terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

ALGUMAS REFLEXÕES COM ACTUALIDADE

Algumas reflexões sobre a actualidade nacional

Sinto prazer em descobrir contradições, incoerências, coincidências espontâneas, etc. sendo a sua descoberta um exercício mental estimulante. Hoje, ainda o sol, vinha para lá dos montes, mais precisamente, para além das chaminés, já tinha inserido num comentário ao post de um colega blogger o seguinte alerta:

«ao escrever aqui, qualquer artigo ou opinião, devemos ter presente que vamos ser lidos pelo Mundo, por terras de todos os continentes e não devemos contrariar ou prejudicar as tácticas positivas da nossa diplomacia e a publicidade dos exportadores. Mas, aos nossos emigrantes digo que isto por cá não é mau. Nós estamos cá e continuaremos, apesar das imperfeições que estamos a tentar melhorar. Cada um de nós é accionista desta empresa chamada Portugal e estamos interessados no seu desenvolvimento, tudo devendo fazer para isso, cada um com as suas capacidades, com calma e perseverança, e quando necessário, com alguma dureza.»

Pouco depois de ter martelado isto no teclado, abri, como faço diariamente, dois jornais on-line onde encontrei dois temas muito interessantes para mostrar aos nossos emigrantes a atractividade do nosso País em qualidade de vida e segurança, além dos temas ultimamente muito debatidos relacionados com o Serviço Nacional de Saúde

Somos um País em que muitas pessoas ganham muito bem. Segundo o DN: «Os rendimentos do trabalho dependente de Vítor Constâncio totalizaram os 280 889,91 euros em 2005. Neste ano, só em aplicações financeiras e contas bancárias, o governador do Banco de Portugal declarou um montante global de 570 454 euros. Estes são alguns dos números que se podem retirar da declaração que o governador do banco central entregou no Tribunal Constitucional (TC), relativas aos anos de 2005 e 2004, e que o DN consultou.

Vítor Constâncio é ainda titular, nalguns casos a meias com a sua mulher, de uma habitação em Oeiras, 25% de um outro apartamento e de quatro prédios urbanos na zona de Estremoz. Em comparação com 2004, a situação económica do governador não se alterou significativamente: ganhou nessa altura 272 628,08 euros, não tendo modificado a carteira patrimonial ao nível imobiliário»(...). Mas há muitos outros a receberem várias pensões de reforma, em acumulação, somando muitos milhares de euros, sendo alguns ministros e administradores de empresas públicas. Houve um privilegiado que por se despedir de uma empresa pública, por sua iniciativa ficou a receber até conseguir outro emprego um batelada equivalente a umas centenas de salários mínimos. É um maná ser-se funcionário superior da CGD, da GALP, da EDP, da PT, etc. Mas, apesar de tudo isto, há uns maldizentes que afirmam que se vive mal e se perde poder de compra! Mas o que é certo é que ninguém tem culpa de não terem seguido com «dedicação» e «competência» a carreira política !!!

Outro aspecto muito positivo que hoje vem nos jornais é o melhor funcionamento dos tribunais, tendo o ministro garantido que o "monstro" que ameaçava a justiça está a emagrecer, referindo-se à diminuição do número de processos judiciais pendentes nos tribunais. O primeiro ministro José Sócrates considerou aquele emagrecimento "absolutamente extraordinário", uma vez que representa, pela primeira vez numa década, a inversão do crescimento.
No entanto os juízes vêem estas afirmações optimistas com muito desdém

Para esta redução dos processos pendentes, houve medidas muito significativas, pois uma lei recente transformou muitas contravenções em contraordenações do que resulta aliviarem os tribunais e serem resolvidas pelos canais administrativos, por deixarem de ser crime, caso que abrange, por exemplo, os cheques sem cobertura até um valor relativamente elevado. No próximo ano as estatísticas serão ainda mais optimistas, porque a corrupção não está ser atacada como fora proposto por Cravinho e o povo não é contra ela.
Também a despenalização do aborto até às dez semanas aliviará em muito os tribunais e já há pressões para as mulheres que o façam depois das dez semanas
não serem chamadas a tribunal. Muito aliviados irão ficar os tribunais, e mais ainda se a despenalização abranger a morte dos recém nascidos e, a seguir dos menores de xis anos, ou, porque não? dos homicídios independentemente da idade. A solução mais eficiente e a justificar o entusiasmo do ministro e do Governo seria deixar de considerar crime qualquer acto menos tradicional!!!

País de brandos costumes? Ou de minhocas ou lesmas, que bebem todas as palavras dos ministros sem as submeterem a um raciocínio crítico? Porque havemos de acreditar piamente nas patranhas que nos impingem a cada momento? Mas parece estarmos a sair da modorra, a acordar para as realidades. Lia-se no Destak de hoje, «segundo um inquérito das Selecções do Reader’s Digest (...) o estudo Marcas de Confiança 2007 revela que 97% dos 1228 leitores inquiridos não depositam qualquer confiança nos políticos» os quais estão no topo da tabela, seguido-se os vendedores de automóveis com 93%, e ficando os juízes com 38%.
Já era notória a falta de confiança sobre estes homens que nos mentem descaradamente com promessas e afirmações incríveis como se pensassem que só eles têm neurónios, mas estes números falam por si. E, se para os políticos os seus números são credíveis, para nos convencerem, nós acreditamos mais nestes do Reader’s Digest.

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INADMISSÍVEL...INTOLERÁVEL...PUNÍVEL...

Recebi por e-mail reenviado por uma amiga de respeitável idoneidade, com o espanto de quem teve dificuldade em compreender. Porém, os nomes do aluno e do professor dão aspecto de verosimilhança. Não sou jornalista para ir averiguar as fontes, mas espero que os visitantes possam dar algum esclarecimento desta situação anómala.

Colegas e alunos,

No dia 28 de Junho de 2004 na sala 133 do Colégio Luís António Verney

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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

SAÚDE. PODER APARENTE, RUINA IMINENTE

O ministro prepotente, reputado competente, mas insensível às necessidades da população doente argumentava ser preciso as pessoas compreenderem as reformas propostas, após a douta análise da Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação de Urgências (CTAPRU), cujo relatório estranhamente, parece ter um erro por ter havido de troca dos pés pelas mãos, o que em assunto da Saúde parece muito grave!

O ministro não tem tido coragem de um diálogo prévio e preparatório com os autarcas e sectores representativos das bases populacionais, talvez por não ter a certeza de conseguir argumentos demonstrativos da bondade (para a população) das suas soluções economicistas. Segundo ele, a mensagem de reforço da qualidade, da equidade e da segurança é a única mensagem que deve ser transmitida com perseverança. Mas ele não a transmitiu. O povo não foi informado e esclarecido. Efectivamente, parece que SAP a SAP o ministro da Saúde nos vai roubando a interioridade. Parece que urgência a urgência, maternidade a maternidade, Correia de Campos vai transformando este país numa faixa estreita de gente amontoada junto ao litoral.

O ministro tem a reputação de ser uma das pessoas tecnicamente mais bem qualificadas no país em matéria de gestão da saúde. Há um ditado «cria fama e põe-te a dormir». Na realidade, nem sempre a competência técnica é acompanhada pelo perfil político necessário para o exercício de uma função de Governo.

Mas, depois de tanta arrogância e prepotência, na «venda da verdade absoluta», de repente a palavra "diálogo" passou a ser proferida com insistência pelo ministro da Saúde, por incumbência do PM, Correia de Campos, o homem que há poucos dias garantia não dialogar com populações em protesto nas ruas, foi mandatado por José Sócrates para apaziguar os ânimos das populações exasperadas, um pouco por todo o País, com o encerramento de 15 urgências hospitalares de norte a sul, enalteceu ontem as virtudes do diálogo numa visita-relâmpago ao hospital distrital do Montijo
- um dos concelhos (de maioria PS) onde o descontentamento tem sido maior. Para vários deputados e dirigentes federativos socialistas, o diálogo devia até ter começado mais cedo. Mesmo o líder distrital do PS/Porto - para quem "por princípio, o Governo PS tem sempre razão" - não esconde uma visão crítica. "O ministro da Saúde podia ter sido mais célere a resolver os problemas e a tomar decisões políticas".

Além de todo este imbróglio, o Sr ministro deu-se ao luxo de dizer uma gracinha de mau gosto a propósito dos mortos em acidentes rodoviários. Por anedota semelhante relativa ao alumínio na água utilizada pela hemodiálise no hospital de Évora foi demitido há cerca de 10 anos o ministro do Ambiente. E agora, este? Quanto mais tempo continua a impor aos doentes de Portugal a sua prepotência arrogante? Há quem pense que o primeiro-ministro não encontra nas hostes do PS pessoa menos má, para este cargo!

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domingo, 25 de fevereiro de 2007

DIFICULDADES DA JUSTIÇA

Em complemento e apoio da NOTA incluída no post que versava a referência de um jurista às palavras do CEMFA, transcreve-se o artigo seguinte:

PGR diz que corrupção não é punida pelo povo
Paula Carmo, DN, 070225

O procurador-geral da República, Fernando Pinto Monteiro, colocou ontem, mais uma vez, a tónica no combate à corrupção em Portugal, uma vez que entende haver "determinados tipos de ilícitos que não são punidos pela consciência moral do povo".

Ao intervir, em Coimbra, numa aula do 10.º curso de pós-graduação em Direito Penal Económico - precisamente na sala onde se licenciou na faculdade de Direito coimbrã -, Pinto Monteiro recordou as suas raízes beirãs para exemplificar o problema da corrupção: "Quem, como eu, nasceu perto da raia, sabe que o crime de contrabando não era censurado por ninguém. O contrabandista era um homem simpático, agradável, a quem toda a gente pedia favores."

Durante a conferência intitulada "Comunicação Social e Ministério Público", o procurador-geral da República (PGR) atribuiu um papel preponderante aos jornalistas na denúncia pública dos casos mais gritantes. Contudo, admitiu que tal aumenta a pressão sobre os magistrados do Ministério Público. E exemplificou com a actual investigação à Câmara de Lisboa: "Se a câmara cair, cria-se uma pressão política sobre o Ministério Público. Se nas eleições seguintes ganhar outro partido, ir-se-á especular que a Procuradoria está a beneficiar determinada força política."

Reportando-se à relação entre a comunicação social e a vida judiciária, Pinto Monteiro não esqueceu os conflitos que daí surgem: "A liberdade de imprensa é um direito fundamental. O problema que se põe é o das suas limitações, a colisão entre o valor que é a liberdade de imprensa e os valores jurídico-penais pessoais (honra, dignidade, direito à privacidade). Tudo isto gera uma conflitualidade que hoje está na moda." Sobre a eventual contratação de assessores de imprensa nos tribunais portugueses, Pinto Monteiro colocou o acento tónico na poupança: "Não haveria dinheiro para ter mais de mil assessores espalhados pelo país."

