Transcrição de artigo que, apesar da sua extensão, deve ser lido até ao fim:
Fixem esta mulher
SOL. 12 de Agosto, 2013 por José António Saraiva
Quando Passos Coelho anunciou a substituição de Vítor Gaspar por Maria Luís Albuquerque, muita gente torceu o nariz.
Os media apostavam em Paulo Macedo – e a escolha de Maria Luís foi uma completa surpresa.
Mas ninguém podia imaginar o filme que iria seguir-se.
Ainda Maria Luís Albuquerque não tinha assinado o compromisso de honra como nova responsável das Finanças e já estava metida no centro de um vulcão.
A minutos da cerimónia de posse em Belém, o país era surpreendido com uma insólita carta de demissão de Paulo Portas, que podia significar a queda do Governo.
E o motivo da renúncia era, imagine-se, a escolha de Albuquerque para substituir Vítor Gaspar!
Foi, assim, em ambiente de absoluta incerteza que a nova ministra das Finanças tomou posse.
Maria Luís Albuquerque poderia estar a assumir uma pasta ministerial de um Governo já virtualmente morto.
A esquerda fez chicana pública com este facto, ridicularizando todos os seus protagonistas: o Presidente da República, o primeiro-ministro e, claro, a nova ministra das Finanças.
Uma coisa era certa: Maria Luís Albuquerque entrava com o pé esquerdo – sem o apoio dos media, com a oposição de Paulo Portas e empossada no cargo numa cerimónia que se assemelhava mais a um funeral do que a uma investidura.
Para agravar as coisas, a oposição não se cansava de referir o envolvimento de Albuquerque no famigerado caso dos swaps.
Por que razão o primeiro-ministro escolhera para um posto-chave do Governo uma pessoa à volta da qual existiam tantas dúvidas e ainda por cima com telhados de vidro, era uma coisa que ninguém percebia.
Dias depois, porém, começaria a entender-se.
O presidente do BCE, Mário Draghi, e o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, elogiaram a nova governante, mostrando três coisas: que a conheciam, que acreditavam nela, e que a previsível quebra de confiança internacional por causa da saída de Vítor Gaspar não seria, afinal, tão grave como se temia.
Veio, entretanto, o debate sobre o ‘compromisso de salvação nacional’ pedido pelo PR, e o tema saiu da agenda.
Mas, passado esse interregno, o PS voltaria à carga com os swaps e os ataques a Maria Luís Albuquerque.
Confesso que ainda não percebi porquê.
Em primeiro lugar, fragilizar neste momento o ministro das Finanças, qualquer que ele seja, é fragilizar o regime e fragilizar o país.
Ora, se se percebe que o PCP e o BE o façam, não me parece que o PS tenha algum interesse nisso.
Por outro lado, foi o Governo do PS quem criou o problema.
Mas há mais.
Os socialistas acusaram a ministra de ter «mentido» (acusação grave e que ultimamente se tem feito com inadmissível ligeireza), dizendo que a documentação sobre os swaps tinha sido passada a este Governo – e que Albuquerque é que se tinha atrasado a agir.
Ora, existe aqui uma contradição: se o Governo anterior já dispunha na altura de documentação relevante sobre o problema dos swaps e os perigos envolvidos, por que não actuou, deixando esse encargo para os sucessores?
Como disse o ministro Poiares Maduro, o Partido Socialista fez, neste caso, a figura do incendiário que ateia o fogo e depois acusa os bombeiros de se terem atrasado.
Mas há males que vêm por bem: chamada à comissão de inquérito no Parlamento, Maria Luís Albuquerque falou durante quatro horas e meia, mostrou capacidade combativa e convenceu os que estavam de boa-fé.
O PSD ficou orgulhoso da ministra, o PS entupiu, e até o CDS a elogiou, esquecendo as reservas anteriores.
O porta-voz do CDS, João Almeida, disse textualmente: «As intervenções públicas da ministra das Finanças têm convencido o país da sua competência e seriedade».
Maria Luís Albuquerque tem algumas parecenças fisionómicas com Angela Merkel – para melhor, acrescente-se – mas não só: também a faz lembrar pela energia e determinação que coloca no exercício do cargo e no combate político.
Desde os tempos de Leonor Beleza (e deixando de lado Manuela Ferreira Leite, que mostrava autoridade mas era por vezes demasiado amarga) que o PSD não tinha uma mulher tão afirmativa, tão segura e com uma presença tão forte.
Oxalá o país não a desperdice.
P.S. – Com uma polémica aparentemente alimentada por pessoas próximas de Sócrates, foi triturado mais um governante. Por sinal, da equipa de Maria Luís Albuquerque. O ex-primeiro-ministro é um homem vingativo e que não desiste. Preparem-se para ver quem será a próxima vítima.
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quinta-feira, 15 de agosto de 2013
NÃO PERDER DE VISTA A MINISTRA DAS FINANÇAS
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quarta-feira, 24 de abril de 2013
SISTEMA FINANCEIRO GLOBAL PREOCUPA
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quarta-feira, 10 de abril de 2013
O «ESTADO NOVO» INICIOU COM O MINISTRO DAS FINANÇAS
Transcrição de artigo seguida por links relacionados com o tema:
A ditadura de Gaspar
Económico. 10/04/2013 00:35 | António Costa
Vítor Gaspar incendiou o País com o despacho sobre a proibição de realização de nova despesa por parte dos ministérios e serviços públicos, uma medida que é, de alguma maneira, paradigmática do poder e da incapacidade do ministro das Finanças de explicar o que deveria ser, e é, simples de perceber: um despacho preventivo, e temporário, enquanto o conselho de ministros não define os novos tectos de despesa para 2013 com vista a acomodar o impacto da decisão do Tribunal Constitucional, de 1,3 mil milhões de de euros.
Os serviços das Administrações Públicas - incluindo empresas - sabiam, como o País, que vêm aí novos cortes e, por isso, a probabilidade de anteciparem despesa, novos compromissos, novos concursos era, no mínimo, uma certeza. É claro que, como sucedeu no episódio da proibição de reformas antecipadas, este tipo de iniciativa política não se anuncia, faz-se. E não se faz por chantagem ou pressão sobre os portugueses, faz-se por necessidade e urgência, como é evidente que foi o caso.
Vítor Gaspar deveria, é claro, ter avaliado exactamente os ministérios ou serviços públicos que não poderão ser abrangidos por uma medida transversal como esta nem por uma semana que seja. E deveria ter discutido, e ouvido, os seus colegas da educação e saúde sobre o impacto desta proibição temporária nas universidades ou centros de saúde, por exemplo. Já se sabe que há excepções, como os salários, mas a reacção colérica dos reitores, por exemplo, deixa perceber que Gaspar não discutiu ou não ouviu. E fez mal.
É evidente, esta ‘ditadura das finanças' - que só peca por tardia - só pode mesmo ser temporária, só pode estar em vigor durante uma ou duas semanas, porque, caso contrário, paralisaria toda a administração pública e todas as empresas públicas abrangidas pelo despacho. Gaspar tem de fechar o dossiê das maturidades do empréstimo, primeiro, e a sétima avaliação da ‘troika', depois, e na quinta-feira da próxima semana tem de definir os novos tectos de despesa e manter o défice de 5,5% do défice para este ano.
