domingo, 17 de março de 2013

PM é prometedor compulsivo


Perante a sucessão de desaires governativos progressivamente agravados e umas previsões para os próximos anos na sequência da espiral recessiva, Passos Coelho, com a sua habitual intenção de criar optimismo e esperança nos portugueses disse que «devemos procurar desmentir as previsões» do Governo, a que preside. Não disse quem é o sujeito de «devemos», mas supõe-se que sejam os governantes, os mesmos autores das previsões. Ele próprio disse que vai trabalhar para evitar que as previsões económicas se concretizem, as tais do seu Governo (mas ele não se passou para a oposição!!!).

Essa sua intenção começou por gerar em mim um efeito afrodisíaco, de estupefaciente, de incentivo à confiança no homem do leme.

Mas depressa, acordei dessa queda na letargia e me recordei que em 14 de Agosto (aniversário da batalha de Aljubarrota) último, Passos anuncia o fim da recessão em 2013, ideia de falsa propaganda que, poucos dias depois, foi evidenciada como absolutamente lunática ou utópica e hoje, passado pouco mais de meio ano, com sucessivas previsões falhadas e substituídas por outras mais pessimistas ou realistas, já não se repudia o conceito de «espiral recessiva» e de esperar que a recessão termine só para o próximo Governo. E, apesar de o seu Governo ser o autor das previsões, ele desdramatiza de forma incompreensível que “Previsões são apenas previsões”, o que significa que o médico deste doente, depois de receitar o mesmo remédio que agravou a doença e que, por isso, não a pode curar, não consegue optar por outra terapia menos danosa, mas reconhece que nem imagina sequer quando o doente recuperará, se é que algum dia conseguirá melhorar.

Entretanto, pessoas observadoras atentas dizem que as "coisas vão de mal a pior" e outras admitem que primavera é tempo de ruturas e outras fazem prognósticos menos optimistas. Do seu próprio partido sai a notícia de quem defende demissão do Governo.

Senhor primeiro-ministro, os portugueses não precisam da continuação dos seus anúncios de boas intenções, ideias, promessas e «planos» que conhecem há quase dois anos sem a mínima repercussão na melhoria das suas vidas (fome, desemprego, saúde, escolas, segurança, etc); eles ficariam mais motivados para aguentar se vissem efeitos positivos dos sacrifícios já sofridos, se vissem que valeu a pena, mas os números conhecidos produzem um efeito contrário, demasiado depressivo. Como não lhes pode mostrar os resultados positivos que desejam, não tente embriagá-los mais, com fantasias que não consegue concretizar. Procure colocar no terreno as promessas que faz desde há mais de dois anos, quando ainda andava à caça dos nossos votos.

E quando decidir falar em público, procure explicar claramente, para ser compreendido pelos mais sacrificados, como podemos ter esperança em tempos melhores, como podemos acreditar que os governantes que têm apertado os nossos cinto,s dia após dia, sejam agora capazes de agir com mais realismo e eficácia, para melhorar as vidas das pessoas mais carentes de meios de subsistência.

Imagem de arquivo

9 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro João Soares

Por mais estranho que seja, acredito piamente que a recessão vai acabar este ano. Não por força do sucesso, mas por força da bancarrota.

A. João Soares disse...

Caro Fernando Vouga,

Esta sua profecia, parece a de um tipo que dizia que irão desaparecer pobres, desempregados e reformados, que são um peso no orçamento do Estado e a receita será a eutanásia por imposição.
Admiro-me como há quem pretenda aumentar a natalidade. Para quê? só se for para darmos mais emigrantes para o mundo...

Abraço
João

Anónimo disse...

Caro João Soares,
Passos está a travar um duelo mortal contra o marasmo e as dívidas que o país contraiu em tempos em que se poderia ter dado a volta com uma dor mais suave e com uma cura possível e muito mais rápida. Este empréstimo não chega para nada, uma vez que a economia interna não reage e não há um aumento substancial do consumo interno. E as exportações apesar de terem subido e estarem mais ao menos estabelizadas estão longe de garantirem mais empregabilidade. E continuamos a importar demasiado. Não há fiscalização séria à fuga aos impostos, como sempre, e o mercado paralelo continua em alta.
Não há uma boa comunicação dos estímulos ao desemprego nem os desempregados arriscam o autoemprego aglutinando todo o subsídio a que têm direito. Aguardam até morrerem na praia. A banca atrvessa momentos muito difíceis e a rebentar de crédito mal parado. As instituições do estado vivem com orçamentos menores e preve-se ainda um corte substancial. Os funcionários públicos deverão passar ao regime geral da Segurança Social no que diz respeito à reforma. Os cortes das pensões irão continuar em valores superiores a 1300€ com a taxa de solidariedade. Os vencimentos acima dos 1500€ também manterão os cortes. Quem tem a vida mais estável não está a consumir, praticamente, para lá do essencial. O aumento das contas a prazo nos bancos é disso sinal. O crédito mal parado entre empresas é enorme e cria um regime de falências de efeito dominó enfiando os empregados no desemprego. Os capitalistas continuam a colocar o seu dinheiro lá fora. Algures onde tenham uma boa taxa e lhes garanta mais segurança.
Falta uma política orientada para a criação de riquesa interna e controle do que vem de fora. A UE está em total crise e não se sabe como isto vai acabar. Portugal há muito que é refém do exterior e depois do pedido de ajuda externa por falência do país a coisa é controlada ao milímetro pelos credores. Em breve vamos começar a desembolsar os juros em enormes pagamentos aos credores. (...)