Perante uma audiência onde abundavam professores de Direito, o PGR não se furtou a abordar os "problemas complicadíssimos" do segredo de justiça. "O Direito não acompanha facilmente a vida. O tempo dos tribunais e os das notícias é completamente diferente", alertou, embora rejeitando o aumento das penas para quem o viole. O magistrado defendeu, isso sim, a diminuição do número de processos abrangidos pelo segredo de justiça, para evitar que continue a ser "violado de forma impune".

Pinto Monteiro não deixou de notar, ainda, que os tribunais não estão preparados para os holofotes da mediatização. "A imprensa influencia muitas vezes a sentença dos tribunais. Não deveria ser assim, mas a justiça não é uma ciência exacta. O direito a informar é sagrado mas até onde vai? Eu próprio não tenho a certeza", disse.


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SORO PROVOCA INFECÇÃO

Lamento não poder dar aqui uma palavra de optimismo, mas este não parece ser abundante na nossa sociedade. Fiquei impressionado com a os riscos que a nossa saúde está a correr. No Correio da Manhã de ontem era noticiado que «Onze marcas de soro fisiológico para lavagem das fossas nasais estão a ser retiradas do mercado por poderem provocar infecções aos utilizadores. A ordem partiu do Infarmed – Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento, que detectou uma concentração de bactérias demasiado elevada nos produtos analisados». No corpo do artigo vinham marcas de vários estabelecimentos de grande superfície que, por legislação do actual ministério, estão autorizados a vender produtos para a saúde.

Estranho a incoerência do ministro. Por um lado apoiou que os abortos por uma questão de higiene e segurança deixassem de ser feitos às escondidas no escuro de caves e garagens e passassem a ser praticados em clínicas com boas condições sanitárias. Com isso beneficia as abortantes e principalmente as clínicas que já então se propunham realizar esses complexos trabalhos. Mas, por outro lado, não hesitou em permitir a venda de medicamentos em supermercados. Fê-lo apenas movido por raiva contra as farmácias e à Associação Nacional de Farmácias, a quem o Estado devia avultada quantia.

As farmácias que conheço são cuidadosas naquilo que vendem e nas explicações que dispensam aos clientes, geralmente pessoas em situação debilitada que merecem atenções especiais, competentes e personalizadas. A sua rede permite encontrar sempre uma perto de casa e uma de serviço permanente a curta distância. Uma farmácia em que compramos artigos de alta especialização para a saúde, não se coaduna com o ambiente de supermercado, mesmo que neste exista um espaço em que funcione uma farmácia com todos os requisitos tradicionais. Mas estes requisitos prece estarem aligeirados, como tudo nas grandes superfícies.

Oxalá não apareçam muitos casos como este que, felizmente, segundo a notícia ainda não provocou crise generalizada. Merece elogios a actuação do Infarmed e esperamos que a sua atenção seja redobrada a fim de a má qualidade dos medicamentos em que depositamos a esperança de minorar os nossos males, seja detectada e evitada para que eles sejam realmente eficientes e não venham, pelo contrário, agravar as nossas condições de doença. Temos esperança neste Instituto para bem do tratamento das nossas doenças, mas não a temos no arrogante ministro, que se considera o único «inteligente» do Pais e faz zigue-zague com os dinheiros públicos, criando cada vez mais dificuldades aos doentes em vez de lhes melhorar as condições de tratamento, sendo de estranhar que ainda continue no Governo, apesar de ser duramente criticado até por dirigentes da máquina do partido no poder.

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sábado, 24 de fevereiro de 2007

JUÍZES NERVOSOS E BARALHADOS

De artigo em jornal de 24 de Fevereiro

O general Luís Araújo - segundo o DN - respondeu que "não há juízes civis no campo de batalha" e especificou que a acção de comando das chefias militares "exige autoridade". Dava conta também de que a Força Aérea vai recorrer da decisão judicial do Administrativo de Sintra, num caso que remonta ao chamado "passeio do descontentamento", que levou centenas de militares à rua em protesto a 23 de Novembro, em Lisboa.

Bernardo Colaço, procurador-geral-adjunto no Supremo Tribunal de Justiça, entende, no entanto, em declarações ao JN, que as palavras de Luís Araújo "atingem a credibilidade da Justiça". Para o jurista, que há muito acompanha as questões ligadas ao associativismo militar e policial, "se essas palavras fossem proferidas por um cidadão comum ainda se percebia, mas quem as disse foi o chefe de Estado-Maior da Força Aérea.

É uma das mais altas patentes das chefias militares". Para o procurador, as palavras do general Luís Araújo "ofendem os valores de Justiça, os fundamentos do Estado de Direito democrático" e salienta que "não se inserem no espírito da Constituição da República".

NOTA: Os senhores juízes parecem demasiado nervosos e baralhados à procura de um bode expiatório pra as suas deficiências corporativas. A credibilidade da Justiça não nasce das palavras de alguém alheio a esta, mas sim dos seus principais agentes.
Basta dar uma vista de olhos às notícias que nos têm chegado via Comunicação Social para ver os contributos de juízes que "atingem a credibilidade da Justiça". Um ilustre Juiz em altas funções foi detectado a mais de 200Km/h em viagem do Algarve para Lisboa; no célebre processo da Casa Pia, houve declarações públicas incoerentes; no caso do «sequestro» de uma criança por um sargento do Exército, também foram contraditórias as declarações de juristas que emitiram opiniões públicas; sempre que de um recurso resulta alteração da sentença anterior, pode, de certo modo, concluir-se que os juízes são falíveis como qualquer mortal; as declarações contraditórias de vários juízes sobre as penalizações dos subscritores de um pedido de habeas corpus atingiram, sem dúvida, a credibilidade dos juristas .
Portanto, o Sr. jurista Bernardo Colaço, ao referir-se ao general, esqueceu que o povo tem alguma memória, principalmente quando se trata de coisas que afectam a vida do conjunto dos cidadãos. A credibilidade para ser merecida e mantida exige serenidade, coerência e cultura da excelência em todos os actos quotidianos.
Qual será a decisão sobre o recurso interposto pela Força Aérea da decisão judicial do Administrativo de Sintra?

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ÍDOLOS OU ANTI-ÍDOLOS NO MUNDO

O texto seguinte faz parte de um comentário a «Salazar alvo de ódio...» e, pela sua estrutura e objectividade, embora polémico, merece um espaço mais visível do que o de simples comentário. É um documento útil para os interessados na história recente.

Bestiais ou Bestas?
A realidade por detrás do mito.

Idos de 1974 e Portugal vivia uma revolução, que todos bem conhecemos. Decorria o “Verão quente de 75”. Uma revolução que poderia constar dos melhores livros de história mundial, não fosse o facto de o aclamado “criador” ou “construtor” da revolta, Otelo Saraiva de Carvalho, encalhar num pequeníssimo “azar”, diga-mos “inconveniente” com a descoberta e eliminação da “sua” FP25 (ou esquadrão de morte) e talvez Portugal tivesse conseguido uma revolução “à séria”, seguida de uma ditadura militar ou uma guerra civil que durasse anos. E ainda se aclama salvador, salvador uma “ova”. Uma tentativa frustrada foi tudo o que restou e milhares de anos de processos em tribunais militares.

Anos antes já outros teriam tentado a mesma proeza num ou noutro país. Mas houve um em especial que ainda hoje é recordado. E que recordações deverão as gerações guardar?

Nascido nos anos 20, filho de uma família pobre. Formou-se em medicina. Decidiu um dia que queria mudar o continente em que vivia, iniciou a sua viagem, uma viagem épica como referem alguns autores, para mim trata-se de um episódio da sua vida demasiadamente romantizado. Um idealista ferrenho das suas convicções e sobre as quais iria criar a sua pedra basilar do primeiro ao ultimo minuto da sua vida. Iniciou a uma revolução num país que não era o dele. “Tornou-se militar por necessidade” segundo demonstra a sua biografia, quando o amigo precisou ele decidiu trocar o estojo médico pela arma. “…Por necessidade”, quem não quer ser lobo não lhe veste a pele. Conseguiu o seu primordial objectivo, conseguiu derrubar a ditadura que se impunha nesse mesmo país e derrotou os “opressores do povo”.

Durante a sua luta pela derrota dos opressores liderou milhares, quando apenas começara como guerrilheiro e com apenas 56 homens. Liderou milhares, torturou, assassinou, mutilou milhares, executando milhares de pobres almas que se interpuseram no seu caminho para a ascensão ao poder. A ignorância mais uma vez liderou uma revolução. As atrocidades cometidas por este “líder” e seus apoiantes nesta guerra fazem o livro “A Arte da guerra” do chinês Sun Tzu parecer um livro para crianças.

Liderou uma revolução e ascendeu ao poder, não se conformou com toda esta situação decidiu tentar a sorte em mais três países diferentes, um dos quais fora do continente que tanto ambicionava unir. Existe um ditado Árabe que diz “A ignorância é vizinha da maldade”.

Também os seus “irmãos” e “mentores” de ideologia de outros países conseguiram o mesmo número de atrocidades. Na altura decorria a guerra-fria, com a sua famosa “cortina de ferro” que separa as duas principais ideologias políticas, que iriam modificar o mundo para sempre.

Lenine em 1921, na URSS, posteriormente Rússia; proibiu a ajuda aos famintos, na sua incessante luta contra a igreja ortodoxa. Morreram seis milhões de pessoas. Anos antes a Gulag (espécie de limpeza étnica) matou milhões na Ucrânia, número que nunca será preciso devido ao número de cadáveres que ficaram por descobrir e por identificar. Em 1891 Lenine havia declarado que “ a fome tem várias consequências positivas… A fome destrói a fé não somente no Czar, mas também em deus.”

Crimes que só foram denunciados a partir de 1957. Com Estaline o número triplicou. O número estabilizou em vinte milhões de almas. A Sibéria também foi um campo de concentração e trabalhos forçados.

Mao Tse Tung na China, ordenou a invasão do Tibete onde morreram um milhão de Tibetanos, alguns dos quais enterrados vivos. O seu projecto económico alteraria profundamente a agricultura. Dez milhões de chineses não resistiram há falta de alimento. Ascendendo ao impressionante número de sessenta e três milhões de seres humanos. Número que ainda hoje continua a aumentar

Guerra civil Espanhola, um grupo de homens liderados por Angel Ciutat, ficaram famosos por torturar, esquartejar e matar padres durante a guerra.

Polónia, em 1956, uma multidão que gritava “pão e liberdade” foi brutalmente reprimida. Milhares pereceram à lei da bala.

Hungria, em 1956, uma revolução anti-totalitária leva há morte de três mil pessoas e duzentos mil refugiados.

King II Sung, Correia do norte executou o maior expurgo interno, quinhentas mil pessoas morreram, nesta sua demanda pela estabilidade do país.

