Seria desejável que os políticos, que mendigam o nosso voto para serem representantes dos cidadãos e, em tal condição, administrarem os interesses nacionais, se mostrassem nos mínimos pormenores, merecedores da nossa confiança. Mas não. Antes pelo contrário. O que eles dizem dos seus pares de partido diferente poderia ser calúnia ou simples maledicência, mas, aos poucos, vamos compreendendo que não dizem tudo.
Luís Marques Mendes, no seu artigo Contradições, começando por dar ‘reprimenda’ ao PS, diz, entre outras coisas, que «quem tem telhados de vidro não atira pedras à casa do vizinho». E acrescenta: «Há coisas que alguns políticos não percebem. Falar do País e agir depois contra o interesse do País só mina a credibilidade política. Quando a bota não bate com a perdigota, não há retórica que nos salve. É mesmo suicídio.»
Transcreve-se o seu último parágrafo dirigido ao seu próprio partido:
«3. Está a generalizar-se a moda de os autarcas do PSD começarem a criticar o Governo e a demarcar-se das suas políticas. O objectivo, percebe-se, é o de não serem afectados pelo voto de protesto que seguramente vai existir nas próximas autárquicas. Esta prática é humanamente compreensível. Mas é politicamente perigosa. Se soa a manobra táctica e oportunista, então o feitiço vira-se contra o feiticeiro. Os eleitores gostam de quem age com verticalidade e coragem, não de quem troca convicções por conveniências. Argumento e pretexto são coisas muito diferentes. Até na política.»
Concorrendo para a mesma lição de ética, o artigo Tesoureiros políticos de Armando Marques Pereira diz o seguinte:
«A Justiça espanhola descobriu na Suíça uma conta bancária do tesoureiro do partido que agora está no Governo. Essa conta, que teve 22 milhões de euros, também servia de saco azul para compor os salários dos principais dirigentes.
«As milionárias contas secretas de políticos ibéricos não são exclusivo do outro lado da fronteira. Em Portugal, há pessoas que passaram pelo poder, ou pelas suas franjas, que ostentam fortunas inacreditáveis. Os escândalos do BPN apenas levantam uma ponta do véu. Se os ‘homens da mala’ das estruturas partidárias confessassem o que acontecia ao dinheiro do financiamento político, este país ficava com várias figuras capazes de rivalizar com o tesoureiro espanhol.»
Também José Rodrigues, no seu artigo Fazer como Pilatos coloca em evidência discutível «ética» subjacente à propaganda, promessas, manobra, movida por interesses não confessados. Eis o texto do artigo:
«O debate sobre a dita reforma não podia, de facto, ter começado pior, com a encomenda ao FMI de um relatório que veio cá para fora causando ondas de choque, a realização de uma conferência supostamente aberta à sociedade civil que foi um episódio risível, e a criação de uma comissão parlamentar na qual os partidos da maioria vão ficar a falar sozinhos…
Mas se o Governo cometeu erros atrás de erros, o PS também não se comportou à altura, mostrando-se mais preocupado em antecipar o calendário eleitoral do que em apresentar propostas alternativas concretas. O partido tem razões para não alinhar com o Governo, mas não pode simplesmente colocar-se fora do debate sobre o Estado social enquanto espera que Passos e os seus boys se desgracem de vez. Os tempos não estão para atitudes à Pilatos…»
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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Políticos e a sua «ética»
Posted by A. João Soares at 11:20
Labels: ética, interesse nacional, sentido de Estado, transparência, verdade
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