Anónimo disse...

(...) A desordem pública é diária e a criminalidade é muita e pouco participada às autoridades por descrença no sistema e assim camufula os números reais.
Deveria de ter havido um corte na despesa pública, em todos os sectores, ao mesmo tempo que se teria de ter dado início a uma acção directiva/informativa em diversos parâmetros de criação de riquesa virados à agricultura, às pescas e a outros sectores primordiais na produção nacional.
O MF faz aquilo que pode como mandar cortar e cobrar impostos porque não tem margem de manobra monetária. O Tesouro português, através da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), vai lançar no segundo trimestre deste ano novos produtos para captar a poupança das famílias. O governo na quarta-feira que vem, vai fazer dois leilões de Bilhetes do Tesouro a 3 e 18 meses, num total de 1.250 a 1.500 milhões de euros. É a terceira vez que o país vai aos mercados este ano e o Governo está já a preparar o terreno para emitir dívida de longo prazo. Penso que a dez anos.
A situação é delicada e por isso temos de ser coerentes no exercício da nossa cidadania como aquilo que são os impostos do que compramos. pequenas coisas como exigir factura são grandes coisas. Não sei se suficientes mas é preciso mudar a mentalidade de que o tuga é esperto porque foje ao fisco e os que pagam são burros. E sem dinheiro a entrar os cortes terão de se aecntuar nomeadamente nas qustões sociais. Por isso eu fazia questão da associação de autismo de que fazia parte em Braga tivesse avançado rapidamente e em força nos anos de 2005/06 a fim de benficiar dos muitos QREN -Quadro de Referência Estratégica Nacional. O que acho que cada vez é mais difícil e cada vez se acumlam mais pedidos. (...)

Anónimo disse...

(...) A UE está descapitalizada e o BCE só teria uma solução; emitir mais dinheiro e baixar a quotação. Mas isso não me parece viável porque há países contra.
Para podermos realmente controlar o país creio que só fora da UE. Foi pena não se ter avaliado bem essa posição quando do anúncio e da negociação do crédito externo. Lembro, no entanto, que a Grécia beneficiou em larga medida de vários e grossos perdões de dívida aos credores. E nós, com a crise grega, também fomos um dos países prejudicados. Mais do que por aí se pensa.
Continuaremos a ter dias muito difíceis. Mas não acredito, tal como a grande maioria do povo português, que outros actores do quadro político institucional nacional tivesse feito melhor do que Passos.
E casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão. isso é o pior que pode acontecer num país em crise e o governo tem exitado e mudado algumas decisões por causa do pequeno parceiro do governo o que faz com que as decisões seguintes sejam mais gravosas. E falta saber o que o Tribunal Constitucional dirá sobre o corte dos subsídios. A coisa poderá ficar mais feia se a decisão for a que muitos pedem; o pagamento integral dos subsídios. Passos não é desonesto e tem tido carácter num país onde já ninguém acredita em nada nem em ninguém. Não terá tarefa fácil como não teve até aqui. 2014 será altura de pedirmos mais um empréstimo ou um perdão parcial de dívida? Ou as duas coisas? O problema, como disse atrás, é que a UE tem várias frentes em igual situação e com países como a Itália, a Espanha e a própria França a entrar em caminhos semlehantes. A Inglaterra pode fugir do euro quando entender se o entender pois a sua situação está também muito difícil. Mas tem moeda própria. Veremos...

Desculpe este lençól.

Um abraço e boa semana
MR

A. João Soares disse...

Caro Mário Relvas,

Esta é uma defesa forte de quem há 20 meses não tem acertado correctamente na bola e tem deixado que as vidas das pessoas tenha piorado gravemente. Teimou na austeridade que depois agravou , de onde resulta a quebra no poder de compra, encerramento de empresa e desemprego e nada tem sido explicado às pessoas. As PESSOAS têm sido ignoradas pelo teimoso e arrogante PM. Poderá ser honesto, mas isso não basta para fazer frente à gravidade da situação. Os cúmplices e coniventes continuam a mamar insistentemente no erário, sem terem mostrado a mínima utilidade nos tachos que existiam e outros que têm sido criados.