O Governo está em Processo de Remodelação em Curso (PREC), a mudança de ministros já não é apenas uma necessidade por razões de oportunidade política, é uma urgência por uma questão de sanidade dos ministros que já sabem estar com um pé fora, à espera de uma chamada a São Bento. A partir de agora, Passos Coelho não pode olhar para trás, deve aproveitar o momento para reconstruir o tripé do Governo, e comprometer Paulo Portas.
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sexta-feira, 22 de março de 2013
Financeiros e o seu jargão opaco
Os financeiros gostam imenso de inventar abreviaturas que lhes servem em dois objectivos:
1 – Simplificar desmesuradamente as suas já paupérrimas análises. É assim que, depois dos PIGS, recentemente inventaram outra sigla, os FISH (França, Itália, Espanha e Holanda) que, com a conivência das agências de rating, serve para manipular os investidores vesgos e atacar as economias destes países (se repararem bem já vamos em 7 países da EU e agora já não são bem do Sul; é claro que esta coisa do Sul é um mito como outro qualquer porque, se bem se recordam, o primeiro I que ocorreu correspondeu à Islândia; mas, como a manobra islandesa correu mal aos financeiros, eles fazem tudo para não referir esse desaire. Entretanto a Islândia recuperou, expulsou os banqueiros, não os indemnizou e está bem melhor do que os outros Is);
2 - O outro objectivo é opacificar a compreensão dos leigos. Quanto mais complicada a sigla mais difícil a sua compreensão e mais fácil a manipulação da opinião pública. Este é o caso dos CoCos.
CoCos é a abreviatura de Correntes Convertíveis, que significa que, numa situação de aperto financeiro, os activos correntes de uma determinada instituição bancária poderão ser convertidos em acções do dito banco de forma a atingir um determinado rácio de liquidez. Criou-se assim o chamado 'core tier' que determina que os Bancos de Referência de cada país (esta noção foi forçada pelos alemães, cujos Lander Bank se encontram na mesma situação das Caixas Espanholas) deverão ter no mínimo um rácio de liquidez de 9,5% até 2012 e de 10% a partir de 2013.
Chamo aqui a atenção que dos maiores prevaricadores são os alemães. Estes, devido á sistemática manipulação financeira no sentido de enfraquecerem as restantes economias europeias, atraíram uma imensidão de capital estrangeiro o que aumenta cada vez mais o risco dos depósitos nestes mesmo bancos. Com efeito, e isto é um dos aspetos que o inefável Walter Schauble, Ministro das Finanças alemão que como diz o Financial Times, é um completo ignorante em mercados financeiros, quanto mais depósitos estrangeiros houver nos bancos alemães, maior é o risco de, em situações de pânico internacional, os grandes investidores passarem os seus gigantescos depósitos em euros para dólares.
Embora muita gente não saiba, isto aconteceu assim mesmo à UBS – Union des Banques Suisses em 2009 – que se viu obrigada a reestruturar todo o seu sistema financeiro, tendo tido a sorte de o fazer com antecipação à crise que entretanto alastrou.
A situação na Alemanha é tão sensível que o Deutsche Bank pediu um adiamento do cumprimento do core tier até 2015.
Pois com uma situação periclitante como a que existe neste momento que é que fez o senhor Schauble, na madrugada da reunião do ECOFIN na semana passada?
Quando a maioria dos Min das Finanças já se tinham retirado porque apenas se estava a discutir um assunto menor – o resgate de Chipre – Walter Schauble, em conjunto com o Min das Finanças Holandês, VITOR GASPAR, que tudo faz para lamber as botas aos alemães, e o Min das Finanças de Chipre, que agora diz ter sido colocado entre a espada e a parede, aprovaram a utilização do mecanismo CoCo à banca de Chipre, alargando-a a todos os depósitos.
Ora é sabido que existe um mecanismo de segurança assinado por todos os estados da EU em como os depósitos abaixo de 100000 euros são invioláveis.
Ao determinar isto, os alemães e o nosso inefável Vítor Gaspar para quem a lei não existe, nem mesmo a europeia, semearam o pânico nos cipriotas e acenderam um rastilho de uma bomba que pode trazer consequências inimagináveis.
Com efeito a cabecinha pensadora de Schauble, apoiado cegamente pela Merkel, decretou que a banca cipriota servia para lavagem de dinheiro pelo que merecia este tratamento.
Se é um facto que os russos têm lá depósitos superiores a 3000 milhões de euros que não são nem de perto nem de longe todos provenientes da lavagem de dinheiro, certo é também que, para além dos russos, os ingleses têm lá 2000 milhões de euros, sem falar dos turcos e dos israelitas, que usam Chipre como uma plataforma financeira para a EU.
Em suma, Schauble e a taralhoca da Merkel deram um pontapé num ninho de vespas. E irritar ao mesmo tempo os Russos e os Ingleses, metendo a mão no seu bolso, não é a melhor forma de manter a serenidade tão precisa neste momento.
Só falta mesmo irritar também os franceses e temos aí o caldo entornado. Os alemães estão a desencadear uma guerra económica e não têm, nem de longe nem de perto, a capacidade que o conjunto do Reino Unido, Itália, França e Rússia detêm para uma guerra militar.
Isto está a ficar MUITO perigoso.
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sábado, 8 de dezembro de 2012
Lavagem e fuga ao fisco
Em artigo de opinião, Eduardo Dâmaso refere os exorbitantes poderes de que o Governo historicamente dispõe face ao cidadão, que têm vindo a ser alargados a dívidas de portagens, de taxas moderadoras e, agora, à cobrança de propinas. Isto, segundo ele, constitui o regresso ao tempo de um Estado ablativo, que só confisca e cobra, o que é um retrocesso civilizacional, pois estamos a deixar morrer um Estado prestador por puro preconceito ideológico.
Segundo o Marquês de La Fayette, «quando o Governo viola os direitos do povo, a insurreição é o mais sagrado dos direitos e o mais indispensável dos deveres». Daí que a lavagem de dinheiro e a fuga ao fisco esteja a ser a maior ameaça aos interesses dos portugueses, mas que por partir de indivíduos com grande poder financeiro têm passado, praticamente, imunes e impunes pelas malhas da lei e os tribunais não lhes têm tocado.
Felizmente, parece que a investigação começa a estar orientada para «alvos remuneradores» e perspectiva-se «uma resposta mais eficaz contra a fraude e a evasão fiscais» e foi tornado publico que a perda fiscal associada às actividades clandestinas ou paralelas na economia vale 23% da receita fiscal total (12,3 mil milhões de euros de prejuízo fiscal), nível que está acima dos 22,1% de média comunitária. Tal perda equivale ao triplo daquilo que o Governo pretende cortar na despesa pública em dois anos (2013 e 2014).