Tito, na Jugoslávia. Enver Hoxa na Albânia. Ceaucescu na Roménia, Krushev e Brejnev; todos eles aniquilaram milhares através dos mesmos métodos, tortura e execução. Todos os opositores eram perseguidos, obrigados a considerar-se culpados por crimes que não tinham cometido, enquanto eram barbaramente torturados.

Pinochet, no Chile e apesar de ter renunciado ao cargo de presidente da ditadura que tinha erigido sobe a promessa de imunidade política, deixou uma herança de três mil mortos, e uma pobreza calculada em cerca de 85% da população, dos quais 75% viviam abaixo do limiar da pobreza.

Este senhor que tantos idolatram e consideram como um herói, talvez o maior herói de uma geração e de todos os tempo, também ele ajudou a elevar este número de mortos. Um número que demonstra uma das maiores chacinas a nível mundial, uma chacina camuflada. Actualmente o número encontra-se em cerca de cem milhões de pessoas. Cem milhões que foram assassinados. Dez vezes a população portuguesa.

O “tal” ídolo ajudou a erigir uma das mais longas, inquebráveis e indobráveis ditaduras que ainda decorrem hoje em dia. Uma ditadura em que o número de mortos ultrapassa os dezoito mil.

Ernesto Guevara de la Serna, filho de Ernesto Guevara Lynch e Célia de la Serna, nasceu em Rosário, Argentina, a 14 de Junho de 1928, morreu no dia 8 de Outubro de 1967 com 39 anos. Percorreu dez mil km numa velha moto, a tal épica viagem. Construiu a ilha cárcere de Cuba, depositou a sua confiança em Fidel Castro, irmão de um dos seus companheiros de armas que conheceu na sua demanda pela libertação da “opressão” do povo cubano. Criou o seu governo (leia-se ditadura militar). Teve a sua polícia política com o seu famoso “Paredóm”, uma prisão politica onde eram cometidos todo o tipo de atentados aos direitos humanos, um Tarrafal em solo Cubano, um local onde as convenções de Haia e Genebra são completamente postas de lado, em todo o solo cubano é possível encontrar inúmeros campos de trabalho forçado.

Falhou como ministro da economia cubano e como chefe da guerrilha na Colômbia, onde veio a morrer da mesma maneira que ele matava. Mutilaram-lhe as mãos, fuzilaram-no e enterraram-no numa vala comum.

Contudo ele é um herói. É simples na guerra todos matam, não existe santos. Um herói uma porra. Qual será mais desprezível o soldado que executa ordens ou o General que as ordena? Como podem fazer dele um herói quando sobre o ser nome existe mais sangue derramado do que sobre o nome de outro qualquer soldado cubano. Também ele matou com as próprias mãos. Também criou e manipulou tribunais marciais, com uma única sentença: a morte de quem se opunha. Huber Matos foi um dos primeiros. Antigo companheiro do comandante que foi executado sobe o comando de Che só porque discordou de uma ordem.

Por isso da próxima vez envergarem uma camisola, um pin, um crachá com a imagem do tão aclamado herói, façam-no com o mesmo orgulho e convicção que os nazis faziam em relação à suástica, ao símbolo das SS e a Adolf Hitler, com o mesmo orgulho das Brigadas Vermelhas, da Jihad Islâmica, com o mesmo orgulho que os seguidores de Bin Laden e da sua Al Qaeda, com o mesmo orgulho que os guerrilheiros mexicanos têm quando todos os dias raptam milhares de turistas. Mas façam-no, não escondam e sintam-se orgulhosos disso. Diferenças entre eles não devem ser muitas; todos assassinaram e assassinam, todos lutaram e lutam pela libertação do seu povo contra os opositores, todos lideraram e lideram, todos diferentes mas todos iguais.

Se podem orgulhosamente ostentar todos esses ornamentos, que impede então um grupo neo-nazi de usar a saudação nazi em publico, ou o cabelo rapado, ou mesmo uma imagem de Hitler ou Himmler? Não é da mesma maneira vergonhoso? Ou de Mossoulini?

Contra estes cem milhões de mortes a limpeza étnica que matou seis milhões de judeus na segunda guerra mundial parece insignificante, mesmo juntando o número de civis e militares mortos na segunda guerra mundial o número não ultrapassa os vinte milhões.

Da próxima vez que idolatrarem Che Guevara e os seus feitos históricos recordem o povo cubano que todos os dias tenta desesperadamente sair de Cuba, morrendo milhares afogados no Oceano Pacifico, do povo Cubano que todos os dias mergulha na miséria, em que o único meio de subsistência de um povo é o turismo e que por capricho do seu líder e dos seus mísseis nucleares se viu privado de ajuda internacional. Mas isso os seus fieis seguidores já o sabem, ou será que não? Será que tem pachorra para aprender história ou a preguiça é assim tanta que custa imenso?

Os mais ferrenhos dirão que o Comandante Che lutou ao lado do povo pelo povo e para devolver o poder ao povo. Pois claro, já agora digam também que a ditadura é uma das armas da democracia. Sem esquecer, é claro, que Cuba tem o melhor serviço de saúde do mundo e que o presidente pelo menos está no Guinness book como o presidente que faz os discursos mais longos do mundo chegando a atingir as sete horas seguidas. Sempre as mesmas respostas ao longo dos anos.

Os “Diários de Che Guevara” retratam a vida de um homem que apenas sonhava o melhor para o povo, em “Mein Kampft “ de Adolf Hitler encontramos exactamente as mesmas ideias. Coincidência? Não se trata de uma coincidência, apenas de um meio de moldar a opinião pública apelando aos seus sentimentos mais nobres, como o patriotismo e o direito a ter algo só seu, todos ficam comovidos com a “história” do pobrezinho que deixou tudo para lutar por uma causa. Chama-se a isto manipulação de massas. Uma guerra não se ganha só na frente de batalha, é preciso convencer os conquistados que o conquistador apenas os quer ajudar. E assim se fazem os mitos.

A esses que o tanto veneram Che Guevara comparo-os a um prato com presunto e ovos no qual o porco está comprometido a galinha apenas envolvida. Adoram-no porque não tiveram nem tem que viver sobre o seu jugo, adoram-no porque talvez os amigos do grupo, alguns familiares o adoram e talvez porque alguém disse que Che era um tipo porreiro, ou será que realmente concordam com o seu regime de intolerância e opressão. Os que moram em Cuba estão comprometidos, os outros apenas envolvidos.

Para os que veneram que importa que o povo cubano sofra, que importa as condições em que o povo cubano vive. Que importa tudo isso. O que importa é fazer passar a mensagem de que Che Guevara é um ícone para todas as gerações. E ainda se dizem amantes do 25 de Abril e da liberdade, do direito é igualdade. Abram os olhos e comecem a reflectir sobre a verdadeira natureza das coisas, não se deixem ficar apenas pelo que ouvem dos outros e pesquisem, não custa nada e pelo menos não fazem figura de parvos, perante este tipo de coisas que só não vê quem não quer.

Ídolos mortos são exactamente isso, ídolos mortos e nada mais. È crucial criar novos Ídolos.

Já agora sabe dizer-me o que foi a reforma agrícola em Portugal mais propriamente no Alentejo? E como desapareceu o ouro dos cofres Portugueses depois dos quatro primeiros governos provisórios após o 25 de Novembro, liderados por Vasco Gonçalves? Pesquise…

Nota: Este texto foi criado com vista uma revista para jovens. Foi recusado, segundo a editora, "o artigo é demasiado polémico..", sim eu sei que sim... eu dizia-lhes o que era polémico. A minha resposta a tudo o que me disseram foi um simples texto.

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APONTAMENTOS SOBRE O PÓS-ABRIL, O PREC

Este texto faz parte de um comentário a «Salazar alvo de ódio...» e, pelos dados de pormenor que apresenta, merece lugar de maior visibilidade e pode servir de elemento de consulta a interessados na história dos dias posteriores à revolução de Abril.

Dados sobre a revolução de Abril
De «maquina»
Aqui fica a minha opinião, se puder deixar sem ofensa a ninguém...

Muitos consideram o 25 de Novembro de 1975 como o epílogo da Revolução Portuguesa.

Não concordo com essa opinião. Em 25 de Novembro foram derrotadas as forças políticas mais radicais, que tinham impulsionado o PREC. A partir daí deu-se o refluxo da maré revolucionária, mas não se encontraram os equilíbrios sociais próprios de uma sociedade democrática estável. O epílogo da Revolução Portuguesa deu-se com a ascensão ao poder de Cavaco Silva, a sua consolidação política e o fim do espectro de uma fase cesarista, consubstanciada em Eanes e no Conselho da Revolução, cesarismo frequente nos finais das revoluções quando as sociedades não conseguem encontrar equilíbrios consensuais.

A primeira quinzena de Julho de 1974 marca o fim da primeira fase da revolução: a fase dos notáveis. Nessa primeira fase tinham confluído os interesses da oficialidade mais jovem, descontente com uma guerra sem solução militar à vista, o liberalismo tecnocrático, ansioso de se pôr em dia com a Europa e que reprovava a ineficácia do aparelho salazarista, e as opções da pequena burguesia esclarecida, favorável a uma estratégia democrática. Essa fase acabara. Entre 8 e 12 de Julho era criado o COPCON (8-7), caía o governo de Palma Carlos (9/7) e Vasco Gonçalves era indigitado 1º ministro (12-7). O poder da rua impunha a sua força.

Para contrariar o protagonismo das forças radicais, Spínola faz apelo à «Maioria Silenciosa». O problema da «Maioria Silenciosa» é que ela é ... silenciosa. Pode exprimir-se nas urnas, mas não tem apetência para acções de rua, a menos que adquira o sentimento da sua força e importância numérica, através do sufrágio. Este apelo de Spínola, embora tivesse apoio de gente do PS, foi prematuro e precipitado.

Mas isso ocorre normalmente em qualquer revolução deste tipo (revolução de Abril, Revoluções Francesas 1789-99 e 1848-51, revolução bolchevique, etc.). Tentativas extemporâneas de inverter uma revolução acabam sempre por a fortalecer.

A elaboração de um «Programa Económico de Transição» coordenado por Melo Antunes foi um acto falhado. Quando começou a ser concebido fazia sentido. Quando foi concluído, veio à luz num país em que cada força política tinha objectivos diferentes e mutuamente opostos e estava convencida de conseguir atingi-los. Um mês depois Spínola é levado a tentar um golpe de estado, para inverter o processo. Dá-se a insurreição da Base Aérea de Tancos e um ataque aéreo ao Quartel do RAL1. Esta intentona, completamente desajeitada, enfraquece as forças que se opõem ao PREC e reforça os elementos radicais. Uma onda de nacionalizações (banca e seguros) abala os fundamentos económicos da sociedade portuguesa.

