sexta-feira, 4 de julho de 2008

Má gestão nas Águas de Portugal

Num relatório do Tribunal de Contas em que é analisada a actividade das Águas de Portugal holding entre 2004 e 2006, consta que, apesar da "situação económico-financeira débil", com «resultados operacionais negativos» de 75,5 milhões de euros, tenha havido gastos de 4,8 milhões de euros com viaturas de serviço e prémios de incentivo.

Segundo o relatório, são apontadas como causas da má situação económico-financeira a internacionalização do grupo, que se traduziu num "falhanço empresarial" e "a excessiva fragmentação do sector", por via da criação de "demasiadas unidades empresariais", algumas das quais "não estão a conseguir ser auto-sustentáveis".

Não é moral que tal Aconteça impunemente e, perante uma tão má gestão, com tão elevados prejuízos, os «prémios de incentivo», só podem ser interpretados como incentivo ao aumento dos prejuízos! É certo que em instituições públicas tudo isto está dentro da legalidade, por que as leis são traçadas pelos interessados! Parece incrível que as pessoas já aceitem como normais situações com esta. Mas, mesmo que tenham criado legalidade para tais anormalidades, não deixam de ser, no mínimo imorais, para não utilizar palavras mais tipicamente portuguesas!

Estou certo de que nenhum funcionário da base hierárquica ficaria impune, sem uma grave sanção, se desperdiçasse de tal modo os dinheiros públicos. Os contribuintes não podem ficar felizes ao verem que o dinheiro dos seus impostos tem tal destino. Parece que o país está a saque.

Além da "imediata reestruturação" que é recomendada pelo Tribunal de Contas, devem ser exigidas responsabilidades monetárias, no mínimo, aos administradores das empresas do grupo, incluindo todos os beneficiados pelos ditos «prémios de incentivo». Deve haver moralidade em todos os níveis da administração pública.

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Fogos florestais a horário

Apesar das múltiplas intervenções do senhor ministro da Administração Interna perante as câmaras da TV, a organização do combate aos fogos florestais faz lembrar um antigo programa conhecido por «guerra do Solnado». É incrível que se queira fazer uma guerra com horário aos pirómanos que têm provocado tantos prejuízos neste País.

Concretamente, segundo o DN, o caso é somente este: «A rede nacional de postos de vigia florestal continua fechada entre a meia-noite e as oito da manhã o que impede a detecção atempada dos fogos». Os bombeiros, mais realistas e assentes em larga experiência, consideram a situação inadmissível, mas o Governo desvaloriza e remete para a GNR a gestão desta rede de detecção de incêndios. Porém a GNR não tem dinheiro para pagar horas extraordinárias aos guardas do que resulta as torres de vigia não funcionarem durante a noite.

Além das torres de vigia, também os próprios centros de detecção, que recebem os alertas daquelas, encerram às 24 horas. A Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) lembra que "esta é uma situação inaceitável porque o socorro tem que ser prestado 24 horas" por dia. O presidente da Associação diz que "a rede de detecção é fundamental e constitui-se uma mais-valia no combate aos incêndios florestais até porque existe um elevado número de incêndios que deflagram durante a madrugada e para os quais uma detecção precoce ajuda num combate eficaz".

O Governo decidiu o encerramento nocturno desta estrutura com por base em critérios economicistas, como o pagamento das horas à GNR, mas essa poupança de uns euros será obtida à custa de elevados desgastes ambientais provocados pelos incêndios. É mesmo defensável o funcionamento ao longo de todo o ano de postos de vigia bem localizados que permitem observar atentamente a floresta", porque "os fogos ocorrem cada vez em maior número fora do período mais crítico".

O procedimento atrás referido não é ajustado às realidades do problema e enferma da mentalidade de funcionário público, com horário um pouco alargado, pois não encerram rigorosamente às 17h00, como muitos serviços!

Os detentores do poder não têm capacidade para discernir o essencial do secundário e pretendem poupar onde não devem para gastar à larga onde deviam poupar. Basta estar atento às notícias que a Comunicação Social nos traz diariamente, embora por vezes em letra muito miúda!

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Humanidade sem terrorismo

Tenho aqui defendido a lógica que assiste a movimentos nacionalistas e independentistas e a conveniência de serem tomadas medidas de diálogo e negociação que conduzam a soluções aceites pelas partes, evitando actos de violência que vitimem pessoas inocentes, além de destruírem recursos de toda a ordem, com prejuízo para o desenvolvimento de melhores condições de vida.