Também o cronista Manuel Tavares refere que comunicado recente do DCIAP, liderado pela procuradora Cândida Almeida, veio alertar para a possibilidade de nem todas as buscas do processo Monte Branco (investigação a megafraude fiscal luso-suíça com branqueamento de capitais) terem sido dirigidas a pessoas incrimináveis, o que mostra quanto o circo mediático pode ser um e a realização da justiça outra.
A reafirmação sistemática da presunção de inocência arrisca ser uma capa ou água benta como ferramenta obnubiladora de um sistema de alianças entre poderes que deveriam estar separados e exercer vigilância mútua para melhor servirem os cidadãos e a democracia representativa.
Com um funcionamento correcto, sem exageros nem «obsessão ablativa», as Finanças evitarão as perdas fiscais atrás referidas e, por conseguinte, até podem aliviar o pesado fardo fiscal sobre a generalidade dos contribuintes. Os alvos mais perigosos devem ser eficientemente vigiados, concentrando os maiores esforços de inspecção e de fiscalização, porque os seus desvios são gravemente lesivos e não devem ser negligenciados.
O caso do Monte Branco, com os seus vários episódios, ilustra a exposição de figuras públicas para consumo mediático de práticas policiais cujo destino último de fazer mesmo justiça não tem sido garantido.
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sábado, 20 de outubro de 2012
Fisco às cegas ???
Excesso de zelo ou cegueira grave?
Agora, depois de passados 25 anos após a sua morte e a destruição do veículo, as Finanças querem cobrar o Imposto Único de Circulação de 2008. A família ficou indignada ao receber a notificação.
Numa época em que tudo se controla, em que a Internet facilita o cruzamento de informação, é incrível como acontecem estes casos insólitos. É urgente ver e remediar o que está incorrecto no funcionamento da máquina estatal. Quem está onde? Quem desempenha que funções? Como estão distribuídas as tarefas? Como é avaliado o desempenho? Quais os sistemas de controlo e fiscalização?
É urgente obter respostas para estas dúvidas em cada organismo, a fim de deixarem de ser dados estes sinais de debilidade funcional.
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sexta-feira, 31 de agosto de 2012
Economia financeira vs economia real
Transcrição:
Um canhão no cu
Dinheiro Vivo. 24-08-2012. por Juan José Millás
Este artigo incendiou a Espanha. Publicado a 14 de Agosto na secção de cultura de El Pais, em poucos dias tornou-se a peça mais lida de sempre naquele jornal e além disso teve milhares de acessos no Facebook. O autor é um escritor espanhol comprometido com os anseios do seu povo. Leia também a sua entrevista "Tornámo-nos uma colónia da Alemanha" em Dinheiro Vivo.
Se percebemos bem – e não é fácil, porque somos um bocado tontos –, a economia financeira está para a economia real assim como o senhor feudal está para o servo, como o amo está para o escravo, como a metrópole está para a colónia, como capitalista manchesteriano está para o operário superexplorado. A economia financeira é o inimigo de classe da economia real, com a qual brinca como um porco ocidental com corpo de uma criança num bordel asiático. Esse porco filho da puta pode, por exemplo, fazer com que a tua produção de trigo se valorize ou desvalorize dois anos antes de a teres semeado. Na verdade, pode comprar-te, sem que tu saibas da operação, uma colheita inexistente e vendê-la a um terceiro, que a venderá a um quarto e este a um quinto, e pode conseguir, de acordo com os seus interesses, que durante esse processo delirante o preço desse trigo quimérico dispare ou se afunde sem que tu ganhes mais caso suba, ainda que vás à merda se baixar. Se o baixar demasiado, talvez não te compense semear, mas ficarás endividado sem ter o que comer ou beber para o resto da tua vida e podes até ser preso ou condenado à forca por isso, dependendo da região geográfica em que tenhas caído, ainda que não haja nenhuma segura. É disso que trata a economia financeira.
Para exemplificar, estamos a falar da colheita de um indivíduo, mas o que o porco filho da puta geralmente compra é um país inteiro e ao preço da chuva, um país com todos os cidadãos dentro, digamos que com gente real que se levanta realmente às seis da manhã e se deita à meia-noite. Um país que, da perspectiva do terrorista financeiro, não é mais do que um tabuleiro de jogos no qual um conjunto de bonecos Playmobil andam de um lado para o outro como se movem os peões no Jogo da Glória.
A primeira operação do terrorista financeiro sobre a sua vítima é a do terrorista convencional: o tiro na nuca. Ou seja, retira-lhe todo o carácter de pessoa, coisifica-a. Uma vez convertida em coisa, pouco importa se tem filhos ou pais, se acordou com febre, se está a divorciar-se ou se não dormiu porque está a preparar-se para uma competição. Nada disso conta para a economia financeira ou para o terrorista económico que acaba de pôr o dedo sobre o mapa, sobre um país, este no caso, pouco importa, e diz "compro" ou diz "vendo" com a impunidade com que aquele que joga Monopólio compra ou vende propriedades imobiliárias a fingir.
Quando o terrorista financeiro compra ou vende, converte em irreal o trabalho genuíno de milhares ou milhões de pessoas que antes de irem para a labuta deixaram no infantário público, onde ainda existem, os seus filhos, também eles produto de consumo desse exército de cabrões protegidos pelos governos de meio mundo mas superprotegidos, é claro, por essa coisa a que temos chamado de Europa ou União Europeia ou, mais simplesmente, Alemanha, para cujos cofres são desviados neste preciso momento, enquanto lê estas linhas, milhares de milhões de euros que estavam nos nossos cofres.
E não são desviados num movimento racional, justo ou legítimo, desviam-se num movimento especulativo promovido por Merkel com a cumplicidade de todos os governos da chamada zona euro. Tu e eu, com a nossa febre, os nossos filhos sem infantário ou sem trabalho, o nosso pai doente e sem ajudas, com os nossos sofrimentos morais ou as nossas alegrias sentimentais, tu e eu já fomos coisificados por Draghi, por Lagarde, por Merkel, já não temos as qualidades humanas que nos tornam dignos da empatia dos nossos semelhantes. Somos agora mera mercadoria que pode ser expulsa do lar de idosos, do hospital, da escola pública, tornámo-nos algo desprezível, como esse pobre tipo a quem o terrorista, por antonomásia, está prestes a dar um tiro na nuca em nome de Deus ou da pátria.
A ti e a mim, estão a pôr nos carris do comboio uma bomba diária chamada prémio de risco, por exemplo, ou juros a sete anos, em nome da economia financeira. Avançamos com rupturas diárias, massacres diários, e há autores materiais desses atentados e responsáveis intelectuais dessas acções terroristas que passam impunes entre outras razões porque os terroristas vão a eleições e até ganham, e porque há atrás deles importantes grupos mediáticos que legitimam os movimentos especulativos de que somos vítimas.
A economia financeira, se começamos a perceber, significa que quem te comprou aquela colheita inexistente era um cabrão com os documentos certos. Terias tu liberdade para não vender? De forma alguma. Tê-la-ia comprado ao teu vizinho ou ao vizinho deste. A actividade principal da economia financeira consiste em alterar o preço das coisas, crime proibido quando acontece em pequena escala, mas encorajado pelas autoridades quando os valores são tamanhos que transbordam dos gráficos.