As eleições de 25 de Abril de 1975 para a Constituinte contaram “a rua”. Não chegavam a 20%. Poderiam ter servido de matéria de reflexão para os líderes que “comandavam a rua”, mas nunca servem. Na Assembleia Constituinte na Rússia os bolcheviques tiveram um peso eleitoral ligeiramente superior (25%), mas como tinham as forças armadas (quase totalmente expurgadas de oficiais) nas mãos, dissolveram a Constituinte e tomaram o poder. Durante a Revolução Francesa, a Montanha dispunha de pouco mais de 10% dos Convencionais. Mas o pavor em que os membros da Convenção Nacional viviam face à violência das secções populares arregimentadas pela Comuna de Paris, levou-os a votarem favoravelmente as decisões mais perversas da Montanha e foram precisas sucessivas cisões no interior da Montanha para que acontecesse o 9 Thermidor e acabasse o terror. Até se auto-destruir, a Montanha dominou a seu bel-prazer.

Mas a Revolução Francesa ocorreu há mais de 2 séculos, numa época em que a consciência cívica e democrática estava ainda em embrião. A Revolução Bolchevique deu-se em plena Grande Guerra, numa época em que o Mundo vivia uma grande instabilidade. O MFA consciente de que as eleições seriam desfavoráveis para o PREC tentou subverter os seus resultados previsíveis através de uma série de medidas prévias à realização das eleições: 1) Institucionalização do MFA através da criação do Conselho da Revolução (CR) e da Assembleia do MFA. O CR ficaria com poderes constituintes até à promulgação da Constituição. 2) Estabelecimento de uma Plataforma de Acordo Constitucional com os partidos, definindo um conjunto de regras a que a Constituição deveria obedecer, consagrando a existência constitucional do CR e da Assembleia do MFA e o direito de veto do CR sobre a Constituição, mas também sobre leis aprovadas na futuras Assembleia Legislativa. 3) À Constituinte ficava vedado ocupar-se da composição ou alteração do governo provisório.

Todos os partidos com pretensões eleitorais assinaram este acordo, pois não tinham alternativa.

Por via disso, e apesar da votação ser, para a «Aliança Povo-MFA», uma catástrofe muito superior à previsível, durante o mês seguinte foram nacionalizados sectores vitais da economia portuguesa: Produção, Transporte e Distribuição de Energia Eléctrica, Petróleos, Siderurgia, Cimentos, Transportes, etc., conjuntamente com a ocupação de terras nos meios rurais e a criação das UCP's, segundo o modelo soviético. Foi o «Socialismo aos empurrões»: a fraqueza eleitoral da «Aliança Povo-MFA» levou às nacionalizações apressadas, de forma a pôr as forças políticas que representavam mais de 80% do eleitoral perante factos consumados. Esta perversão política apenas serviu para arruinar o país, pois logo que as revisões constitucionais o permitiram, a quase totalidade daqueles activos (ou o que restava deles) foi privatizada.

O PS foi o principal vector de combate a esta situação. Sem qualquer mácula de ligações à ditadura, vencedor folgado das eleições e sistematicamente banido dos centros de decisão políticos e económicos, espoliado de acesso à comunicação social, inclusivamente d’A República (19-5-75), assumiu o papel de vítima. Uma semana depois as instalações da Rádio Renascença, propriedade do Episcopado, também eram ocupadas pelos trabalhadores. Em 16 de Julho, alegando estar a ser marginalizado e em vias de ser expulso da vida política, o PS abandona o governo e o PPD segue-lhe o exemplo.

Estes acontecimentos levaram a uma cisão no MFA. Muitos oficiais da elite revolucionária consideravam que se estava a caminhar no sentido inverso às intenções iniciais dos revoltosos, o estabelecimento de uma democracia parlamentar, e que as forças radicais estavam a tomar conta do processo e se caminhava para uma situação totalitária. Esta cisão foi-se aprofundando de uma forma dramática. A ala esquerda do MFA, COPCON (ligado aos esquerdistas) e gonçalvistas (ligados ao PCP e MDP) foi ficando isolada perante os sectores democráticos do MFA, agrupados atrás do Grupo dos Nove, e que se opunham às teses políticas do Documento Guia Povo/MFA, a Bíblia da ala esquerda.

Neste processo a ala esquerda do MFA acabou derrotada na Assembleia do MFA e Vasco Gonçalves obrigado a demitir-se, em fins de Agosto. Pinheiro de Azevedo sucedeu-lhe. Em face da fraqueza da ala gonçalvista do MFA, o PCP deixou-se arrastar para alianças pontuais com os grupos radicais de esquerda, julgando, porventura, que conseguiria liderar o processo. Ora isso era insensato: a ala gonçalvista não tinha força militar e o COPCON, que a tinha, estava completamente dominado pelos radicais de esquerda. Nesta via, o PCP andaria sempre a reboque dos esquerdistas.

Em Novembro a situação era insustentável e só podia resolver-se mediante a derrota militar de uma das facções. No dia 12, uma manifestação de trabalhadores da construção civil sequestra os deputados no Palácio de S.Bento. No dia 15 dá-se o juramento de bandeira no RALIS (ex-RAL1) onde os soldados quebram as normas militares que regulamentam o juramento de bandeira e fazem-no de punho fechado.

A exibição dos ícones revolucionários empolga os mais radicais, mas afugenta todos os outros. Os elementos radicais do COPCON ficaram isolados entre as forças armadas. No dia 20, o Conselho da Revolução decide substituir Otelo Saraiva de Carvalho por Vasco Lourenço no comando da Região Militar de Lisboa. Entretanto o Governo anuncia a suspensão das suas actividades alegando "falta de condições de segurança para exercício do governo do país". O próximo disparate dos elementos radicais das FA seria o detonador para a sua liquidação.

Tal ocorreu em 25 de Novembro quando paraquedistas da Base Escola de Tancos ocupam o Comando da Região Aérea de Monsanto e seis bases aéreas, contestando a decisão da sua passagem à disponibilidade. Era o momento esperado. Os militares ligados ao Grupo dos Nove e a maioria das FA decidem intervir militarmente. O PCP, confrontado com essa decisão, capitulou e comprometeu-se a não convocar os seus militantes e apoiantes para qualquer acção de rua. A alternativa seria um massacre inútil e a ilegalização do PCP.

O Presidente da República Costa Gomes decreta o Estado de Sítio na Região de Lisboa e elementos do Regimento de Comandos da Amadora cercam e tomam o Comando da Região Aérea de Monsanto ocupado pelos insurrectos, e depois atacam e conseguem a rendição do Regimento da Polícia Militar, unidade militar próxima da esquerda revolucionária.

Carlos Fabião e Otelo são destituídos, respectivamente, dos cargos de Chefe de Estado Maior do Exército e de Comandante do COPCON e Ramalho Eanes, o estratega 25 de Novembro, torna-se Chefe de Estado Maior do Exército.

Em 2 de Abril de 1976 é aprovada a Constituição da República de 1976 pela Assembleia Constituinte. Em 27 de Junho Ramalho Eanes é eleito Presidente da República e em 23 de Setembro dá-se a tomada de Posse do I Governo Constitucional, chefiado por Mário Soares.

Nos dias seguintes ao 25 de Novembro o PC foi apoiado e "salvo" pelo célebre discurso de Melo Antunes quando ele disse que o PC era essencial à revolução portuguesa. Melo Antunes pretendia que o poder se baseasse na existência de um equilíbrio. Sem o PC esse equilíbrio far-se-ia mais à direita; com um PC legalizado, o equilíbrio far-se-ia entre o PS e o PC, ou seja, num PS de esquerda, isto é, far-se-ia na zona política onde se encontravam os militares que então tutelavam Portugal.

Este discurso modelou a situação política nos anos que se seguiram. O país continuou sob tutela. Os grandes grupos económicos portugueses haviam sido liquidados e os sectores industriais e financeiros mais importantes ficaram vedados à iniciativa privada. A maioria das empresas públicas ia acumulando prejuízos sobre prejuízos e nada havia a fazer. A tutela militar, que servia de Tribunal Constitucional, e a própria Constituição de 76 impedia quaisquer modificações.

O PS que estivera ligado à revolução, que ganhara prestígio por ter combatido o gonçalvismo, que se tornara o partido hegemónico no sistema político português, não soube governar o país. Mesmo depois do fim da tutela militar, quando era possível criar em Portugal uma economia de mercado que funcionasse, o PS nunca se emancipou dos complexos da esquerda estatizante, apesar de inicialmente, em pleno PREC, ter sido contra as nacionalizações. O país arrastou-se sem rumo, com um clientelismo potenciado pela enorme quantidade de lugares disponíveis nas empresas públicas, em permanente crise económica e orçamental.

A fase terminal da revolução foi a emergência do eanismo, primeiro nos governos de iniciativa presidencial, depois na criação de um partido que iria redimir a pátria da situação miserável onde se encontrava, o PRD. Todavia a pátria não se redime com boas intenções, nomeadamente quando essas «boas intenções» estão equivocadas sobre as formas de resolver os problemas. Mas o PRD conseguiu um objectivo que não estava nas suas intenções. Propôs uma moção de confiança ao governo minoritário de Cavaco Silva. Essa moção é o paradigma dos equívocos da esquerda, vítima dos seus mitos. Como Cavaco Silva não fazia aquilo que cai sob a definição de «política de esquerda», era óbvio que seria derrotado nas eleições, caso a AR fosse dissolvida. Mário Soares, que via no eanismo o seu inimigo principal, dissolveu a AR e Cavaco Silva ganhou as eleições com uma estrondosa e inesperada maioria absoluta.

A revolução terminara.

Saudações de um camarada da barricada

maquina
"indicativo romeo"


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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

SALAZAR ALVO DO ÓDIO DE FACCIOSOS COM AMARRAS

Salazar alvo do ódio de facciosos com amarras

A História, como qualquer ciência, exige competência, dedicação e honestidade, não devendo ser citada em defesa ou apoio de afirmações tendenciosas, por deturpação ou omissão em benefício de propaganda enganosa. Sem dúvida, que os denominados «factos históricos» estão sujeitos às mais diversas interpretações como é do conhecimento geral daqueles que abordam os temas relacionados com a conquista de Portugal aos mouros, os descobrimentos, os diversos incidentes internos, etc. Mas tudo tem limites de tolerância devidos a condições de pesquisa, ao achamento de novos dados, à competências dos investigadores, etc. A perfeição não é um dom comum. Não é edificante que, para esmagar um ilustre português do século passado, se coloquem num post, apenas os aspectos mais negativos ocorridos durante a sua vigência, perpetrados pelos serviços secretos, como se aí residisse a acção mais significativa de governante. Aliás, violência das polícias têm ocorrido com frequência maior do que o desejado desde o 25 de Abril.

