Transcrição de artigo:
A culpa é do polvo
Correio da Manhã 16-11.2012. Por: Paulo Morais, Professor universitário
A ideia de que os portugueses são responsáveis pela crise, porque andaram a viver acima das suas possibilidades, é um enorme embuste. Esta mentira só é ultrapassada por uma outra. A de que não há alternativa à austeridade, apresentada como um castigo justo, face a hábitos de consumo exagerados. Colossais fraudes. Nem os portugueses merecem castigo, nem a austeridade é inevitável.
Quem viveu muito acima das suas possibilidades nas últimas décadas foi a classe política e os muitos que se alimentaram da enorme manjedoura que é o orçamento do estado. A administração central e local enxameou-se de milhares de "boys", criaram-se institutos inúteis, fundações fraudulentas e empresas municipais fantasma.
A este regabofe juntou-se uma epidemia fatal que é a corrupção. Os exemplos sucederam-se. A Expo 98 transformou uma zona degradada numa nova cidade, gerou mais-valias urbanísticas milionárias, mas no final deu prejuízo. Foi ainda o Euro 2004, e a compra dos submarinos, com pagamento de luvas e corrupção provada, mas só na Alemanha. E foram as vigarices de Isaltino Morais, que nunca mais é preso. A que se juntam os casos de Duarte Lima, do BPN e do BPP, as parcerias público-privadas e mais um rol interminável de crimes que depauperaram o erário público. Todos estes negócios e privilégios concedidos a um polvo que, com os seus tentáculos, se alimenta do dinheiro do povo têm responsáveis conhecidos. E têm como consequência os sacrifícios por que hoje passamos.
Enquanto isto, os portugueses têm vivido muito abaixo do nível médio do europeu, não acima das suas possibilidades. Não devemos pois, enquanto povo, ter remorsos pelo estado das contas públicas. Devemos antes sentir raiva e exigir a eliminação dos privilégios que nos arruínam. Há que renegociar as parcerias público-privadas, rever os juros da dívida pública, extinguir organismos... Restaure-se um mínimo de seriedade e poupar-se-ão milhões. Sem penalizar os cidadãos.
Não é, assim, culpando e castigando o povo pelos erros da sua classe política que se resolve a crise. Resolve-se combatendo as suas causas, o regabofe e a corrupção. Esta sim, é a única alternativa séria à austeridade a que nos querem condenar e ao assalto fiscal que se anuncia.
Imagem de arquivo
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Polvo asfixia contribuintes
Posted by A. João Soares at 15:57
Labels: austeridade, Corrupção, crise, fundações, institutos, polvo, seriedade, verdade
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
11 comentários:
Ver a notícia:
Pagamento de subsídios a boys “é absolutamente imoral”
Por Notícias Ao Minuto em 16-11-2012 às 1211
O Partido Socialista (PS) teceu duras críticas ao Governo na sequência da notícia de que quase 1.500 pessoas nomeadas pelo Executivo receberam subsídio de férias este ano. O deputado José Junqueiro afirma, em declarações à TSF, que “é algo absolutamente imoral” e aponta que “o Governo perdeu completamente o norte e perdeu sobretudo a vergonha”.
O PS não aceita a justificação legal para o pagamento de subsídios de férias a 1.323 nomeados pelo Governo e 131 assessores. Em declarações à TSF, o deputado José Junqueiro afirma que a situação é “absolutamente imoral”.
“O Governo protege os seus.
Enquanto corta os subsídios aos funcionários e aos portugueses em geral, há cerca de 1.500 pessoas nos seus gabinetes e nas suas nomeações que receberam os subsídios de férias. É algo absolutamente imoral, o Governo perdeu completamente o norte e perdeu sobretudo a vergonha”, acusa José Junqueiro aos microfones da TSF.
O deputado socialista foi um dos que questionou o Governo sobre a manutenção do subsídio de férias em mais de mil das nomeações feitas nesta legislatura. Na primeira resposta do Governo enviada ao maior partido da oposição, o Executivo indicava 233 nomeados, mas afinal são 1.323 os nomeados desta legislatura para funções públicas que receberam subsídio de férias em 2012, o que representa uma despesa de 760 mil euros.
Caro João Soares
Na política como na vida não vale tudo. Vale a honra. A dignidade. A verdade. Venha ela de onde vier.
Aqui vai o comunicado do governo em resposta ao que para aí e para aqui se dizia e que foi transcrito num jornal que se dizia estar em processo de venda aos angolanos mas do qual ainda nada se sabe de concreto. Marketing?...