Aqui alteram o preço das nossas vidas a cada dia sem que ninguém resolva o problema, pior, enviando as forças da ordem contra quem tenta fazê-lo. E, por Deus, as forças da ordem empenham-se a fundo na protecção desse filho da puta que te vendeu, por meio de um roubo autorizado, um produto financeiro, ou seja, um objecto irreal no qual tu investiste as poupanças reais de toda a tua vida. O grande porco vendeu-lhe fumaça com o amparo das leis do Estado que são as leis da economia financeira, já que estão ao seu serviço.
Na economia real, para que uma alface nasça, há que semeá-la e cuidar dela e dar-lhe o tempo necessário para se desenvolver. Depois, há que a colher, claro, e embalar e distribuir e facturar a 30, 60 ou 90 dias. Uma quantidade imensa de tempo e de energia para obter uns cêntimos que terás de dividir com o Estado, através dos impostos, para pagar os serviços comuns que agora nos são retirados porque a economia financeira tropeçou e há que tirá-la do buraco. A economia financeira não se contenta com a mais-valia do capitalismo clássico, precisa também do nosso sangue e está nele, por isso brinca com a nossa saúde pública e com a nossa educação e com a nossa justiça da mesma forma que um terrorista doentio, passe a redundância, brinca enfiando o cano da sua pistola no rabo do seu sequestrado.
Há já quatro anos que nos metem esse cano pelo rabo. E com a cumplicidade dos nossos.
O original encontra-se em El País
e a tradução em
Dinheiro Vivo (foram efectuadas pequenas alterações)
em Resistir
em Movimento Novos Rurais
NOTA: Há uma grande diferença entre o feudalismo agrário e o financeiro. No agrário, o «senhor da terra» tinha consciência da importância das pessoas que, como mão de obra, deviam ser alimentadas e ter saúde para produzir, enquanto no financeiro, as pessoas não contam senão como ferramentas que produzem onde se vão tirar impostos e, de quando em quando, exigir o voto, com promessas desleais, e que perdem interesse logo que deixam de produzir.
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sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Governo assume fracasso
Temos os ouvidos cheios de promessas feitas antes das eleições e durante um ano, sendo mais gritante a do Portal, onde seria de esperar estratégia realista, como todas devem ser por definição, para reconstruir Portugal, na qual o PM prometeu, melíflua e ilusoriamente, que a recessão termina em 2013. O próprio ministro da Economia teve o bom senso de referir a necessidade de ser mais cauteloso quanto a esperanças de recuperação em 2013. Também António Capucho reduziu a afirmação do PM a uma declaração de fé, sem valor de estratégia.
Apesar disso e, mal passadas duas semanas, os números oficiais dizem que a Derrapagem da receita fiscal poderá chegar aos três mil milhões de euros. Estes dados numéricos não saem inesperadamente da máquina do euromilhões ou do totoloto, isto é, traduzem realidades sustentadas que o governo tem obrigação de acompanhar e controlar e ter em atenção sempre que toma qualquer medida mesmo que pareça pouco significativa, porque, no actual estado de debilidade nacional, a mínima medida pode ser muito importante para o resultado final. A promessa do PM não foi uma directiva para o próximo ano, mas sim um grito de alarme para a insanidade do Estado e de quem o está a levar ao «suicídio colectivo». Em vez de perderem tempo em frente de microfones a nada dizer de útil, melhor seria sossegarem a analisar as realidades e procurar corrigi-las. Seria uma tarefe a realizar a sós e também em diálogo com os colaboradores mais válidos, devendo evitar os que apenas dizem aquilo que o chefe gosta de ouvir, para melhorar a sua própria imagem junto deste, desprezando a verdade, que até não conhecerão ou não compreenderão.
A notícia não trouxe surpresa, talvez nem para o PM, pois já há dois meses Vítor Gaspar admitia que o défice orçamental estava em risco de derrapar, o que levanta outo problema que é o de saber porque, entretanto, razão não foram tomadas medidas para corrigir a rota. Qual o sentido de responsabilidade dos governantes. Qual a preocupação de verdade na frase do PM há duas semanas? Se há défice é porque as despesas públicas não foram controladas e contidas nos limites das receitas. Não é preciso ser matemático a usar derivadas, integrais e outras ferramentas sofisticadas, porque basta saber somar e subtrair. Então porque não se reduziram as despesas dispensáveis, com observatórios, fundações, grupos de trabalho, e outras instituições que a opinião geral diz servirem apenas para darem múltiplos salários a filhos e afilhados, ou «boys» do regime. Claro que tais «bocas» são exageradas e não se aplicam a eventuais excepções.
Como disse há poucos dias de forma clara o General Pires Veloso, se os governantes não se enchem de coragem e não aplicam as reformas convenientes para corrigir as injustiças sociais de que o País está a necessitar, poderá acabar por ter de ser o povo a proceder à limpeza do regime, o que trará outros problemas. Os pesticidas e os insecticidas podem ter efeitos colaterais que não se limitam apenas a eliminar os parasitas.
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sábado, 31 de março de 2012
Rigor ou cata-vento impune?
Há mais de três anos, está aqui um post que apresenta uma tecnologia para se beneficiar da conveniência de pensar antes de decidir e tem sido referido sempre que se torna oportuno ser relembrado tal conceito por parecer esquecido.
Agora depara-se nova oportunidade suscitada por duas notícias que não teriam existido se, da parte dos intervenientes nos casos referidos, tivesse havido capacidade, competência dedicação à função e respeito pelos cidadãos que os tivesse levado a maior rigor e eficácia na preparação das decisões tomadas.
Imagine-se que Regras para acesso ao Ensino Superior através do recorrente voltaram a mudar e que o Governo vai fazer correcção na proposta de rectificativo entregue no Parlamento. Parece que a estratégia dos serviços públicos ao mais alto nível tem como objectivo a imitação do cata-vento.
Aos olhos do cidadão vulgar fica a desconfiança acerca da capacidade e da competência dos «altos» funcionários «responsáveis» pelos serviços públicos, bem pagos e livres dos cortes dos subsídios de férias e de Natal, que passam a receber com outro nome.
No caso do Ensino, sendo a Educação um pilar da sociedade e que deve constituir um exemplo de organização, de rigor e de eficiência para a formação dos cidadãos de amanhã, é pena que imite o cata-vento, em sucessivas mudanças, mostrando que as decisões são tomadas antes de serem devidamente estudadas, analisadas, usando o diálogo mais alargado possível. Seria preferível adiar uma decisão do que depois de ser tomada e publicada ter de ser alterada, em consequências de reclamações e observações atendíveis que foram ignoradas na deficiente preparação.
Também na «rectificação» do «rectificativo» entregue na véspera, nada abona da dedicação e do rigor com que as coisas são tratadas, não tendo havido o cuidado de rever conscientemente os papeis elaborados, antes de saírem do gabinete.
Errar é humano mas não é dignificante e quem erra deve ser punido, pelo menos com averbamento na folha de avaliação contínua. Imunidade e impunidade estão certamente entre as causas mais graves da actual situação de crise que estamos a viver e que importa eliminar radicalmente.