É agora notícia a libertação dos reféns das FARC, em que está incluída a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt detida na selva em péssimas condições durante seis anos e meio. Este movimento de guerrilha com quatro décadas de existência que, na sua origem teve ideais sociais e políticos que não conseguiu fazer vencer por métodos democráticos e que quis impor com custos para a população, transformou-se gradualmente numa máquina de violência e de raptos que lhe vale ser classificado como terrorista.

As ideologias e os ideais de justiça social são sempre respeitáveis, mas a violência que assume feições anti-humanitárias não deve merecer apoios. Temos que separar as pessoas e as suas ideias dos crimes contra inocentes, da «justiça» pelas próprias mãos, de forma brutal e desumana. Por isso, acho interessante o pequeno artigo de Ferreira Fernandes no DN, em que critica um site de propaganda de um partido que comentava a libertação de Ingrid Betancourt como a de "um membro da classe política dominante». E deixa a interrogação: «Cada um destes 230 «membros da classe política dominante" portuguesa (…), deveria perguntar a todos os colegas: "Merece algum de nós passar 2323 dias preso, no mato e acorrentado, só por ser democrata ?"»

Diz o jornalista que «a liberdade de expressão não foi inventada só para a gente de bem». Mas é preciso saber separar os valores do respeito pelas vidas humanas, dos interesses partidários. Se somos democratas devemos evitar impor as ideias com recurso à violência. O preceito ‘amai os outros como a vós mesmos’, obriga a reciprocidade para com os opostos (os outros).

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quinta-feira, 3 de julho de 2008

Prosperidade factor de felicidade

Segundo artigo do Jornal de Notícias, a Dinamarca volta a encimar a lista de países com os povos mais felizes, o Zimbabwe situa-se no extremo oposto e Portugal, de entre muitos parceiros europeus, tem vindo a descer muito gradualmente desde meados da década de 80, ficando ainda no pelotão dos trigésimos lugares e um pouco acima dos cinco pontos.

Como a felicidade é uma sensação muito subjectiva, esta abordagem enferma desse mal. Trata-se de um inquérito coordenado pela Universidade de Michigan e que se repete desde 1981 baseado nas respostas, numa escala de um a dez, à pergunta se cada respondente é muitíssimo, muito, pouco ou nada feliz. A seguir à Dinamarca, surgem Islândia, Suíça, Holanda e Canadá. Segundo os responsáveis pelo estudo (World Values Survey) os resultados indicam que os cidadãos cada vez mais valorizam a liberdade de escolherem a sua própria vida, e também que a prosperidade económica, a democratização e a tolerância social aumentam os índices.

Do post «Fosso entre ricos e pobres aumenta»
http://domirante.blogspot.com/2008/06/fosso-entre-ricos-e-pobres-aumenta.html inferia-se que não temos muitas razões para a maior parte da população se sentir feliz, segundo o critério apontado neste estudo!

Entretanto, segundo o «Público» (artigos «Pobreza é uma ‘violação dos direitos humanos’" e «É pobre quem vive com menos de 366 euros por mês»), a pobreza vai ser declarada na AR como uma violação dos direitos humanos e quem propicie e permita a sua existência deverá, no futuro, ficar sujeito a sanções legais. (Como, com que provas, com que sanções? Isso não e dito no jornal). Como será conseguido que esta decisão do parlamento venha a "ter consequências práticas»?

Aponta-se como desejável o princípio "tendo capacidade e não fazendo, é-se sancionado", mas como se passará da teoria à prática? Como será materializada tão pia intenção?

Segundo o INE, em 2006, 18 por cento dos residentes em Portugal estavam em risco de pobreza. Actualmente, o limiar nacional de pobreza é estabelecido, segundo as normas fixadas pela Comissão Europeia, e corresponde a 60 por cento da média nacional do rendimento por adulto, o que em Portugal dará cerca de 366 euros por mês.

Fica-se assim esclarecido de que os deputados estão sensibilizados para o problema da pobreza, mas resta saber se conseguirão resultados práticos, melhores do que com as intenções de reduzir as mortes na estrada, a existência de armas de fogo em profusão e em más mãos, a diminuição dos fogos florestais, a insegurança, a corrupção, a toxicodependência, etc.