Cumprimentos
GOVERNO LAMENTA E REPUDIA ESPECULAÇÃO SOBRE PAGAMENTOS DE SUBSÍDIOS DE FÉRIAS DE 2011
O gabinete do Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, emitiu um comunicado à imprensa a propósito do artigo publicado no Diário de Notícias, intitulado «Quase 1500 boys receberam subsídio de férias este ano».
Sobre este assunto, o gabinete do Primeiro-Ministro explicou que «após a entrada em vigor da Lei do Orçamento de Estado de 2012, nenhum elemento de gabinetes de membros do Governo ou trabalhador da Administração Pública com remuneração base superior a 1100 euros recebeu subsídio de férias» relativo a 2012.
Assim, «torna-se evidente que considerações ou interpretações que visem atribuir aos dados fornecidos pelo Governo conotações negativas são abusivas», não encontrando correspondência alguma com a realidade dos factos. O gabinete de Passos Coelho «lamenta e repudia as afirmações falsas produzidas neste âmbito», realçando que «o Governo prestou todas as informações relativas ao processamento de subsídios de férias na Administração Pública que foram solicitadas pelo grupo parlamentar do PS».
Afirmando que estas respostas «não omitem quaisquer dados», o comunicado refere que «o Governo se tem pautado por critérios de absoluta transparência» no que a este assunto diz respeito.
Repetindo os esclarecimentos prestados «a fim de se assegurar que a questão em apreço não seja de novo objecto de aproveitamentos indevidos e totalmente desprovidos de fundamento», o comunicado resume o sucedido:
Quanto aos gabinetes de membros do Governo, «foram processadas, nos termos da lei em 2012, as parcelas correspondentes aos subsídios de férias vencidos em 2011 a 131 pessoas, no montante total de 173 902,70 euros».
Também no tocante a estes gabinetes, «e ao abrigo dos n.ºs 1 e 2 do artigo 21.º da Lei do Orçamento de Estado para 2012, foram processados subsídios de férias a 40 pessoas cuja remuneração base vai até 1100 euros, no montante global de 10 030,62 euros».
Ainda no estrito cumprimento da lei, «foram processadas, em 2012, verbas correspondentes a subsídios de férias referentes a acertos, designadamente por cessação de funções na Administração Pública a 5980 funcionários, no montante global de 4 641 035,73 euros».
«Foram acionados subsídios de férias, ao abrigo da relevante legislação, a 95 208 funcionários, no montante global de 32 750 968,22 euros, com remuneração base até 1100 euros mensais».
Por fim, processaram-se, «a 1323 trabalhadores da Administração Pública - direta e indireta - ingressados em 2011, os proporcionais de subsídios de férias vencidos nesse ano, no valor global de 591 495,36 euros».
O comunicado conclui: «Deste grupo em particular, 1231 correspondem a admissões no âmbito do Ministério da Defesa Nacional e das Forças Armadas, sendo inadmissível o rótulo de boys que o jornal lhes atribui».
http://www.portugal.gov.pt/pt/mantenha-se-atualizado/20121116-comunicado-imprensa-subsidios-ferias.aspx
Anónimo,
Depois de tantas promessas, afirmações e «garantias» dos governantes, de decisões que, depois de manifestações e de greves, sofrem «recuos», de desrespeito por leis como a que assegurou os subsídios de férias e de Natal, vem agora o Governo dizer que era preciso respeitar os direitos adquiridos dos seus queridos «boys»!!!
Acha o anónimo, completamente incógnito, que o povo, sofredor e vítima de repetidos abusos, se deixa embalar por argumentos como o que transcreve? Recordo-lhe que, judicialmente, a palavra do réu não faz fé senão quando confessa o crime. Se a testemunha jura não mentir, não é exigido igual juramento ao réu. Deixe-os falar, pois é essa a sua maior ocupação do tempo!!!
Cumprimentos
João
Ler um artigo em que o sentimento expresso está em consonância com a minha forma de pensar e sentir, é uma felicidade nesta manhã de domingo de sol a brilhar.Irrito-me, quando, insistentemente, ouço dizer que andámos a gastar demais... Tanto teria que dizer sobre isso, e, já escrevi um poema(porque é o género que estou neste momento e desenvolver),e muito mais escrevi denunciando a corrupção que se instalou, desde há anos, na classe política predominante.
É pena que a maioria dos cidadãos não o tenham visto atempadamente, e tivessem, ingenuamente,porque acreditaram, o tivessem, repito, permitido.
Meus aplausos ao Professor Paulo Morais por seu importante,inteligente, sensato e honesto artigo - A CULPA É DO POLVO.
Cara Zélia Chamusca,
Infelizmente, neste momento há muita gente descontente com um Governo que durante ano e meio, ao contrário das esperanças de então, ainda nada melhorou, antes pelo contrário, desde o desemprego às empresas que encerram às pessoas que se afundam na pobreza.