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sexta-feira, 9 de março de 2012
Ministro das Finanças com poderes acrescidos
Não seria a primeira vez que em Portugal um ministro das Finanças se tornasse ditador.
Será interessante ler a notícia Marques Mendes preocupado com polémica do QREN não poupa críticas ao Governo em que diz “Ter um ministro das Finanças com autoridade e força política dá-me confiança. Agora, ter um ministro da Economia fragilizado preocupa-me. (…) Não o digo com prazer. Digo-o com preocupação”.
Compare-se com as seguintes notícias anteriores:
- Governo aprova comissão liderada pelas Finanças para gerir fundos
- Passos rejeita competição no Governo por causa do QREN
- Pires de Lima. Polémica em torno da gestão dos fundos comunitários é "artificial"
- PS admite agendamento potestativo para obrigar ministro das Finanças a depor sobre o QREN
- Confederações empresariais pressionam Passos a manter gestão do QREN na Economia
Sobre o perigo da obsessão dos números e dos modelos matemáticos com desprezo das pessoas e da economia real ou social, ver este vídeo.
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domingo, 19 de fevereiro de 2012
Errar é humano mas lesa a credibilidade
Em 2011, no diploma que estabelecia a taxa de retenção do IRS era explicitamente afirmado que o diploma apenas "produz efeitos no dia seguinte ao da sua publicação.
Este ano houve erro das Finanças e tal pormenor não consta.
Segundo notícia do Público, quando questionado directamente por este jornal, no dia 17, sobre se as taxas de retenção eram para ser aplicadas retroactivamente, o gabinete de assessoria de imprensa do Ministério das Finanças respondeu, por email, que "sim, as tabelas aplicam-se à totalidade do ano de 2012", não tendo sido esclarecido de que forma é que as empresas o deveriam fazer. No dia seguinte, depois de publicada a notícia na edição impressa do PÚBLICO, o mesmo gabinete enviou uma nota afirmando que "as tabelas de IRS aplicam-se a todo o ano de 2012, a partir da entrada em vigor do diploma".
Errar é humano, mas é lamentável que aconteça num ministério com tanta responsabilidade de rigor e eficácia, principalmente quando o seu titular costuma usar o verbo GARANTIR, em vez de afirmar, desejar, pensar, esperar que…
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sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Rotura financeira mundial !!!
São vários os comentadores que evidenciam preocupações de isenção, rigor e realismo que acusam o sistema financeiro mundial de ter gerado a actual crise e preconizam como solução a criação de novas regras mais adequadas a um futuro mais seguro e socialmente mais justo, sem deixar de temer uma rotura financeira mundial se a terapêutica ajustada não for aplicada sem demora.
Internamente, os nossos «sábios» têm demonstrado incapacidade para fazerem um diagnóstico credível e sugerir soluções promissoras de um futuro melhor. As medidas já anunciadas e as previstas no OE 2012 pecam por agravar o clima de injustiça social que já é demasiado preocupante. São o oposto daquilo que Milionários norte-americanos pedem: “Aumentem os nossos impostos” e de algumas medidas anunciadas em Itália e Grécia.
Porém, em hora ainda oportuna, surgiu a voz de pessoa bem colocada para sentir a crise financeira e que dá um sinal de alerta que não pode ser desprezado – Mantém-se a falta de regulação na área financeira, nota o presidente da CMVM.
O presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Carlos Tavares, afirmou que as áreas financeiras não reguladas continuam não reguladas e as reguladas estão mais difíceis de regular. Apelou para que se evite “repetir os erros do passado”, um risco que, considerou, “não está afastado”.
Apesar de terem surgido diagnósticos muito bem feitos sobre as causas da crise, as regras de utilização, circulação e controlo dos instrumentos financeiros, ainda não beneficiaram de reestruturação que faça prever uma vida social e económica mais saudável nos próximos anos.
A rotura financeira mundial pode eclodir a qualquer momento.
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segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Alta Finança Europeia
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terça-feira, 24 de agosto de 2010
Será Cabala da Moody’s ?
Andamos tão embevecidos com as doces palavras do primeiro-ministro, a pintarem um panorama celestial, com as promessas do ministro das Finanças a prometerem que as despesas do Estado, embora a crescer, passarão a crescer menos, continuamos a pagar mais impostos com a convicção de que, com esse sacrifício, iremos sair da crise e, de repente, vem a notícia «Moodys prevê que Portugal falhe metas de défice e dívida em 2010 e 2011».
Só pode ser cabala contra este país tão bem governado por pessoas altamente dedicadas aos interesses nacionais, ao bem-estar dos portugueses. Tal notícia, vinda por várias vias , como esta «Moody's acha que Portugal vai falhar todas as previsões», produz um choque tão violento no nosso optimismo, como o sofrido pelos envolvidos no grande acidente de ontem na A25.
Haja quem nos diga de forma convincente se realmente será cabala da Moody’s.
Imagem da Net.
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sexta-feira, 21 de maio de 2010
Orçamento do Estado e Miguel Portas
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Labels: deputados, dinheiro público, Finanças
domingo, 2 de maio de 2010
E se o País chegar à bancarrota?
Portugal endividado. E se o país chegar à bancarrota?
Jornal de Notícias, 202-05-2010. Cláudia Luís
Chovem pedidos de socorro de famílias sobreendividadas na Deco. E se Portugal falir? O que fazer?
Só este ano, 833 pedidos de ajuda de famílias sobreendividadas chegaram à Deco - Associação de Defesa do Consumidor. O número de processos é progressivamente maior desde há dez anos, quando a crise actual começou, e (quase) ninguém deu por nada. Hoje, é (quase) tarde de mais. Desemprego, doença e deterioração das condições laborais são as três grandes causas que levaram estas famílias a escrever, em Março, à Deco.
Numa dessas cartas, lê-se: "Há meses que supero, pois vou a tudo. Muitas vezes até dou serventia em obras. Vale tudo. Mas, ultimamente, estou desesperado, pago as contas com atraso, o que me tira o sono e me dá vontade de abandonar tudo. É só ameaças, ofensas nos telefonemas das concessionárias de crédito". O desespero mantém-se numa outra missiva: "O que posso fazer para conseguir que o banco analise o meu processo? Podem ajudar-me? Estou um pouco desesperada, porque sempre que encontro uma solução, fecham-me as portas e já não sei o que fazer".
Crédito à habitação, crédito automóvel, cartões de crédito para pagar cartões de crédito. A espiral não tem fim.
Portugal é notícia no Mundo, porque, alegadamente, corre risco de entrar em bancarrota. Enquanto políticos e governantes ensaiam manobras de confiança para os mercados internacionais, a classe média portuguesa suplica por ajuda. E se o país falir? Como será se Portugal entrar em bancarrota?
Há histórias assustadoras de países que abrem falência e de famílias de classe média que tinham quase tudo e ficaram sem quase nada. Mas até parece que essas histórias acontecem só - lá longe - aos outros países. Será que Portugal pode, mesmo, falir? O que é isso de falir um país inteiro? Não passará tudo de mais um caso de alarmismo? O economista Pedro Santa-Clara responde: "Não é só alarmismo, não. A situação é verdadeiramente séria".