E, pior do que isso, veio no dia seguinte, no mesmo blogue, à imagem do papagaio ou do macaco de imitação, outro post com conteúdo semelhante, senão igual. Para quê a repetição? Não parece ter sido por distracção. Talvez tenha sido pretendido o efeito de repetição próprio da propaganda e da lavagem ao cérebro que diz que uma mentira repetida muitas vezes acaba por ser aceite como verdade? Ou será uma manifestação de competitividade para valorizar a avaliação do respectivos mandantes? As eternas dúvidas de quem gosta de compreender!

Mas a realidade mostra que esse insigne governante, afinal, foi um mau aprendiz se comparado com Estaline, Mao Tse Tung e muitos outros seus contemporâneos. E para além dos defeitos que lhe apontam, não teria nada de bom? E, então, o que leva este «estúpido» povo a votar nele? E quem será o povo estúpido?

Ando a dar tratos de polé à memória a comparar aquilo que se diz com aquilo que vi e vivi desde 1934. Fico muito confuso com as intenções deste «povo» que se diz «sem amarras».
O que é que leva tanta gente a ter saudades dos velhos tempos, como se ouve nos transportes públicos, nas filas de espera das lojas do cidadão, etc., e o que leva uns quantos a dizer só mal? Gostaria de chegar a compreender estes enigmas.

Em minha opinião, várias vezes expressa no blogue A Voz do Povo, uma análise honesta deve mostrar todos os lados do problema, não apenas uma parte tendenciosamente separada do conjunto. Dados históricos merecem muita confiança (embora não toda) mas faltou também dizer algo de positivo, e houve muito, como a recuperação do País da situação caótica em que se encontrava em 1926, o esforço na escolarização, estando hoje a ser fechadas muitas escolas, tantas elas eram. Embora não fosse ainda a moda das auto-estradas e houvesse poucos carros, a rede estradal estava a ser melhorada. O distrito de Viseu, apesar das montanhas possuía uma boa rede, não havia ninguém a dormir nas ruas, pois havia albergues distritais e a sopa do Sidónio, havia a Mocidade Portuguesa em que, além de desportos, se aprendia grande quantidade de matérias de cultura, arte e utilidade prática (primeiros socorros, jornalismo, artes e ofícios) e, principalmente, era uma sã ocupação dos tempos livres (hoje, há a prostituição, a droga e a criminalidade juvenil, como ocupação de estudantes nas horas de ócio). As escolas técnicas preparavam pessoas para o comércio, secretariado, industria. A habilidade negocial, o amor à Pátria e o prestígio internacional do governo permitiram que Portugal não sofresse os horrores da II Guerra Mundial.

Talvez, nos conceitos actuais e vistas as coisas à distância de mais de meio século, não devesse recusar o auxilio americano para a reconstrução do pós-guerra, mas ele tinha vontade de evitar a dependência da grande potência mundial, e de manter o império que herdou dos antepassados. Um erro foi não ter percebido a volta que, após a guerra, o Mundo deu quanto à descolonização e ter teimado no «orgulhosamente sós» e na vaidade e ilusão de «lutar contra os irreversíveis ventos da história». Mas o erro mais grave (como agora está provado) foi o da economia doméstica que o levou a amontoar toneladas de ouro que não beneficiaram o bem-estar do povo e, o que é pior, serviram aos governos do PREC e do PRAEC, para esbanjarem, sem escrúpulos nem honestidade, esse pesado pecúlio, de que hoje já resta muito pouco. Hoje os políticos enriquecem ilegitimamente, como se deduz das propostas de Cravinho, mas o Homem citado nos textos aqui referidos, viveu estoicamente e morreu pobre.

Enfim, há muito de mau e de bom a dizer, e é pena que alguém se preocupe apenas com um lado e não com os outros. Isso é técnica de mau analista, ou de propagandista, de vendedor de banha da cobra, mas não de um comunicador de informação, de um divulgador de conhecimentos isento, imparcial e descomprometido. Com pessoas assim, nada de sério e verdadeiro se aprende, porque a verdade não pode ser fragmentada, é global. É preciso situar os factos nas suas circunstâncias.

Bater repetidamente com a testa na parede, raramente é solução, na vida prática. Em arte, é raro conseguir beleza com um quadro monocromático. Nos problemas sociais, também devemos conjugar todos os tons, sem exclusões, criando harmonias que fortaleçam, fazendo análises imparciais e completas sem colocar a «verdade» de uns factos e ignorar tendenciosamente outras verdades merecedoras de destaque. Não parece sensato gastar energias em confrontos desnecessários e inúteis e em intoxicações ideológicas com meias verdades e deformações torpes, com propagandas vesgas embora com roupagens de cor histórica mas que nada têm a ver com a VERDADE histórica, completa, honesta, isenta, imparcial.

Não parece que um blogue que pretende ser um espaço para emitir opiniões sem amarras, seja utilizado com tal intenção de propaganda, com o interesse não confessado de influenciar o cérebro dos outros, o que é caricatamente explícito com a repetição na mesma lista em dias seguidos. Até já é utilizado o blogue para publicidade comercial gratuita da venda de livros.

Talvez um dos maiores males do antigo regime se devesse, como agora, ao facto de muitos dos portugueses (até aqui, se encontram entre os contributors da Voz do Povo sem amarras) estarem mais preocupados com a incompetência, negligência e prepotência dos governantes americanos do que com os nossos, a quem tudo desculpam e de quem tudo aceitam. Essa auto-resignação originou os exageros de então e justifica os de hoje, com consequências imprevisíveis.

Não imito ninguém, recusando a continuação da minha colaboração, pois a qualidade de contributor mais antigo, como tem afirmado o Amigo Víctor Simões, dá-me responsabilidades (!). Embora, por vezes, um pouco desmotivado, continuarei a participar, consciente de que as minhas ideias livres , descomprometidas, verdadeiramente sem amarras, sejam repelidas por alguns contributors como se fossem fortes pedradas no crânio que, pelos vistos, os deixam sem voz para as comentar. Quem não deve não teme, e não tenho que prestar contas a ninguém mais do que a mim próprio.

Sugiro a leitura dos seguintes dois textos além de muitos comentários em que defendi a honestidade da informação isenta e sem amarras.

1. 061014, em A voz do povo. Salazar. Amá-lo ou odiá-lo. Mas conscientemente,

2. 070220, em Do Mirante. Crítica credível tem que ser isenta

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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

IF de RUDYARD KIPLING

Se és capaz de manter a calma quando
Toda a gente ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De acreditares em ti quando todos duvidam
E para esses no entanto encontrares uma desculpa;

Se és capaz de esperares sem desesperares,
Ou enganado, não mentires ao mentiroso,
Ou sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não pareceres bom demais ou pretensioso;

Se és capaz de pensares, sem que a isso só te atires;
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratares da mesma forma esses dois impostores;
Se és capaz de sofre a dor de veres mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas por que deste a vida estraçalhadas,
E refazê-las com o bem ainda pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única jogada,
Tudo quanto ganhaste na tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, voltares ao ponto de partida;
De forçares o coração, nervos, músculo, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: ”Persiste”,

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perderes a naturalidade,
E, de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao mínimo fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo que existe no mundo
E o que mais – tu serás um homem, ó meu filho!

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O VAZIO ABSOLUTO

Pedro Rolo Duarte, Jornalista. pedro.roloduarte@gmail.com, DN de 070221

Leio na imprensa o "escândalo" envolvendo dinheiro e morte no mundo do jet set - a taróloga Maya esclarece numa entrevista que estamos apenas perante um episódio envolvendo uma "pessoa amiga de figuras do jet set". Em qualquer dos casos, há uma mulher em prisão preventiva pelo alegado envolvimento no assassínio do marido. Parece-me "edificante" toda a história e a atenção que lhe está a ser dada - mas nada que se compare ao que terá sucedido na sexta-feira passada e o Correio da Manhã conta (sem desmentidos até à data): aquela espécie de homem chamada José Castelo Branco terá ido visitar a amiga detida. Mas "apareceu" em Tires fora da hora de visitas.

Pois bem, estão sentados? Tomem nota: Castelo Branco conseguiu entrar fora da hora regulamentar das visitas. Como se não bastasse, conversou com a suspeita fora do parlatório (local curricular para o efeito), numa sala particular. E, terceiro patamar vencido, pôde mesmo fotografar a senhora (parece que é verdade, dado que a fotografia saiu no jornal 24 Horas do dia seguinte).

Ou seja: alguém no estabelecimento prisional de Tires achou que a presença do senhor Castelo Branco justificava violar três regras essenciais do direito à igualdade de tratamento de um detido. A saber: horários de visitas, locais próprios de convívio entre detidos e visitantes e rigorosa proibição de fotografar, gravar ou filmar dentro de prisões.

É óbvio que a presença da figura em programas de TV como o Big Brother dos Famosos justifica, por si só, excepções à regra em tudo - eu já o vi a exigir jantar gratuitamente num evento para o qual não tinha sido convidado... -, mas não valia a pena dar da instituição prisional tão pobre, saloia e desgraçada imagem. É que eu consigo imaginar a cena: o desvario do visitante, a risota pegada dos guardas, e de repente a sequência dominó de violações regulamentares. Muitos pesos, muitas medidas, para pessoas que estão, teoricamente, em igualdade de circunstâncias.

Era risível, se não fosse grave. Era divertido, se não fosse tão triste. Era uma espécie de fait-divers, não se desse o caso de ser mesmo uma notícia.

Para rematar: a notícia veio no jornal. Não foi desmentida. Responsáveis, não há? Não se sabe - mas como "aos costumes dizemos nada", lá veio no dia seguinte a "breve" a anunciar um inquérito. Ou seja, a anunciar mais um vazio absoluto. O nada em que vivemos sempre.

NOTA: Dizia o Sr. Primeiro-Ministro em Novembro do ano passado, a propósito do passeio dos militares no Rossio, que a lei é igual para todos e que ninguém está acima da lei. Não estava a falar verdade, talvez por não estar informado daquilo que se passa dentro do rectângulo que governa. Este caso, provavelmente a somar a muitos outros, mostra bem que há muitos para quem a lei não tem o mínimo significado, nem pela sua compreensão nem pela dos próprios agentes da autoridade que fazem dela a interpretação que no momento mais lhes convém. É louvável que a amizade tenha levado este indivíduo a visitar a encarcerada das suas relações. Mas é condenável que os agentes da autoridade se tenham esquecido que a qualquer outro cidadão eram negadas as facilidades anti-regulamentares que lhe foram dadas indevidamente.
Ao que chegou este país que até pertence à UE ! Que vergonha!

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terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

CRÍTICA CREDÍVEL TEM QUE SER ISENTA

Qualquer crítica, para ser credível, deve ser honesta, no sentido de isenção e imparcialidade, sem se deixar pressionar por interesses pessoais, de partido, de religião, de nacionalidade ou de etnia. Não é fácil obter estas condições e, por isso, não podemos aceitar, sem um filtro pessoal, aquilo que ouvimos ou lemos. Há muita gente com uma visão demasiado pessoalizada que procura impor a sua opinião, contra tudo e todos.