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Diferenças entre «civilizações»

Agora que, a propósito das confusões políticas no Zimbabwe, semelhantes às de outros pontos da África, se fala tanto nas características próprias de cada civilização, e que cada uma tem o direito de evoluir ao seu próprio ritmo, sem interferência paternalistas de neocolonialistas, transcrevo para aqui dois pequenos textos extraídos do jornal gratuito «Global Notícias», de hoje, que enfatizam duas formas diferentes de encarar a luta contra a poluição atmosférica, reduzindo as emissões de carbono e procurando energias alternativas menos poluentes. O primeiro texto refere-se à Grã-Bretanha e o segundo a Portugal. A leitura é suficiente, não sendo necessária qualquer nota.

No Reino Unido:

Vinho e óleo de cozinha nos carros da realeza

O príncipe Carlos, preocupado com a ecologia, converteu os seus veículos para que funcionem com bioetanol. O príncipe tem como objectivo reduzir as suas emissões de carbono em25%.

O Aston Martin que a Rainha Isabel II ofereceu ao príncipe Carlos no dia do seu 21.º aniversário foi convertido para poder funcionar a sobras de vinho. E os seus outros veículos – vários Jaguar, um Audi e um Range Rover – necessitam de óleo de cozinha para poder andar. A informação foi divulgada no relatório anual de contas da Clarence House, segundo o qual o príncipe reduziu em 18% as suas emissões de carbono.

Mas estas não foram as únicas alterações efectuadas pelo príncipe ecológico. A água da chuva, por exemplo, é usada para as descargas na casa de banho da sala em que Carlos recebe o público, em Highgrove.

Além disso, os trabalhadores no Palácio de St. James, em Londres, receberam bicicletas para se deslocarem.

Até as vacas da sua propriedade, perto de Highgrove, estão a fazer o seu papel, segundo indicou o secretário pessoal do príncipe ao jornal britânico The Guardian: “Os nossos animais libertam menos metano porque são mais bem alimentados e comem mais erva.”

O objectivo do herdeiro britânico era reduzir as emissões de carbono em 12,5% até 2012, mas, depois do sucesso de 2007, essa meta foi revista, sendo agora de 25%. Para a atingir, Carlos efectuou as alterações nos seus carros e planeia usar, sempre que for “prático e possível”, voos comerciais e não os aviões privados.

Da mesma forma, em 2007, usou por duas vezes os comboios normais e não o real. Cada vez que este é usado – em 13 ocasiões no ano passado – custa mais de 26 mil libras (mais de 32mil euros). Para compensar, o príncipe gastou 23 mil libras (quase 30 mil euros) a comprar emissões de carbono, num total de 600 mil libras (757 mil euros) gastos em medidas sustentáveis.

Além disso, o príncipe angariou 122 milhões de libras (mais de 150 milhões de euros) para iniciativas como a conservação da Amazónia.

Em Portugal:

Veículo eléctrico impedido de circular

O veículo não circula por falta de autorização do Instituto dos Transportes.

Uma viatura eléctrica, adquirida pela “Rota da Luz”para passeios turísticos, está parada em Aveiro porque não foi transposta para o Direito português uma norma comunitária.

O pequeno “autocarro”, de oito lugares, está homologado a nível europeu e até foi importado de Espanha com benefícios fiscais, por não utilizar combustíveis fósseis.

Viaturas idênticas circulam em Espanha nos roteiros turísticos de Barcelona, Granada e Córdoba, mas, apesar da constante subida do preço dos combustíveis, a região de turismo “Rota da Luz” vê-se impedida de utilizar aquele transporte colectivo na via pública, tendo de continuar a consumir gasóleo para mostrar Aveiro aos turistas.

Pelas suas pequenas dimensões e características não poluentes, o veículo seria apropriado, nomeadamente, para passeios pelas ruas estreitas de centros históricos, como é o caso do típico bairro da Beira-Mar, e em percursos ambientalmente sensíveis.

Segundo o presidente da Rota da Luz, Pedro Silva, a razão para o veículo não circular prende-se com a respectiva falta de autorização do Instituto de Transportes, que sucedeu à Direcção-Geral de Viação. Esta entidade, por seu turno, também não a pode conceder, já que a norma comunitária pela qual a viatura está homologada ao nível europeu, não foi ainda transposta para o Direito português.