Avancemos, então - e sem medos - para o mundo das finanças. Seremos guiados por peritos que nos explicarão tudo o que está a acontecer ao nosso país e às nossas vidas. Se tem uma aversão natural aos temas económicos, está a ler o texto certo, no momento certo. Avancemos.
Então, como pode um país falir? Pedro Santa-Clara, docente na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, explica: "Um país entra em falência quando consome mais do que produz. Enquanto tiver quem empreste, pode continuar neste esquema. Quanto deixar de ter, ou passa a consumir menos e a produzir mais ou não cumpre e abre falência".
No caso de uma empresa, quando abre falência é "decretado o seu fim". Mas os países não são empresas. Segundo o economista João Loureiro, "um Estado pode entrar em incumprimento, mas isso nunca implicará o fim do país. Os países não acabam pelo facto de os respectivos governos entrarem em incumprimento".
Tal e qual uma família falida
Como funciona um país, cujo Governo entrou em incumprimento? "O país fica com muito má reputação e deixa de ter crédito. Mesmo que continue a haver algum, passa a ser a taxas de juro muitíssimo elevadas". João Loureiro, docente da Universidade do Porto, alerta ainda para "um contágio a todos os agentes económicos do país" - bancos incluídos -, que "também perdem acesso a crédito nos mercados internacionais". Enquanto isso, os clientes dos bancos, todos nós, também não conseguem os seus empréstimos.
Ora, daqui se conclui que o factor credibilidade é muito importante nesta matéria. Os países precisam de ser credíveis para serem saudáveis. Pedro Santa-Clara, confirma que é mesmo "essencial". E explica que "o mesmo se passa com uma família em falência: perde credibilidade para o futuro, o que torna difícil voltar a conseguir um empréstimo". E lembra o caso da Argentina, que, passados tantos anos, ainda não tem acesso aos mercados internacionais.
Com o euro, tudo é mais sentido
Fala-se em bancarrota. E na possibilidade da bancarrota portuguesa. Na realidade, quando se usa a expressão bancarrota, "pode interpretar-se como sinónimo de falência, mas também pode ser um sinónimo de incumprimento: uma situação em que quem deve não honra os compromissos". Contudo, frisa, João Loureiro, "incumprimento não é, necessariamente, falência".
A actual situação não é uma estreia para os portugueses. E talvez o caso mais semelhante tenha ocorrido nos anos 70 e 80 do século passado. Na época, o Governo também entrou em incumprimento; logo, "o estrangeiro cortou o crédito ao Estado, às empresas e aos bancos", lembra o docente do Porto.
Só que, na época, havia o escudo. Então, o Fundo Monetário Internacional (FMI) emprestou dinheiro ao Governo português, impondo uma série de condições. Uma delas era a "desvalorização da moeda, o que facilitava a venda dos nossos produtos no estrangeiro, mas tornava mais caras as nossas importações", ressalva o investigador.
Hoje, com o euro, tudo é diferente. "Tudo é mais sentido pelas pessoas", defende Santa-Clara. "O mesmo bem custa mais 30% em Portugal do que na Alemanha. É imperativo aumentar a produtividade. Ou isso ou diminuir os salários". Por isso, o economista sublinha a necessidade de sensibilização dos sindicatos, aproximando-os aos modelos do Norte da Europa.
Com o euro, "os países deixam de poder emitir moeda, pois esse poder está confiado ao Banco Central Europeu, cujos estatutos impedem o financiamento monetário dos défices públicos", acrescenta o economista Pedro Bação, professor na Universidade de Coimbra.
Onde fica a saída, p.f.?
Siga as placas da boa reputação. Dizem os peritos que, enquanto o Governo, as empresas, os bancos e as famílias mantiverem credibilidade, os credores mantêm os seus empréstimos. E, enquanto assim for, Portugal não corre risco de insolvência.
Mas todo este processo de manutenção da credibilidade de um país leva anos e sustenta-se num frágil conceito de "expectativa". Santa-Clara insiste: "Quando deixa de haver expectativa, deixa de haver credores. As pessoas têm tendência a perceber mal o facto de tudo poder mudar de forma repentina".
Assim, há placas a apontar vários caminhos para a saída. A via do aumento de impostos é uma delas, mas isso "poderá estar limitado pelos efeitos políticos e sociais", previne Pedro Bação. Pode escolher-se o caminho do apoio de outros países e instituições como o FMI, tal como fizeram a Islândia e a Grécia. Ou pode, "pura e simplesmente", seguir-se a placa sem saída e "não conseguir ter os meios para cumprir as obrigações", conclui o especialista. De qualquer forma, há um imperativo: "Um país falido tem que reduzir drasticamente o nível de consumo e investimento".
Que consequências nas nossas vidas?
Imagine-se agora que Portugal faliu, em bom rigor, que entrou em incumprimento: o que acontece a uma família de classe média já sobreendividada?
Para começar, explica o docente de Coimbra, "as famílias com dívidas ao banco sofrerão, certamente, um aumento dos juros". Depois, comprar casa será um desafio maior para "conseguir o crédito desejado". De forma mais simples: seja um Estado, uma empresa ou uma família, a única forma de agir neste cenário é "passar a gastar só o que se tem", diz João Loureiro.
Por sua vez, Santa-Clara ressalva a existência ainda de cenários possíveis. Um dos mais favoráveis será "a renegociação com os credores, diminuindo o plano de pagamentos para algo suportável, o que não é fácil. O pior dos cenários passa pela perda de confiança generalizada. Haverá corrida aos bancos; incumprimento desordenado; restrições do sistema financeiro; grandes custos para o país; desemprego".
Pedro Bação generaliza: haverá uma "perda de bem-estar", que, tal como farão as famílias, obrigará o "Estado português a diminuir a sua dimensão". Na prática, e segundo o docente de Coimbra, o Governo terá que "cortar nos empregos do sector público, nos salários ou mesmo no fornecimento de serviços públicos e prestações sociais. Ou aumentar os impostos". Em suma: do emprego aos rendimentos, "é possível que tudo piore significativamente".
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quarta-feira, 28 de abril de 2010
À beira do desastre financeiro
O País levou esta tarde um abanão financeiro tão forte quanto um sismo. A cotação do Estado português foi degradada para níveis próximos do alerta total. A cotação de cinco maiores bancos degradada foi em consequência.
Discutível que seja, a verdade é que os responsáveis internacionais convergem na ideia de que Portugal se aproxima da banca rota.
O triunfo das finanças sobre a economia, a geração de riqueza virtual e como tal especulativa, o ilimitado crédito, a demagogia governamental, a generalização do materialismo consumista, eis a receita explosiva.
Esta noite o primeiro-ministro, se tivesse o sentido da responsabilidade tinha aparecido na TV a dar a cara. Não esteve. Ele sabe que já não incute qualquer confiança. O demagógico e irresponsável discurso do optimismo balofo deu isto. Ele sabe que a aparecer seria motivo de desconfiança. Por isso esconde-se. O Presidente da República calado está. O País esta noite está sozinho a assistir à chegada do desastre. Portugal está à deriva.