Embora a voz do povo deva ser emitida sem amarras, surgem pessoas que reiteram incansavelmente acusações a Bush e à América, como se viessem apenas daí os maiores males que mais nos preocupam e, pelo contrário, ficam abespinhados sempre que surge uma crítica a actos menos ponderados dos nossos governantes, aqueles que juraram «cumprir com lealdade as funções que lhes são confiadas», atribuem os males do País à população por tê-los eleito. Toda a crítica, nas condições atrás referidas, são válidas principalmente se contiverem de forma implícita ou explicita, uma indicação de um melhor rumo a dar à gestão do assunto focado. A crítica construtiva constitui, assim, uma ajuda a quem exerce o pesado encargo da governação a qualquer nível.

E, embora o povo, em geral, se apresente pouco esclarecido, já aparecem pessoas a mostrar que raciocinam pela própria cabeça e não seguem cegamente os ditames dos respectivos partidos ou de outras instituições. A provar esta evolução que vem confirmar posições já tomadas nestas páginas, encontrei em dois jornais de hoje, 20 de Fevereiro, os seguintes títulos (Links):

- Cresce contestação no PS ao ministro da Saúde,
- Vila Pouca de Aguiar até já pediu ajuda ao Rei da Noruega,
- Idosos recorrem cada vez mais à ajuda da Provedoria de Justiça,
- Autarcas em colisão com o ministro da Saúde,
- Docente critica "destruição" do SNS

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domingo, 18 de fevereiro de 2007

SER JOVEM

Ser jovem

A juventude não é um período da vida; é um estado de alma, um efeito da vontade, uma qualidade da imaginação, uma intensidade emotiva, uma vitória da coragem sobre a timidez, do gosto da aventura sobre o amor do conforto.

Não é velho aquele que viveu um certo número de anos, mas é velho aquele que desertou do ideal. Os anos enrugam a pele, mas o renunciar ao ideal enruga a alma.
As preocupações, as dúvidas, os temores e os desesperos são os inimigos que, lentamente, nos fazem inclinar para a terra e tornar-nos poeira, antes da morte.

Jovem é aquele que se admira e maravilha. Interroga, como a criança insaciável: e depois? Desafia os acontecimentos e acha alegria no jogo da vida.

Tu és tão novo como a tua fé. Tão velho como as tuas dúvidas. Tão novo como a tua confiança em ti próprio. Tão novo como a tua esperança. Tão velho como o teu desânimo.

Serás jovem enquanto sentires. Sentires o que é Belo, Bom e Grande. Sentires as mensagens da natureza, do homem e do infinito.

Se, um dia, o teu coração for mordido pelo pessimismo, e ruído pelo cinismo, DEUS tenha então, piedade da tua alma de velho.

General Marc Arthur

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PRECE DE UM PAI

Prece de um Pai

Dá-me um filho que seja bastante forte, para saber quanto é fraco, e corajoso, para se enfrentar a si mesmo quando tiver medo; um filho que seja orgulhoso e inflexível na derrota inevitável, mas humilde e manso na vitória.

Dá-me um filho cujo esterno não esteja onde deveria estar a espinha dorsal; um filho que me conheça e saiba conhecer-se a si mesmo.

Guia-o, eu TE suplico, não pelo caminho fácil do conforto, mas sob a pressão e o orgulho das dificuldades e dos obstáculos. Que aprenda a manter-se erecto na tempestade e a ter compaixão dos malogrados.

Dá-me um filho de coração puro e objectivos elevados; um filho que saiba dominar-se, antes de procurar dominar os outros; um filho que aprenda a rir, mas que não desaprenda de chorar; um filho que tenha olhos para o futuro, mas que nunca se esqueça do passado.

E depois de lhe teres concedido todas estas coisas, dá-lhe, eu TE rogo, compreensão bastante para que seja um homem sério sem, contudo, se levar muito a sério. Dá-lhe humildade, SENHOR, para que possa ter sempre em mente a simplicidade da verdadeira grandeza, a tolerância da verdadeira sabedoria, a pequenez da verdadeira força.

Então eu, seu pai, ousarei murmurar:
“NÃO VIVI EM VÃO”.

NOTA: Extraído de Aromas de Portugal, um texto que contém uma lição de vida para cada um de nós, embora já crescidos, para os nossos filhos e netos. Salienta os principais valores da vida em perfeito civismo.

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TENHAMOS ESPERANÇA NAS NOVAS GERAÇÕES


É clássica a crítica aos mais novos. Desde a antiguidade, passando pelo Velho do Restelo, até ao conceito de «geração rasca», os mais idosos teimam em não compreender os jovens. Mas, quer queiramos quer não, o futuro pertence-lhes e as soluções para muitos problemas que afligem a humanidade terão de ser resolvidos por eles. É preciso ter esperança nas suas qualidades e ajudá-los nas suas iniciativas mais adequadas. Se os há demasiado sonhadores e aventureiros, também há alguns bem dotados moral e intelectualmente que saberão encontrar as melhores soluções para a humanidade em que terão responsabilidades de gestão e em que terão de criar a sua descendência.

Nesta ordem de ideias gostei de ver em jornais de hoje, algumas referências à reunião de ontem da Juventude Socialista em Aveiro. Segundo estes jovens o resultado do referendo do passado domingo "representa apenas o primeiro passo para tornar o recurso ao aborto «raro".
Têm razão, pois a generalidade e banalidade do aborto, em nada contribuiria para o desenvolvimento do País. Segundo eles, "é indispensável continuar a apostar convictamente na educação sexual e no planeamento familiar" que será a solução mais ética e adequada aos interesses das pessoas e do País. Como projecto real de actuação, prometem "acompanhar o processo de regulamentação em curso, de forma a contribuir para a construção de um diploma claro e responsável, que permita à mulher manifestar a sua vontade, tomando uma decisão esclarecida a ponderada".

Por outro lado, afirmam que "não há prazo definido" para a apresentação do anteprojecto de casamento entre pessoas do mesmo sexo, assunto que "não faz parte das prioridades actuais", sem negarem que irão "retomar o anteprojecto mas não é para agora". Seria sensato não chamar casamento a uma tal associação, sociedade doméstica, união, consórcio, etc. Também não prevêem a adopção de crianças por casais homossexuais, o que tem lógica pois se gostassem de crianças por que não as pretendem gerar? Porque é que recusam os mecanismos para a procriação e, depois querem usufruir do esforço dos outros?

É interessante constatar nestes jovens ideias coerentes, lógicas, racionais, para a estrutura da futura sociedade em que irão assumir funções de responsabilidade e projecção a longo prazo.
Estas ideias depois de concretizadas, dão garantia de uma geração mais responsável, racional, realista e competente, do que a anterior, permitindo a esta terminar a vida com o optimismo de que o destino da sociedade fica em boas mãos.

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sábado, 17 de fevereiro de 2007

DIVIDIR PARA REINAR?. FRAGMENTAR PARA DESTRUIR?

Acredito na Polícia

Só a PSP tem 10 sindicatos...Dividir para reinar? Será que ninguém vê isso? O mal da politização sindical é a realidade! Enquanto não se tornarem livres, independentes dos partidos políticos ou ideologias partidárias o processo está inquinado. Tem que haver uma postura séria, isenta, mas realista na observância do melhor para os policias todos (agentes, chefes e oficiais) que se reflicta na melhoria dos serviços e condições, que permitam servir a razão essencial das polícias, servir os cidadãos. Disciplina é necessária e essencial, subserviência e interesses não!
A independência, a camaradagem, a formação, dotação de meios materiais e a comunhão de esforços, é realmente o futuro das polícias. Partindo do comandante nacional até ao patrulheiro da esquadra mais recôndita do país.
O governo deverá observar com justiça e independência as questões que lhe são levantadas pelos polícias, num diálogo profícuo e necessário.
Será utopia nos tempos de hoje?
Acredito que não é fácil, é no entanto possível e deseja-se afincadamente para bem de todos os portugueses.
Mário Relvas


NOTA:
Este texto foi extraído do Aromas de Portugal por se afigurar de importância para todos os portugueses que desejam viver em segurança e tranquilidade. A inépcia nacional está generalizada e não podia deixar de entrar na policia. Uma equipa só vence se estiver unida, coesa e a actuar coordenadamente. A puxar cada um para seu lado, nem a junta de bois consegue fazer andar a carroça.
Seria mais eficiente na defesa dos interesses dos polícias um único sindicato com representantes de todos os interesses internos. Só assim se coordenam os interesses de graduados e agentes sem graduação e se esboçam os estatutos com deveres e direitos de forma a que todos se sintam motivados e a missão da polícia saia mais eficaz e prestigiada. Portugal precisa de uma polícia que garanta as liberdades conferidas pela Constituição. Isso não será conseguido com 10 sindicatos !!!
Se a iniciativa fosse do Comando seria a manobra clássica de «dividir para reinar», actuando nos interstícios, lançando uns contra os outros. Parece mais ser um acto terrorista de fragmentar para destruir. Quem está interessado em destruir a PSP? O que estará por trás disto que não joga em benefício do pessoal que serve a segurança dos cidadãos na PSP?
É importante que os cidadãos estejam atentos e reajam ao que for ocorrendo, por forma a poderem confiar na segurança que lhes é assegurada.

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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

A ACTUAL DITADURA PORTUGUESA

A Actual Ditadura Portuguesa

Os cinco pilares da democracia (Instrução, Saúde , Justiça, Segurança Social e Comunicações) deveriam gerar uma maior igualdade e homogeneidade na população. Mas como não são seguidos originam o contrário duma democracia, a desigualdade, castas e classes, tanto como ricos são favorecidos pelas leis, como estas e a constituição são contornadas viciosamente e com maliciosa corrupção.


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Suspensa punição de militares por tribunal

Penas suspensas para militares do protesto
Jornal de Notícias, 070216

O Tribunal Administrativo e Fiscal de Sintra decretou ontem a suspensão da pena de detenção aplicada aos nove sargentos da Força Aérea que foram condenados por terem participado num protesto.

Na terça-feira, dez sargentos da Força Aérea foram condenados a cumprir entre cinco e sete dias de detenção por terem participado no protesto de militares de Novembro passado. Na sequência das condenações, os advogados da Associação Nacional de Sargentos decidiram avançar com uma providência cautelar no Tribunal de Sintra para suspender as punições decretadas pelo comandante do Comando Operacional da Força Aérea, o tenente-general Cruz.

Anteontem, o mesmo tribunal decretou a suspensão imediata da pena imposta pelo Comando da Força Aérea ao sargento José Agostinho.