Adquirido em Barcelona, embora de fabrico chinês, o veículo consome apenas o equivalente a um euro por cada 400 quilómetros, tendo uma autonomia de 80 km.

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quarta-feira, 2 de julho de 2008

África. Modernização difícil

Este post é um aproveitamento do comentário colocado pela Amiga Manuela no post
«África. Conivência e sentimento de posse dos líderes»

A autora sugere que, ao falar do Zimbabwé e, de uma forma geral, deste grande continente, se pense bem o que é a África, a sua cultura e os seus nativos.
- Uma África de princípios tribais, onde tudo era resolvido de uma forma democrática “a seu modo” mas que resultava.
- Uma África que aprendeu os princípios democráticos ocidentais da pior forma, onde se dividiram etnias consagradas e se uniram ódios também sagrados porque ancestrais. “Dividir para reinar”, faz lembrar alguma coisa? Alguma semelhança com o presente?

Condenámos, com fundamentos humanistas o apartheid sul-africano? Provavelmente teria sido correcto condená-lo também na antiga Rodésia de Ian Smith e que terminou apenas pela força das armas da resistência negra, Mugabe entre esta, porque as “negociações democráticas” com o governo britânico não resultaram! (?)

Mugabe não quer deixar o país na mão de brancos e o outro não o queria na mão dos negros. Boa!

Uma África que foi explorada nas suas riquezas naturais e na mão de obra “dada”. Ainda hoje, se quisermos realmente saber, nos podemos aperceber do que a democracia ocidental faz por este continente e por estas gentes… Como poderemos condenar esta união fraterna entre chefes de estado? O passado e o futuro das suas gentes foi escrito há muitos, muitos anos atrás!

Obviamente que nunca poderei defender as atrocidades que se praticam em nome de um “Soba”, mas também as condeno no mundo ocidental, supostamente instruído e democrático e, também ele gerido por “Sobas” que apenas diferem dos originais na cor da pele e nas origens. (Por falar nisso, parece que a Humanidade começou em África, o que poderá explicar muita coisa!)

Finalmente, a parte económica, ou o auxílio económico. Lá diz o velho provérbio chinês: "Quando um homem te pedir de comer porque tem fome, não lhe dês um peixe, ensina-o a pescar!" Pois… a verdade é que foram poucos os que ensinaram a pescar, mas demasiados os que foram lançando peixes, por vezes podres, para alimentar estas gentes. Algo de novo, no presente?

Ainda há poucos anos este país esteve na mira do Ocidente dado o seu desenvolvimento e o elevado nível de educação do seu povo. Terá sido esse interesse que provocou o descalabro? ...E eu sei?

Com mais tempo e alguma pesquisa, encontraria certamente muitos mais argumentos, mas penso que nem é necessário fazê-lo. Basta que tomemos atenção às notícias que todos os dias nos entram em casa.

Uma nota mais: o banto, etnia maioritária no Zimbabué, usa um dialecto da língua banta que significa "colectivo de seres humanos". Interessante, não?

Haveria pano para mangas, como se costuma dizer, para falar sobre este assunto mas penso que para comentário polémico já chega! :)

Manuela

NOTA: É sem dúvida um texto profundo e polémico que trago para aqui, para ter maior visibilidade, a fim de atrair mais comentários para melhor compreensão da África. Nos tempos actuais, principalmente devido à globalização e ao espírito da rentabilidade e da produtividade, os africanos precisam de modernizar o seu sistema de vida a fim de não serem aniquilados, sem apelo nem agravo, pelas forças económicas hodiernas. Mas as mudanças de tradições, rituais, usos e costumes não se conseguem de um dia para o outro, por decreto, sendo necessário tempo, acção didáctica e vontade dos actores, sujeitos ou agentes.

Como diz, as atrocidades feitas em nome do «soba» não são defensáveis e, infelizmente, elas existem como diz a notícia de hoje «Angola: FNLA denuncia detenção de dirigentes do partido» Talvez haja uma «união fraterna entre chefes de Estado», a fim de se protegerem na manutenção do Poder, por forma nem sempre isenta de pecado.

Por outro lado, as tradições étnicas conduzem a um poder central forte (mas devia ser mais humano e honesto) a fim de fazer convergir esforços colectivos do Estado, sobrepondo-se a pequenos interesses locais que não beneficiam a competitividade.