Publicado por José António Barreiros no blog A revolta das palavras
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sexta-feira, 9 de abril de 2010
Já vem de longe
As Farpas - Ramalho Ortigão - 1882
"Trocadas as descomposturas preliminares, sobre a questão da fazenda, decide-se que é indispensável, ainda mais uma vez, recorrer ao crédito, e faz-se novo empréstimo.
No dia seguinte averigua-se, por cálculos cheios de engenho aritmético que para pagar os encargos do empréstimo do ano anterior não há outro remédio senão recorrer ainda mais uma vez ao país e cria-se um novo imposto.
Fazem-se empréstimos para suprir o imposto, criam-se impostos para pagar os empréstimos, tornam-se a fazer empréstimos para atalhar os desvios do imposto para o pagamento dos juros, e neste interessante círculo vicioso, mas ingénuo, o deficit - por uma estranha birra, admissível num ser teimoso, mas inexplicável num mero saldo negativo, em uma não-existência - aumenta sempre através das contribuições intermitentes com que se destinam a extingui-lo, já o empréstimo contraído, já o imposto cobrado.
Pela parte que lhe respeita, o país espera.
O quê?
O momento em que pela boa razão de não haver mais coisa que se colecte, porque está colectado tudo, deixe de haver quem empreste, por não haver mais quem pague..."
NOTA: Apesar de tudo, por inexplicável milagre, conseguimos sobreviver até 2010 !!!
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terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Portugal visto de Espanha
Porque merece mais visibilidade do que o espaço discreto dos comentários, e porque nem todos se sentem à vontade para ler em espanhol, traduzi e trago para aqui o comentário de Jorge M. no post «Orçamento de 2010 à vista!». Vem confirmar aquilo que João Salgueiro disse quanto ao silêncio dos nossos técnicos e à informação que tem chegado do estrangeiro e que tem sido negada, começando agora a ser admitido o estado trágico da situação nacional, nos aspectos financeiro, económico, empresarial e social.
As verdades ocultas em Portugal
LISBOA, 21 Set (IPS) - Indicadores económicos e sociais periodicamente divulgados pela União Europeia (UE) colocam Portugal em níveis de pobreza e injustiça social inadmissíveis para um país que integra desde 1986 o 'clube dos ricos' do continente. Mas o golpe de misericórdia foi dado pela avaliação da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económicos (OCDE): Nos próximos anos Portugal distanciar-se-á ainda mais dos países mais desenvolvidos. A produtividade mais baixa da UE, a escassa inovação e vitalidade do sector empresarial, educação e formação profissional deficientes, mau uso de fundos públicos, com gastos excessivos e resultados magros são os dados assinalados pelo relatório anual sobre Portugal da OCDE, que reúne 30 países industriais.
Ao contrário de Espanha, Grécia e Irlanda (que fizeram também parte do 'grupo dos pobres' da UE), Portugal não soube aproveitar para o seu desenvolvimento os volumosos fundos comunitários que fluíram sem cessar de Bruxelas durante quase duas décadas, coincidem analistas políticos y económicos.
Em 1986, Madrid e Lisboa ingressaram na então Comunidade Económica Europeia com índices similares de desenvolvimento relativo, e há apenas só uma década, Portugal ocupava um lugar superior ao da Grécia e Irlanda no ranking da UE.
Mas em 2001, foi comodamente superado por esses dois países, enquanto a Espanha já se coloca a pouca distância da média do bloco.
'A convergência da economia portuguesa com as mais avançadas da OCDE pareceu deter-se nos últimos anos, deixando uma brecha significativa no PIB per capita', afirma a organização.
No sector privado, 'os bens de capital nem sempre se utilizam ou se investem com eficácia e as novas tecnologias não são rapidamente adoptadas', afirma a OCDE.
'A força laboral portuguesa conta com menos educação formal do que os trabalhadores de outros países da UE, inclusive os dos novos membros da Europa central e oriental', assinala o documento.
Todas as análises sobre os números existentes coincidem em que o problema central no está nos valores, mas nos métodos para os distribuir.
Portugal gasta mais do que a grande maioria dos países da UE em remuneração de empregados públicos em relação ao seu produto interno bruto, mas não consegue melhorar significativamente a qualidade e eficiência dos serviços.
Com mais professores por quantidade de alunos do que a maior parte dos membros da OCDE, não consegue dar uma educação e formação profissional competitivas com o resto dos países industrializados.
Nos últimos 18 anos, Portugal foi o país que recebeu mais benefícios por habitante na assistência comunitária.
Sem dúvida, depois de nove anos a aproximar-se dos níveis da UE, em 1995 começou a cair e as perspectivas hoje indicam maior distância.
Onde foram parar os fundos comunitários? Éa pergunta insistente em debates televisivos e em colunas de opinião dos principais periódicos do país.
A resposta mais frequente é que o dinheiro engordou a carteira de quem já tinha mais.
Os números indicam que Portugal é o país da UE com maior desigualdade social e com os salários mínimos e médios mais baixos do bloco, ao menos até 1 de Maio, quando este se ampliou de 15 para 25 nações.
Também é o país do bloco em que os administradores de empresas públicas têm os salários mais altos. O argumento mais frequente dos executivos indica que 'o mercado decide os salários'.
Consultado por IPS, o ex-ministro das Obras Públicas (1995-2002) e actual deputado socialista João Cravinho desmentiu esta teoria.
'São os próprios administradores quem fixa os seus salários, atirando as culpas ao mercado', disse. Nas empresas privadas com participação estatal ou nas estatais com accionistas minoritários privados, 'os executivos fixam os seus salários astronómicos (alguns chegam aos 90.000 dólares mensais, incluindo abonos e regalias) com a cumplicidade dos accionistas de referência', explicou Cravinho.
Estes mesmos grandes accionistas, 'são a ao mesmo tempo altos executivos, e todo este sistema, no fundo, resulta em prejuízo do pequeno accionista, que vê como uma grossa talhada dos lucros vai parar às contas bancárias dos directores', lamentou o ex-ministro.
A crise económica que estancou o crescimento português nos últimos dois anos 'está sendo paga pelas classes menos favorecidas', disse. Esta situação de desigualdade aumenta cada dia com os exemplos mais variados.
O último é o da crise do sector automóvel. Os comerciantes queixam-se de uma queda de quase 20 por cento nas vendas de automóveis de baixa cilindrada, com preços de entre 15.000 e 20.000 dólares. Mas os representantes de marcas de luxo como Ferrari, Porsche, Lamborghini, Maserati y Lotus (veículos que valem más de 200.000 dólares), lamentam não poder dar satisfação a todos os pedidos, perante um aumento de 36 por cento ela procura.
Estudos sobre a tradicional indústria têxtil lusa, que foi uma das mais modernas e de melhor qualidade do mundo, demonstram a sua estagnação, pois os seus empresários não realizaram as necessárias adaptações para a actualizar. Mas a zona norte onde se concentra o sector têxtil, tem mais carros Ferrari por metro quadrado que a Itália.