NOTA:
A união, a coesão, a disciplina tornam os militares mais fortes. Não é por acaso que um conjunto de militares organizados, treinados e equipados se denomina UNIDADE. Mas disciplina militar não significa submissão, subserviência, conivência e conluio com os superiores ou os políticos. Os militares, pelo seu treino operacional, antes de tomarem uma decisão, analisam o melhor possível o inimigo. E, neste caso, convém saber claramente onde está o inimigo, se no tribunal ou no gabinete do comandante.
Um comandante deve cuidar das condições de operacionalidade dos seus homens tanto quanto dos materiais e equipamentos, se não mais. Mas há casos, como este, que mostram a preocupação de ser duro para o pessoal, saltando por cima da Constituição da República, das leis gerais, exigindo uma obediência cega, em vez de uma disciplina consciente, assente na vontade, na dedicação ao serviço da Pátria, com os maiores riscos. Só com disciplina e forte motivação e coesão com os outros elementos da sua equipa o militar é capaz de assumir a missão e avançar contra qualquer risco.
E que dizer do tal contrato, chamado condição militar, em que só uma das partes, os militares, tem de cumprir, enquanto a outra parte, o Estado, recusa as suas responsabilidades, dizendo que são regalias e benesses e, nisso considerando os militares iguais aos funcionários públicos.
Não se deve cruzar os braços perante caso tão grave.
Vejamos o que se segue nesta novela. É um assunto que merece ser acompanhado com atenção nos próximos episódios.
Mas nota-se uma grande apatia ao encarar este inimigo que mostra à saciedade o receio de represálias. Os militares sentem-se amordaçados e emudecem. A lavagem ao cérebro feita pelos generais por ordem dos políticos parece estar a dar resultado.
É preciso acordar, abrir os olhos, aproveitar a força que está a ser dada pelos tribunais. Um militar não deve acobardar-se perante o inimigo, seja ele quem for!!!
Em tempos, o Grande D. Nuno Álvares Pereira queria um exército de heróis. Agora os governantes, obedientemente servidos pelos generais que eles promoveram e que devem mostrar-se gratos pelas estrelas, pretendem ovelhas mansas e domadas, interpretando a disciplina, como obediência indiscutida, subserviência, conivência com os governantes e os «superiores», «yes men», para não fazerem ondas e engolirem todas as patifarias que lhes façam.
Como se pode exigir tanto a homens sérios, a coberto da chamada «condição militar», quando o Governo se nega a cumprir as compensações das exigências dessa condição? E que fazem os generais? Agradecem com o seu silêncio as estrelas que lhes foram concedidas.
Os referidos processos disciplinares, são o retrato das Forças Armadas e dos escravos por quem o Governo quer ser servido.
E a Pátria, de oito séculos e que queremos que seja eterna?
Oxalá Deus ilumine os cérebros dos bem intencionados e mais clarividentes e lhes dê forças para defenderem os ideais nacionais.

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PORTUGAL DESAMPARADO

Portugal ainda não recebeu um cêntimo das despesas efectuadas em Timor, na missão das nossas forças policiais lá estacionadas. A ONU ainda não pagou, dizem fontes governamentais mostrando-se desagradadas com o tratamento daquela organização mundial. Pedem-nos mais forças para lá, quando nem sequer foi assinado o protocolo entre as Nações Unidas e Portugal relativo às forças que lá estão!
Enquanto isto, Portugal não tem dinheiro para o seu dia-a-dia local. Endivida-se, vende o ouro da reserva que o "velho senhor" deixou, para que estes "novos senhores" façam uma política externa utópica em desprimor da interna.
Mas afinal, porque será que nunca mais acordamos para a realidade?
Senhores governantes, dizem-nos constantemente que não há dinheiro, que nada se faz por isso (aumento das reformas, dos ordenados, incremento da escolaridade e formação profissional, apoio aos idosos e deficientes...), bem como tudo se faz por isso (fecho de escolas, de hospitais, maternidades, corte nas reformas, nos subsídios de desemprego, de alimentação...). Não será tempo de reflectirem em verdade e consciência que Portugal precisa é de uma política realista, começando por definir o que é realmente prioritário ?
A verdade é que o MAI não tem dinheiro para manter as polícias em Portugal e tem para subsidiar a ONU?! Afinal temos ou não efectivos suficientes nas forças de segurança? Porque se fala constantemente em racionalizar meios humanos se até policiamos Timor?
Senhor Primeiro Ministro precisamos de operacionalizar as nossas polícias em PORTUGAL. A miséria é enorme; caiem as instalações, armas velhas, mistura insensata de civis sem conhecimentos e capacidade na matéria, com policias, pensando que aquilo é uma mera repartição de finanças ou uma escola, nada percebendo do que deviam fazer e não fazem (com culpa de quem os baralha e distribui sem a devida formação).
São as avaliações inconclusivas e irreais que minam a moral dos policias, que dizem cada vez mais que "o melhor serviço é aquele que fica por fazer". Mas que fazem "os impossíveis" para exercerem a sua profissão e a pronta protecção dos cidadãos.
Olhe para onde vai parar estes país, senhor Ministro da Administração Interna, pois nós os portugueses sabemos bem o que se passa ... não chega assinar um despacho para que as forças policiais previnam os suicídios, mas urge dotá-las de modernidade e humanismo efectivamente condizentes com este século XXI.
Senhor Primeiro Ministro, o mesmo se passa em relação às FA (Forças Armadas), onde tudo se confunde na falta de uma verdadeira estratégia para esta área. Sou contra passeios de qualquer descontentamento, mas parece-me que o governo começa a deixá-los sem alternativas, por absoluta incompetência e falta de rumo. Mesmo os operacionais, os verdadeiros, aqueles que não buscam benesses, aqueles que não participando em "manifs" se interrogam dentro de portas.
Arrumemos a nossa casa primeiro e depois pensemos nas Missões de "paz" no estrangeiro.
Ninguém pode ajudar os outros se não estiver com saúde, ou de bem consigo próprio.
Postado por MRelvas

NOTA: Extraído do Blog Aromas de Portugal, devido à descrição de uma situação que começa a ser deveras e preocupante e crítica e bem merecendo uma profunda reflexão. É um alerta aos responsáveis pelo País, um apelo à sua capacidade de ponderação e de decisão.
É desejável que as esperanças das pessoas de boa intenção não sejam defraudadas. A evolução do mal-estar da população, que cada vez tem de fazer mais apertos do cinto sem ver nisso qualquer beneficio, poderá acordar e fazer das suas e, então, as forças da ordem são indispensáveis. O Governo devia mantê-las operacionais, eficientes, para poder contar com elas. Mas, com o desprezo que lhes dedica, não se vê como tudo isto irá normalizar-se. A disciplina não deve ser entendida como subserviência.
Mas queremos um futuro brilhante para Portugal, onde os nossos descendentes gostem de viver e se sintam felizes, e não tenham razões para lamentar a herança negativa que os governos anteriores que lhes deixaram.

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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

POVO QUE ESCARRAS NO RIO

Povo que escarras no rio!

"Se serviste a Pátria e ela te foi ingrata, tu fizeste o que devias, ela o que costuma."
Padre António Vieira

Recentemente, um grupo de camaradas que havia feito uma colecta para ajudar a família do João Roma Pereira, deslocou-se ao Redondo para a missa do aniversário da sua morte e entregou à família a ajuda de que carecem, pois dependiam do vencimento do esposo e pai para viverem.

Até à presente data, o governo eleito por maioria, por este mesmo povo que o João representava internacionalmente, ainda nada pagou à família.

A Associação de Comandos e outros camaradas jamais deixarão cair os familiares dos seus. A minha revolta é surda...!

O Governo, liderado por esse grande homem com M grande, ainda não pagou a indemnização devida nestes casos e já lá vai mais de um ano.

Em cada discurso roto, o mesmo escuda-se na legitimidade da maioria que o elegeu e vós povo sois culpado de nada dizerdes e de fazer nem se fala. É a ditadura da maioria democrática!

Que povo sois vós que permitis que se protejam e se paguem chorudas reformas a pedófilos, vigaristas, burlões, pederastas promovidos por o serem, concubinas elevadas a técnicas superiores de subida horizontal, assim com outros cidadãos exemplares da mesma igualha?
Que povo sois vós que legitimais os cobardes que se refugiaram no estrangeiro enquanto os vossos filhos combatiam, morriam, ficavam estropiados ou afectados psicologicamente por causa da guerra dita colonial?
Que povo sois vós que não entendeis que com fim do serviço militar obrigatório só os vossos filhos que não tem acesso a cunhas, compadrio e tachos é que servirão as Forças Armadas por falta de emprego e consequentemente morrerão no estrangeiro em nome de uma democracia que o é só para alguns?
Que povo sois vós que ainda sofreis no recato do lar as mazelas dos que viram a guerra e voltaram e nada fazeis?
Tu mereces que te defenda Povo?
Manifestas-te por solidariedades longínquas e tens os teus a passar mal em casa? Que povo é este a que pertenço?
Que povo é este que permite que um filho morra no estrangeiro pela paz mundial e lhe deixa cair a família no esquecimento e na quase sobrevivência caridosa?

Tu povo que me mandas mails de amizade, solidariedade e outras merdelices piegas, não me ensinas a ser solidário, não sabes sê-lo. Eu não o afirmo, provo-o no terreno quando é preciso e não ergo bandeiras de pregão.

Assim que te apanhas ajudado nunca mais apareces, estás servido, aliviaste a consciência com umas parcas palavras ou com uns míseros cobres e já está.

Aquela família alentejana, como as famílias de tantos outros portugueses que ficaram em África, Bósnia Herzegovina, Timor e mais recentemente no Afeganistão, não te pertencem a ti povo, escorraça-los, ignora-los diariamente enquanto crente numa propaganda jornalística de que eles vivem bem, são nababos e não o merecem.
A partir de hoje povo, que me passastes os teus valores pretéritos mas também os presentes, estes que reneguei sempre e que agora te retribuo, não contes comigo para solidariedades, correntes de amizade, palavras amigas, declarações de amizade eterna virtual.

Tu não sabes povo que lá onde se aprende a imensa lição da camaradagem e da solidariedade é que estão os valores que esqueceste?

A partir de hoje povo, não escrevas no meu montado a não ser que o sintas profundamente, pois este é também solo sagrado onde os meus camaradas desaparecidos vivem comigo e é para eles e para os que os respeitam que escrevo. Tu, pelo exemplo de encolher os ombros e assobiar para o lado não os mereces, és indigno de os mencionar até.
A partir de hoje não me peças o meu sangue ou a minha medula, pede-me antes o que deste aos meus irmãos e camaradas, o esquecimento e o teu silêncio cúmplice e cobarde.
Cansei-me…
Autor: Manel do Montado

NOTA: Extraído do Blog Montado Altaneiro, por ser considerado um texto muito significativo da falta de respeito e consideração dos governantes por aqueles que perdem a vida em defesa da Pátria de ontem, de hoje e de amanhã, porque a nossa Pátria não tem idade. É eterna.