É realmente um tema que merece ser analisado com serenidade e vontade de melhorar as condições de vida das populações, principalmente as menos favorecidas e essa análise deve ser feita internamente e, também, a nível global, pelos Estados mais poderosos, sem ambições materiais, mas com o sentimento de contribuir para um futuro melhor.

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Caxemira, um caso pendente

A Caxemira tem sido uma fonte de preocupações e conflitos entre a Índia e o Paquistão e, recentemente, as notícias dão conta de mais um agravamento da crise.

Tudo começou com a independência da Índia que foi preparada, logo a seguir ao fim da II Guerra Mundial, tendo o último vice-rei, Lorde Mountbatten, proposto a divisão do país numa parte hindu e outra muçulmana. Depois de aprovado tal plano por ambas as partes, a União Indiana e o Paquistão obtiveram a independência como domínio em l947, estatuto que terminou em 1950.

Quando as duas partes foram separadas, as tensões entre hindus e muçulmanos eclodiram em chacinas maciças. O principado deCaxemira, no NO, junto da fronteira com o Tibete chinês, embora com população de maioria muçulmana, mas com um líder hindu, hesitou em unir-se à Índia ou ao Paquistão. Imediatamente os dois países entraram em guerra sobre a questão, que no entanto continua por resolver. A Caxemira tem sido um foco de tensão permanente entre os dois países, tendo estado na origem de duas das três guerras indo-paquistanesas.

Islamabade (Paquistão) reivindica a soberania sobre o único estado indiano de maioria muçulmana cuja integração na Índia, há 52 anos, se deveu à vontade da dinastia reinante, de religião hindu. Trata-se na essência de um conflito em que o factor religioso tem grande importância.

Depois do cessar-fogo entre a Índia e o Paquistão, estabelecido pela ONU em 1949, procedeu-se a uma divisão arbitrária do território do antigo principado, ficando o Paquistão a ocupar AZAD KASHMIR (Caxemira Livre), com 84.000 Km2 e 1,3 milhões de habitantes, com sede administrativa em Muzaffarabad. A estrada de Caracórum construída com auxílio Chinês, passa através desta região ligando o Paquistão com a província chinesa de Xinjiang. A região é dominada pelos importantes picos dos Himalaia, incluindo o k2 (8.611 m), a segunda maior altitude do mundo, a seguir ao Evereste.

A Índia ficou com a parte conhecida por JAMMU AND KASHMIR, com 138.995 Km2 e 6 milhões de habitantes. Tem duas capitais: Srinagar (capital de Verão), com 540.000 habitantes situada a 1.600 m de altitude, centro de comércio, agricultura e turismo estival, e Jammu (capital de Inverno), com 170.000 habitantes, no sopé dos últimos contrafortes do Himalaia. De SO para NE distinguem-se no seu relevo várias unidades fisiográficas: as planícies aluviais, a planície do sopé, o Himalaia e a cordilheira do Caracórum. O Grande Himalaia é constituído a NO por grande maciço cristalino que culmina no Nanga Parbat (8.125 m). As vertentes norte do Grande Himalaia descem sobre o vale do alto Indo originando desnível de mais de 5.000 m. Possui bosques frondosos. As principais actividades económicas são: exploração florestal, a criação de gado, lãs, frutas, milho, trigo, arroz e o turismo. A indústria é do tipo artesanal.

Uma parte do antigo principado, junto da fronteira com a China está ocupada por esta desde meados da década de 1950.

Na busca de uma solução para o conflito inicial, a ONU recomendou a realização de um referendo em que fosse tomada decisão sobre a autodeterminação, mas, mais de meio século depois, este continua por realizar. Esta é mais uma demonstração da falta de eficiência da mais alta instância internacional.

Como a Índia reivindica a totalidade dos 222.995 Km2 do Estado, embora só ocupe cerca de 60%, os combates reacenderam-se em 1965 e 1971.

A escalada da tensão na Caxemira iniciada no início de Maio de l999, com trocas de tiros de artilharia entre indianos e paquistaneses esteve relacionada com a penetração (versão de Nova Deli) de 400 a 600 «mercenários» («combatentes da liberdade» segundo os jornais paquistaneses) muçulmanos, armados por Islamabad. A necessidade de combater essa infiltraçâo levou em 26 de Maio a aviação indiana a intervir pela primeira vez na Caxemira.