Um executivo espanhol da informática, Javier Felipe, disse a IPS que segundo a sua experiência com empresários portugueses, estes 'estão mais interessados na imagem que projectam do que no resultado do se trabalho'. Para muitos 'é mais importante o automóvel que conduzem, o tipo de cartão de crédito que podem mostrar ao pagar uma conta ou o modelo do telemóvel, do que a eficiência da sua gestão', disse Felipe, esclarecendo que há excepções. Tudo isto vai modelando uma mentalidade que, ao fim de contas, afecta o desenvolvimento de um país', disse.
A evasão fiscal impune é outro aspecto que castrou investimentos do sector público com potenciais efeitos positivos na superação da crise económica e no desemprego, que este ano chegou a 7,3 por cento da população economicamente activa.
Os únicos contribuintes totalmente cumpridores para os cofres do Estado são os trabalhadores contratados, que descontam na fonte laboral. Nos últimos dois anos, o Governo decidiu tornar mais pesada a mão fiscal sobre essas cabeças, mantendo situações 'obscenas' e 'escandalosas', segundo o economista e comentarista de televisão Antonio Pérez Metello.
'Em lugar de anunciar progressos na recuperação dos impostos daqueles que continuam a rir-se na cara do fisco, o Governo (conservador) decide sacar una taxa ainda maior desses que já pagam o que é devido, e deixa incólume a nebulosa dos fugitivos fiscais, sem coerência ideológica, sem visão de futuro', criticou Metello.
A prova está explicada numa coluna de opinião de José Vitor Malheiros, aparecida esta terça-feira no diário Público de Lisboa, que fustiga a falta de honestidade na declaração de impostos dos chamados profissionais liberais. Segundo esses documentos entregues ao fisco, médicos e dentistas declaram de rendimentos anuais uma média de uns 9.277 (11.410 dólares), os arquitectos de 17.680 euros (21.750 dólares), os advogados de 10.864 (13.365 dólares e os engenheiros de 8.382 (10.310 dólares).
Estes números indicam que por cada seis euros que pagam ao fisco, 'roubam nove à comunidade', pois estes profissionais independentes deveriam contribuir com15 por cento do total do imposto por trabalho singular e só são tributados em seis por cento, disse Malheiros.
Com a devolução de impostos ao fechar um exercício fiscal, estes 'roubam mais do que pagam, como se um carniceiro nos vendesse 400 gramas de bife e nos fizesse pagar um quilograma, e existem 180.000 destes profissionais liberais que, em média, nos roubam 600 gramas por quilo', comentou com sarcasmo.
Se um país 'permite que um profissional liberal com duas casas e dois automóveis de luxo declare rendimentos de 600 euros (738 dólares) por mês, ano após ano, sem ser questionado minimamente pelo fisco, e por cima recebe um subsídio do Estado para ajudar a pagar o colégio privado dos seus filhos, significa que o sistema não tem nenhuma moralidade', afirmou.
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sábado, 16 de maio de 2009
Economia directa. Bancos não são indispensáveis
Recebi por e-mail este texto que relaciono com os três linkados a seguir, porque me parecem um bom estímulo para meditarmos na complexa situação em que o mundo se encontra, por um lado a procurar ultrapassar a crise e a preparar o futuro em moldes diferentes daqueles que originaram o abalo sofrido pela estrutura financeira e, por outro lado, os movimentos pouco claros que procuram reforçar os poderes instalados, com a «Nova Ordem Mundial» em que pontificam os bancos.
A economia de troca directa os bancos
uma pequena vila e estância balnear na costa sul de França chove e nada de especial acontece.
A crise sente-se.
Toda a gente está carregada de dívidas e deve a toda a gente.
Subitamente, um rico turista russo chega ao foyer do pequeno hotel local. Pede um quarto e coloca uma nota de 100 Euros sobre o balcão, pede uma chave de quarto e sobe ao 3º andar para inspeccionar o quarto que lhe indicaram, na condição de desistir se lhe não agradar.
O dono do hotel pega na nota de 100 Euros e corre ao fornecedor de carne a quem deve 100 Euros, o talhante pega no dinheiro e corre ao fornecedor de leitões a pagar 100 Euros que lhe devia há algum tempo. Este, por sua vez, corre ao criador de gado que lhe vendera os leitões e este por sua vez corre a entregar os 100 Euros a uma prostituta que lhe cedera serviços a crédito. Esta recebe os 100 Euros e corre ao hotel a quem devia 100 Euros pela utilização casual de quartos à hora para atender clientes.
Neste momento o russo rico desce à recepção e informa o dono do hotel que o quarto proposto não lhe agrada, pretende desistir e pede a devolução dos 100 Euros. Recebe o dinheiro e sai.
Não houve neste movimento de dinheiro qualquer lucro ou valor acrescentado.
Contudo, todos liquidaram as suas dívidas e estes elementos da pequena vila costeira encaram agora com optimismo o futuro.
Dá que pensar...
Cardeal-patriarca de Lisboa diz que a chamada “crise” pode estar “a gerar uma nova consciência colectiva”
Público. 15.05.2009 - 18h03 Andreia Sanches
Simpósio sobre solidariedade
“Queremos resolver a ‘crise’ ou queremos também ‘escutar’ a crise? É que do fundo do seu drama pode estar a surgir a voz que desafia todos, pessoas e estruturas, a porem-se a caminho, mudando em favor do homem, renovando-se em nome da família humana.” A questão foi levantada hoje pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, no final do simpósio “reinventar a solidariedade em tempo de crise”, organizado pela Conferência Episcopal Portuguesa. (…)
Almeida Santos adverte para urgência de uma nova ordem mundial
Ionline. por Agência Lusa, Publicado em 16 de Maio de 2009
O político e advogado português António Almeida Santos deixou hoje, em Luanda, um aviso: com 4,3 mil milhões de pobres, a humanidade vai viver uma catástrofe se não houver mudanças políticas profundas.
Advertindo para a urgência dos líderes mundiais ganharem “juízo”,o presidente do PS e autor da obra “Que Nova Ordem Mundial?”, usando a pobreza como referência, adverte que “os pobres não têm nada a perder mas os ricos sim”.
“Ou temos juízo, com mudanças políticas sérias, ou vamos assistir a uma catástrofe”, disse. (…)
E o que pretendem os bancos ?
Espremer o cliente
Ionline. por Ricardo Reis, Publicado em 16 de Maio de 2009
Há bancos que aproveitam todas as oportunidades para levarem "couro e cabelo" aos seus clientes. Quando lhes toca a eles falam em extorsão
Um conhecido meu tem uma empresa de construção. É essencial neste sector ter empréstimos bancários estáveis para avançar com as obras enquanto se procuram clientes. Há duas semanas, foi chamado a uma reunião num banco. A gerente bancária queria rever as condições de um crédito existente. O spread saltaria de 4% para 10%, e o prazo de pagamento seria antecipado vários meses. O novo contrato já estava preparado, com a data de 1 de Abril, e os novos pagamentos começariam daí a poucos dias. (…)
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