueses e nem se acabará com males crónicos e em acelerado agravamento como, por exemplo com a indústria da eutanásia dos velhos.

Os portugueses devem ser estimulados a seguir com curiosidade os debates e a participar da forma possível com as suas opiniões e as suas achegas. A informação válida é indispensável e os jovens não devem imitar os mais idosos quando justificam o seu sentido de voto por pessoas ou factos ocorridos na década de 1970. É preciso votar com responsabilidade e a consciência de que votar é preparar o futuro. Para isso ser possível é preciso estar bem informado. E como estamos habituados a votar em listas de desconhecidos que não cumprem as promessas eleitorais e, frequentemente, não correspondem moralmente ao que deles se esperava, acontece a quantidade de abstenções e de votos em branco, sendo estes uma prova bem clara da falta de confiança em todos os concorrentes, isto é, no sistema «democrático» praticado.

A notícia referente ao PS merece ser meditada, embora com as reservas de que por trás das palavras estão os interesses da luta inter-partidária em que mais alto do que os interesses nacionais, dos portugueses, estão os interesses partidários, a ambição da conquista do poder, para benefício do partido e dos seus «boys» e «girls». Habituaram-nos a isso e não devemos ignorar essas realidades. Por detrás de bonitas palavras podem estar interesses ocultos opostos aos interesses nacionais.

Imagem de arquivo

2 comentários:

Magno disse...

Concordo perfeitamente com o seu cometário quando se refere a interesses escondidos.
Acho que na atualidade o que se pretende é o verdeiro assalto ao poder. Resolver os reais problemas é apenas conversa fiada, dos diferentes quadrantes políticos.
Quanto ao FMI dá o entender que não conhece a realidade portuguesa e as dificuldades dos portugueses, não se concentrando na realidade do problema que se prende com a dificuldade que os investidores tem em Portugal em gerir uma empresa e sustentada ao longo do tempo.
Abraço,
Magno.

A. João Soares disse...

Caro Magno,

Aos poucos, vamos perdendo algumas dúvidas que pudessem existir sobra as incapacidades dos políticos.

Como escrevi no post seguinte: «Seria desejável que os políticos, que mendigam o nosso voto para serem representantes dos cidadãos e, em tal condição, administrarem os interesses nacionais, se mostrassem nos mínimos pormenores, merecedores da nossa confiança. Mas não. Antes pelo contrário. O que eles dizem dos seus pares de partido diferente poderia ser calúnia ou simples maledicência, mas, aos poucos, vamos compreendendo que não dizem tudo.»

Não podemos deixar de dar crédito ao que Marcelo escreveu em PM «Impreparado» ou o que António Barreto disse na entrevista em António Barreto. “Este governo é cobarde”> ou o que disse Eugénio Fonseca em Cáritas acusa Governo de falta de "mestria" para ir buscar dinheiro aos mais ricos>« ou a referência de Eduardo Cintra Torres ao desprezo pelos idosos.

A realidade nacional é mais do que desmotivadora, é desesperante. Não admira que as pessoas com capacidade emigrem à procura de local onde possam fazer render os seus «talentos» (Bíblia. Mt 25,14-30).

Abraço
João