Em 26 de Maio, foram abatidos dois aviões indianos (Mig 21 e Mig 27) e, em 27, um helicóptero por mísseis terra-ar paquistaneses, e a escalada da tensão na região subiu uma vez mais de nível e preocupou os aliados das duas partes Estados Unidos e China no caso do Paquistão, Rússia em relação à Índia. A França e o Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, exerceram pressão nos primeiros-ministros a fim de acalmarem os ânimos.

Esta situação era preocupante para o mundo porque os dois estados em conflito dispõem de capacidade nuclear, embora a Índia beneficie de vantagem militar.

A Índia (com 980 milhões de habitantes) realizou o seu primeiro teste nuclear em 1974 e mais cinco em l998, possuindo, segundo os especialistas, de 30 a 60 bombas equivalentes à de Hiroxima (20 Kt). Possui também mísseis balísticos com alcance de 2.000 a 2.500 Km (o Agni, fogo, cuja versão mais recente foi testada em Abril de 1999) e mísseis solo-solo com alcance de 250 Km (o Prithvi).

O Paquistão, com cerca de 130 milhões de habitantes, efectuou a primeira série de testes nucleares em Maio de 1998, sendo em l999 creditado pelos especialistas com uma dezena de cargas nucleares. Possui também mísseis solo-solo com alcance de cerca de 2.300 Km (o Ghauri II, uma versão testada em Abril de l999).

Também a nível do armamento convencional, segundo o Instituto de Estudos Estratégicos Internacionais de Londres, a Índia supera igualmente o Paquistão.

Quando ambos os Estados deslocaram para perto da fronteira meios de lançamento de armas nucleares, houve sério risco de ser iniciada uma troca de tiros nucleares o que teria resultados difíceis de calcular, devido ao efeito de escalada. Foi mais um motivo para os detentores de armas nucleares intensificarem as medidas tendentes à inibição da proliferação nuclear.

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Que futuro para Portugal?

Transcrevo do blog Ali-se este post da autoria de Alice Valente que julgo merecer uma meditação muito empenhada, para melhor compreensão do futuro que querem para Portugal, para os nossos netos e mais descendentes.

Clube Ministério Educação

Clube Ministério Educação e a «oferta» de escolas a empresas

O Governo e o Ministério da Educação, comportam-se como um grande Grupo Económico ao descobrir a pólvora através das enormes potencialidades do Ensino com seus professores e alunos como a massa mais facilmente a ser impulsionada ao consumo. E assim este clube ministerial descaradamente, oferece, comercializa e utiliza as escolas deste país, para servir empresas como se de um seu negócio se tratasse.

Há uns meses através ouvi uma notícia que dizia, que as profissões mais bem sucedidas num futuro próximo, seriam as do ensino e as da saúde. Compreende-se, assim, a obrigação e a sua salvação. E, relativamente ao ensino, com estas 30 novas academias anunciadas ontem pela ministra da Educação, a maior das fraudes para com o Ensino e a Educação aí está: o Ministério da Educação gasta 400 milhões de euros para empresas (Apple, Cisco, Linux, Microsoft, Oracle e Sun), irem para as escolas, formar e formatar alunos.

Notícia do Público de ontem:
Ministério da Educação celebra com empresas protocolo para criação de academias de tecnologias da informação

Notícia do JN de 8 Junho:
Educação: 30 empresas das tecnologias de informação vão certificar competências dos alunos

E, no espaço de um mês, de uma certificação Duplex (com Cisco):

Uma formação que passa por alargar as Networking Academias Cisco por todo o país, prevendo um aumento das actuais 150 para 400 até 2011.

«Vamos formar essas academias em várias áreas de actividade da nossa sociedade. Em ONGs, em Centros de Novas Oportunidades, em Escolas, em prisões, em todas as áreas onde pudermos levar esses conhecimentos, nós teremos o maior gosto em colaborar com a Cisco, para levar os conhecimentos Cisco, e as competências Cisco a mais portugueses», explica José Sócrates, Primeiro-Ministro.

As Academias serão instaladas em Universidades, Politécnicos e outras escolas e vão dar uma dupla certificação.