É muito significativa a notícia do Público
Há muito mais pobres do que as estatísticas oficiais contabilizam
São justificados os piores receios para o futuro.
Abraço
João
Endividaram-se sem ter em conta o que se adivinhava há muito. Não foram só os políticos. Foi a sociedade em geral com a ideia de que a vida se cosntrói em 2 dias e tudo tinha que vir num repente e à custa de crédito.
E nalgumas instituições pensaram que bastava estarmos na UE que já éramos europeus e ricos. E toca a gastar que esse dinheiro não é nosso. É de um tal governo de Lisboa...
E alguém dizia estarmos no bom caminho. Mas agora é preciso pagar a maldita factura. E como é que se faz? Diz-se que não ou vira-se o bico ao prego e diz-se que Seguro tem o milagre da multiplicação dos euros em escudos freudianos...
Não tem. Nem quer ser governo durante o período da Troika porque não poderá fazer o que diz que faria agora. E nem sequer poderá governar para votos.
Anónimo nada identificado com os cumprimentos de sempre
O anónimo diz muito bem,
O mal não é de agora,vem de algumas décadas, mas agravou-se na década de 90 quando vieram dinheiros da CEE para modernizar os equipamentos da indústria a fim de poder competir em igualdade com a parceira europeia, mas o governo de então, débil e com tabus, deixou que grande parte ficasse nos gabinetes de advogados amigos que serviram de intermediários às empresas candidatas ao subsídio e depois estas gastaram, sem controlo nem supervisão, aquilo que lhes chegou à mão em brutos carros. jipes, grandes casas. piscinas, casacos de pelas para esposas e amantes, e a indústria continuou com as máquinas velhas.
Imagine-se que os governantes desse tempo até criaram um banco de apoio a grandes empresas, o BPN.
O anónimo está bem identificado, pois costuma dar-se a estes devaneios periodicamente.
Cumprimentos
João
Caro Sr. João Soares,
A sua opinião é forte e diz tudo ao não concordar com a opinião de outros mesmo que o blogue aceite, por sua iniciativa, os comentários "anónimos" uma vez que têm IP. Porque quero senão não tinha...
Chama de devaneios a quem possa não concordar parcial ou na totalidade cpm as suas belíssimas conclusões. Próprio de quem tem direito a criticar os outros. Mas o engraçado é que batia tanto no PS, há pouco mais de um ano, e agora socorre-se constantemente do António José Seguro. Cada um é como cada qual. E as actitudes ficam com quem as pratica. Evidentemente!
Cumprimentos
Já aqui expressei por várias vezes que não tenho compromisso com qualquer partido. O meu partido é PORTUGAL. Não critico pessoas nem as elogio, porque não há ninguém sem qualidades e defeitos.
Mas uma coisa é certa, os erros que nos prejudicam são os dos governantes e não os da oposição. A oposição pode ter o mérito de alertar para erros graves e esse alerta, felizmente, tem levado o Governo a reconhecer os erros e a recuar, como aconteceu com vários ministérios recentemente - Finanças, Educação, por exemplo.
Gosto de analisar os problemas sob todos os aspectos, imparcialmente, sem me prender a soluções impensadas. Gosto do método Pensar antes de decidir que garante a escolha da solução mais adequada a qualquer tipo de problema.
Cumprimentos
João
Caro Sr. João Soares,
Pelo que vejo, e como diz ser certo, então o senhor João Soares é um emérito apoiante da oposição. Seja ela qual for. Não é preciso escrever mais nada.
Nós criticamos um lado e o outro olhando o bem comum sem ter palas políticas nos olhos. A partidarite é que tem sido o mal deste país. Não o país dos políticos mas o país do povo que os segue, ora a uns ora a outros,mediante os intersses e nem olham a verdade desde que os governos não lhes ofereçam, irresponsávelmente, tudo o que desejam para si e para os seus pares. E há-os mesmo que, sendo beneficiados em relação a outros, queixam-se muito em causa própria e depois falam em bem comum.
Boa vai ela...
Cumprimentos
Os quase 3500 posts aqui publicados, para quem gostar de ler calmamente e souber analisar traduzem uma linha coerente de amor a Portugal, com independência partidária, e representam uma crítica positiva e construtiva, não se limitando a apontar erros mas a indicar possíveis pistas para uma melhor análise.
O fanatismo por um partido, à imagem do que acontece no futebol, não constitui amor Portugal. Ser patriota é apoiar o que é bem decidido e alertar para os erros a fim de serem reparados rapidamente para evitar grandes estragos.
Se estou errado haja quem me ajude a melhorar esta minha forma de encarar a vida pública.
Cumprimentos
João
Enviar um comentário