E, apesar das maiores esperanças de negócio das agências funerárias, ele continua a falar de fantasiosas ideias e maravilhas que como as que vem propagando, desde há dois anos, irão ficar pela virtualidade da sua (dele) imaginação, como tem sido hábito.

Há críticas claras de pessoas respeitáveis da área dos partidos da coligação. Parece que a melhor solução é encomendar previamente o caixão que cada um terá que utilizar em breve, a não ser que seja enterrado embrulhado num lençol que a família ainda tenha.

Não é momento para grandes filosofias a desculpar o indesculpável. E não devemos culpar a população, pois essa é o que é e os governantes devem governar para ela, como manda a doutrina da «ciência» política.

Cumprimentos
João

A. João Soares disse...

Na sequência dos comentários anteriores, vale a pena ler:

Marcelo: Vítor Gaspar perdeu credibilidade, “parece um astrólogo”

Mas há outros elementos do Governo que merecem tal reparo e falham sempre. Não garantem a mínima esperança no futuro próximo e distante

Anónimo disse...

Caro João Soares,

Não é uma defesa forte de coisa nenhuma. A realidade nacional e europeia é esta. Muito difícil. E aquilo porque estamos a passar foi negociado pelo governo anterior com a troika. Está no memorando. Governo esse que nos conduziu ao descalabro. Quando não há dinheiro todos ralham e ninguém tem razão. Seguro está a ser demasiado populista nas afirmações que faz. Não faria de outra forma. Teria de ir buscar o dinheiro de uma forma ou de outra aos contribuintes. Veja-se Hollande na França cujo país está falido e terá de implementar cada vez mais medidas duras de corte na despesa.
Quanto a Marcelo faz parte do naipe de comentadores de serviço que nunca fizeram nada pelo país porque nunca se conseguiram afirmar na política activa. Dispara em todas as direcções. É para esse espectáculo que lhe pagam a ele e a outros. Teixeira dos Santos foi mais certeiro do que Gaspar... por isso andamos a contar os cêntimos...

Cumpts

A. João Soares disse...

Caro Mário Relvas,

Há um velho ditado que diz «enquanto há vida há esperança». Mas se ficarmos de braços cruzados, aceitando tudo como se isso fosse irremediável, acomodados à espera que a sorte nos caia no prato, então isso não é VIDA e não há esperança.

E a solução que está a ser praticada não é única nem a melhor, não é socialmente justa.

Recebi por e-mail estas alternativas:

Querem melhor receita para sobrevivermos a 2013 ?!...

PROPOSTAS DE ALTERNATIVA à austeridade, que tudo está a mirrar, isto no que toca a CORTE DE DESPESA nas ditas gorduras.
Por isso:
- Reduzam 50% do Orçamento da Assembleia da República e vão poupar +- 43.000.000,00€
- Reduzam 50% do Orçamento da Presidência da República e vão poupar +- 7.600.000,00€
- Cortem as Subvenções Vitalícias aos Políticos deputados e vão poupar +- 8.000.000,00€
- Cortem 30% nos vencimentos e outras mordomias dos políticos, seus assessores, secretários e companhia e vão poupar +- 2.000.000.00€
- Cortem 50% das subvenções estatais aos partidos políticos e pouparão +- 40.000.000,00€.
- Cortem, com rigor, os apoios às Fundações e bem assim os benefícios fiscais às mesmas e irão poupar +- 500.000.000,00€.
- Reduzam, em média, 1,5 Vereador por cada Câmara e irão poupar +- 13.000.000,00€
- Renegociem, a sério, as famosas Parcerias Público Privadas e as Rendas Energéticas e pouparão + 1.500.000.000,00€.

Só aqui nestas “coisitas”, o país reduz a despesa em mais de 2 MIL e CEM MILHÕES de Euros.

Mas nas receitas também se pode melhorar e muito a sua cobrança.
- Combatam eficazmente a tão desenvolvida ECONOMIA PARALELA e as Receitas aumentarão mais de 10.000.000.000,00€
- Procurem e realizem o dinheiro que foi metido no BPN e encontrarão mais de 9.000.000.000,00€
- Vendam 200 das tais 238 viaturas de luxo do parque do Estado e as receitas aumentarão +- 5.000.000,00€
- Façam o mesmo a 308 automóveis das Câmaras, 1 por cada uma, e as receitas aumentarão +- 3.000.000,00€.
- Fundam a CP com a Refer e outras empresas do grupo e ainda com a Soflusa e pouparão em Administrações +- 7.000.000,00€

Nestas “coisitas” as receitas aumentarão cerca de VINTE MIL MILHÕES DE EUROS, sendo certo que não se fazem contas à redução das despesas com combustíveis, telemóveis e outras mordomias, por força da venda das viaturas, valores esses que não são desprezíveis.
Sendo assim, é ou não possível, reduzir o défice, reduzir a dívida pública, injectar liquidez na economia, para que o país volte a funcionar?

Há ou não Há alternativas?