Este título foi inspirado pelo 1º parágrafo, que transcrevo, do artigo de José Luís Seixas no Destak, «A revolução de Francisco» e sugiro a leitura do artigo completo.
«Estes últimos dias têm exibido uma Europa em absoluto desnorte, com lideranças a assumir comportamentos e decisões que, à luz do mais elementar bom senso, são incompreensíveis. As controvérsias a propósito do resgate do Chipre são um dramático, mas cristalino, exemplo da ausência de serenidade que paira no Continente e um sério presságio de realidades indesejáveis, mas emergentes.»
Uma outra origem de motivo de reflexão é o artigo do Público, intitulado Disfunção entre classe política e o povo é cada vez maior, diz Jorge Sampaio. Diz que «cada vez menos os cidadãos portugueses se revêem nos seus representantes políticos».
Mas estes alegam que foram eleitos livremente pelos portugueses. Na realidade, as eleições não foram tão livres como parece, porque foram altamente condicionadas, pela propaganda à base de promessas falsas sem possibilidade de virem a ser concretizadas, como se tem provado nos dias seguintes à entrada em funções dos vencedores.
Outro aspecto condicionante consiste em os eleitores terem de escolher entre listas partidárias concorrentes, sem nada conhecerem acerca de cada um dos nomes nelas contidos. Perante a «disfunção» apontada por Jorge Sampaio e aquilo que José Luís Seixas refere de forma geral aos políticos europeus, parece lógico questionar:
Até quando os eleitores continuarão a aceitar ser responsabilizados por votarem às cegas? Quando decidirão passar a votar em branco ou a abster-se, o que lhes é mais cómodo? Talvez que quando os políticos passarem apenas a contar com os seus próprios votos, sintam a cara coberta de vergonha e se decidam a reformar o regime substituindo-o por outro mais verdadeiro, leal e honesto, sem a referida «disfunção».
Já ouvi defender um sistema eleitoral, adaptado de exemplos estrangeiros, que, no essencial, seria: em cada freguesia, cada eleitor escreveria no seu boletim dois nomes de pessoas que considerasse com capacidade para altas funções políticas. Depois a nível Concelhio em reunião dos 5 mais votados nas freguesias, cada um deles escolheria os 3 que achasse melhores. Estes números podem ser diferentes consoante a dimensão demográfica de cada da unidade administrativa. A nível distrital proceder-se-ia de forma semelhante para apurar os eleitos que iriam às finais nacionais de onde sairiam, os deputados da Nação, livremente escolhidos por iniciativa democrática dos eleitores de base.
Assim, haveria democracia e exercício do direito de o povo escolher os seus representantes e mandatários, mais prestigiados nas suas regiões. Outra vantagem, ao contrário de os eleitos serem impostos de entre os jotinhas mais servis do respectivo partido e pouco ou nada conhecerem das realidades do país, é que passaria a haver defensores com conhecimento de causa dos mais recônditos locais do interior. Actualmente o panorama é dramático como diz em poucas palavras José Luís Seixas.
E, se os actuais políticos não puserem de lado as suas ambições pessoais e não fizerem uma reforma eficaz do regime, ela acabará por ser levada a cabo. Não esqueçamos que houve a Revolução Francesa e outras de menor impacto, mas mesmo assim com baixas e destruição de património. Seria de evitar chegar a tal extremo, e a solução está na mão dos detentores do Poder, para o que precisam de ser mais dotados de moral, ética, civismo, sentido de Estado e sentido de responsabilidade.
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