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terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

LEIS, TRIBUNAIS E SENSATEZ

Segundo o Jornal de Notícias de 13, o juiz-conselheiro jubilado Bernardo Sá Nogueira afirmou ontem, no programa "Prós e Contras" da RTP1, que cada um dos cidadãos que assinaram o pedido de habeas corpus a favor do sargento Luís Gomes, pai afectivo da menina da Sertã, foi condenado a pagar cinco unidades de conta (cerca de 480 euros). A importância é devida pelo facto de aquele recurso ter sido indeferido pelo Supremo Tribunal de Justiça, tendo sido aplicado o n.º 1 do artigo 84.º do Código de Custas Judiciais. Sá Nogueira acrescentou, também, que cada subscritor do documento será alvo de um processo, a ser enviado ao tribunal da 1.ª instância, no caso o de Torres Novas, onde foi julgado o sargento Luís Gomes. Se recordarmos que o pedido de habeas corpus foi assinado por cerca de 27 mil pessoas, facilmente se poderá calcular o impacto que tal número de processos causará no dia-a-dia do tribunal de Torres Novas, e a importância embolsada pelo tribunal, 12,96 milhões e euros. A cobrança, além de cumprir o tribunal obriga a um encadeamento de acções complexas: saber a morada do peticionário, preparar a convocatória para efectuar o pagamento, com os custos inerentes em papel, impressora, envelope, selo, etc.

Mas entretanto, o Supremo Tribunal de Justiça, negou tal decisão e os 480 € são custas globais do processo e não de cada subscritor. Surge a dificuldade de efectuar o pagamento de quase 1,8 cêntimos por cada assinante da petição. Isso obriga, conforme atrás ficou descrito a uma burocracia pesada custosa. Só a simples convocatória e o seu envio já fica muito mais cara do que a importância a pagar. E se por qualquer motivo o cidadão não vai pagar os dois cêntimos (por arredondamento), sujeita-se a penhora, de quê? Há aqui necessidade de uma boa conciliação entre a lei, os tribunais e a sensatez realista.

Este assunto não devia ter vindo a público antes de ser devida e definitivamente concluído, evitando-se o desprestígio dos magistrados com afirmações públicas contraditórias e o ridículo de fazer pagar 2 cêntimos a cada um de 27.000 cidadãos de que se conhece apenas o nome e o número do Bilhete de Identidade. E assim vai Portugal !!!

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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

PREPARAR OS FRUTOS DO REFERENDO

Portugal está de parabéns. Os muitos abortos que eram feitos às escondidas e em condições precárias de higiene, colocando em risco as vidas das mulheres, passam a ser feitos com mais segurança, por ter deixado de ser considerado crime.
Isto. Só por si, é um avanço civilizacional.

Porém, oxalá não desapareça o respeito pelo ser humano desprotegido que confia na mãe, como sua hospedeira, e não passe a haver mais abortos em consequência da facilidade dada pelo referendo. Há quem proponha medidas de aconselhamento, e a intensificação da educação para o uso de medidas preventivas, para evitar a gravidez indesejada. Isso é indispensável, porque Portugal, para continuar a sua história, precisa de bebés, de crianças, de jovens, porque a população está envelhecida.

Um aspecto grave é o do SNS se essas cirurgias passarem a ser feitas nos hospitais do Estado, onde muitos doentes esperam meses por uma consulta e anos por uma cirurgia. Aí, como as abortantes não podem esperar além das dez semanas, serão os verdadeiros doentes ultrapassados nas listas de espera e terão de esperar mais, talvez até à morte. Mas, também neste aspecto, já há sugestões positivas: o facto de deixar de ser crime não significa que o aborto tenha de ser feito em hospitais do Estado, ou a expensas do dinheiro público, mas sim em clínicas particulares. Se deixam de pagar à abortadeira de garagem, passam a pagar a um clínica autorizada. Mas não vão prejudicar os doentes já tão massacrados pelo mau funcionamento do SNS. A gravidez não é uma doença, o feto não é um cancro, o espermatozóide não é um vírus, pelo que o Serviço Nacional de Saúde não deve prejudicar os verdadeiros doentes, quanto a consultas, a internamentos, cirurgias, comparticipações, etc., para apoiar quem deliberadamente destrói a evolução natural da vida devido a um descuido, desleixo, estupidez ou simples ignorância. Ensinem-se as mulheres quanto ao funcionamento do aparelho sexual e à forma como interromper o caminho dos espermatozóides para evitar a gravidez, e em caso de dúvida, têm a pílula do dia seguinte.

Cabe agora aos legisladores e governantes preparar o corpo legislativo mais adequado.
Tenhamos esperança, com algum optimismo, mesmo que este seja um pouco utópico.

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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

VOVÔ NEM É TÃO VELHO !

Uma tarde o neto conversava com seu avô sobre os acontecimentos e, de repente, perguntou:


- Quantos anos você tem, vovô?
E o avô respondeu:
Bem, deixa-me pensar um pouco... Nasci antes da televisão, das vacinas contra a pólio, comidas congeladas, foto copiadora, lentes de contacto e pílula anticoncepcional.

Não existiam radares, cartões de crédito, raio laser nem patins on-line.
Não se havia inventado ar condicionado, lavadora, secadoras (as roupas simplesmente secavam ao vento).

O homem nem havia chegado à lua, "gay" era uma palavra inglesa que significava uma pessoa contente, alegre e divertida, não homossexual.

Das lésbicas, nunca havíamos ouvido falar e rapazes não usavam piercings.
Nasci antes do computador, duplas carreiras universitárias e terapias de grupo.
Até completar 25 anos, chamava cada homem de "senhor" e cada mulher de "senhora" ou "senhorita".
No meu tempo, virgindade não produzia câncer.
Ensinaram-nos a diferenciar o bem do mal, a ser responsáveis pelos nossos actos.
Acreditávamos que "comida rápida" era o que a gente comia quando estava com pressa.

Ter um bom relacionamento, era dar-se bem com os primos e amigos.
Tempo compartilhado, significava que a família compartilhava férias juntos.
Não se conhecia telefones sem fio e muito menos celulares.
Nunca havíamos ouvido falar de música estereofónica, rádios FM, fitas K-7, CDs, DVDs, máquinas de escrever eléctricas, calculadoras (nem as mecânicas quanto mais as portáteis).

"Notebook" era um livreto de anotações.
Aos relógios se dava corda a cada dia.
Não existia nada digital, nem relógios nem indicadores com números luminosos dos marcadores de jogos, nem as máquinas.
Falando em máquinas, não existiam cafeteiras automáticas, microondas nem rádio-relógios-despertadores.
Para não falar dos videocassetes, ou das filmadoras de vídeo.
As fotos não eram instantâneas e nem coloridas.
Havia somente em branco e preto e a revelação demorava mais de três dias.

As de cores não existiam e quando apareceram, sua revelação era muito cara e demorada.
Se em algo lêssemos "Made in Japan", não se considerava de má qualidade e não existia "Made in Korea", nem "Made in Taiwan", nem "Made in China".
Não se havia ouvido falar de "Pizza Hut", "McDonald's", nem de café instantâneo.
Havia casas onde se comprava coisas por 5 e 10 centavos

Os sorvetes, as passagens de ónibus e os refrigerantes, tudo custava 10 centavos.
No meu tempo, "erva" era algo que se cortava e não se fumava.

"Hardware" era uma ferramenta e "software" não existia.
Fomos a última geração que acreditou que uma senhora precisava de um marido para ter um filho.
Agora me diga quantos anos acha que tenho?

- Hiii... vovô.. mais de 200! Falou o neto.
- Não, querido, somente 58!

NOTA: Realmente a nossa geração assistiu a grandes mudanças. E como tudo roda cada vez mais veloz, os nossos filhos vão ver tudo a desfilar vertiginosamente. E os nossos netos nem sequer se vão aperceber das coisas a voarem esfumadas devido à velocidade! Como será a humanidade nos próximas décadas? Outra questão: Como aprenderão a história se os suportes existentes deixam de poder ser lidos por não haver máquinas? (os filmes de 16mmm, 8mm, superoito, os discos de 1«78, de 33, de 45, as bobinas de fita, as cassetes, as disquetes) E dentro em pouco, os CD e os DVD também são postos de lado substituídos pelo blue ray e o que mais virá?

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PESSOAS NÃO SÃO COISAS

Embora não seja consumidor regular de televisão, hoje 9, vi no programa da manhã da RTP1, um artista de teatro que, depois de fazer um papel de homem viril e conquistador, ao conversar informalmente com o apresentador e ao recordar velhos companheiros, emocionou-se, ficando com os olhos visivelmente húmidos. Atenciosamente, o operador de imagem rodou a câmara para outro ângulo do palco.

Pouco depois, um conhecido cronista e comentador social, apresentou várias notícias curtas recentes, começando por tecer comentários muito humanos à sensibilidade e humanidade do actor atrás referido. E ao citar a morte súbita de duas mulheres jovens (a irmã da princesa das Astúrias e uma artista americana), ambas recentemente divorciadas e a atravessar um período de instabilidade emocional referiu que elas estavam a precisar de apoio e carinho de familiares e amigos e não o receberam. As pessoas afadigadas com as suas próprias ambições e preocupações não têm disponibilidade para se aperceberem dos sinais de apelo dos amigos e não lhes deitam uma bóia oportuna e salvadora.

Não quero definir as minhas possíveis divergências pelas ideologias ou comportamentos destes dois homens, mas à semelhança de outros casos exemplares que tenho citado, não posso deixar calada a minha boa impressão destes sentimentos humanos, testemunhos evidentes de ainda haver gente a considera que as pessoas não são coisas.

Pelo contrário, para o Governo e principalmente para o ministro da Saúde, as pessoas não passam de eleitores, contribuintes, utentes, consumidores, etc. É impressionante a forma como este ministro fala de milhões de euros poupados em medicamentos, no funcionamento do SNS, no fecho de centros de saúde, de maternidades, etc., sem nunca falar de pessoas doentes e carentes de assistência, por morarem longe do locais de atendimento ou por terem de lá estar às três da manhã arriscando o agravamento da sua doença, ou as filas de espera que acabam por convocar pessoas que entretanto morreram, ou de bebés que nasceram em ambulâncias sem condições adequadas por ter sido fechada a maternidade ao pé de casa, do doente que morreu depois de andar horas em ambulância, como bola de pingue-pongue entre Lisboa e Peniche, ou de outras pessoas que morreram depois de horas em viagem para chegar de Odemira a Lisboa.

Temos que tirar o chapéu perante todos os que falam das pessoas como seres humanos e não como coisas ou simples números. Haja humanidade e amor ao próximo.

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