«Significa a possibilidade de um jovem ou mesmo um adulto que frequente estes cursos e os conclua com êxito poder vir a obter um diploma que certifica as suas competências escolar e profissionalmente. O chamado Diploma de Dupla Certificação. Hoje, as certificações profissionais organizam-se dentro deste Catálogo Nacional de Profissões e a inclusão destes cursos neste catálogo significa que os jovens que os frequentem ou os adultos vão poder dispor de um diploma, que é um diploma de reconhecimento formal escolar e profissional», refere Maria de Lurdes Rodrigues, Ministra da Educação…..


Maria de Lurdes Rodrigues passa agora para uma certificação Triplex ao afirmar:

(…) grandes empresas que apostam nas escolas, como pólos ou centros de formação, e pode acontecer, que possam ter possibilidade de estágio nestas grandes empresas, mas sobretudo haverá uma oportunidade de estágio e de trabalho para jovens com esta formação certificada por estas empresas.
(…) Ficam com uma espécie de tripla certificação, porque terão a certificação de nível secundário, a formação profissional do nível secundário… e terão um triplo certificado e que é o certificado reconhecido por estas empresas (por estas indústrias). [ouvir mais]

Vaidades e interesses, políticas e um modelo Triple Helix como relação entre governo, academias (escolas ou universidades) e empresas (com indústrias das ciências no que é tecnológico).

Está implícito, para quem quiser entender, que não será necessário aos jovens, esforçarem-se, estudarem para aprender ou terem grandes resultados, porque os talentos fabricam-se em conformidade por quem muito bem os quer e os poderá vir a usar:

(…) O que podem as empresas fazer para identificar as suas potenciais «estrelas» ou colaboradores de elevado desempenho? Podem começar por atirar fora os testes de QI e outros semelhantes para “medir” o intelecto.
(…) O Hay Group possui uma das mais extensas bases de dados do mundo sobre competências e comportamentos de liderança.
O Hay Group trabalha com muitas das organizações, públicas e privadas, que lideram o sector da Educação. Estamos orgulhosos do nosso expertise neste sector.

E hoje, dia 1 de Julho, realiza-se em Lisboa, o Forúm Hay Group 2008, no VIP Grand Lisboa Hotel & Spa, um evento para comunicar e apresentar as boas práticas das empresas consideradas as Mais Admiradas de 2008.
O Dr. Nuno Brito, Director Corporativo de Gestão Estratégica de Relações Humanas da EDP será o orador convidado, que falará sobre a Gestão de Talento à Escala Global.


Basta assim, ordeira e globalmente, aceitar ou estar no Hay Group (Portugal incluído) a satisfazer as directrizes de Bilderberg‘s portugueses do Clube ou Bildeberg Group.

ALICE VALENTE

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O perigoso «Psico-ENSINO»
2 0 0 7 _ 0 1 J U L H O : UM TANTO FAZ DO OUTRORA AGORA

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terça-feira, 1 de julho de 2008

Polónia e Tratado de Lisboa

Transcrevo esta notícia da TSF online

UE: Presidente polaco recusa assinar Tratado de Lisboa

Varsóvia, 01 Jul (Lusa) - O presidente polaco, Lech Kaczynski, anunciou que não assinará o Tratado de Lisboa, sustentando que ele está agora "sem substância" depois da recusa dos eleitores irlandeses a ratificá-lo, numa entrevista publicada hoje.

"Por agora, a questão do tratado está sem substância", afirmou o presidente conservador polaco ao diário Dziennik, segundo a edição digital do jornal. Todavia, o parlamento polaco ratificou, logo em Abril, o Tratado destinado a reformar o funcionamento das instituições europeias. Mas para ser definitivamente um dado adquirido, a ratificação tem de ter a assinatura do presidente.

A deserção de Lech Kaczynski é um golpe importante para os esforços do presidente francês, Nicolas Sarkozy, que pretende circunscrever o problema da ratificação à Irlanda, durante a sua presidência da UE que hoje começou. "É difícil dizer como é que isto vai acabar. Em contrapartida, a afirmação segundo a qual não há União se não houver Tratado não é séria", acrescentou o presidente Kaczynski.

O novo Tratado, que visa facilitar o funcionamento das instituições de uma UE a 27 e que substitui o projecto de Tratado Constitucional rejeitado em 2005 em referendos em França e na Holanda, tem de ser ratificado por todos os Estados membros para que possa entrar em vigor.
No mesmo dia em que o parlamento polaco dava a sua autorização definitiva à ratificação do Tratado de Lisboa pelo Presidente Lech Kaczynski - 02 de Abril - o presidente da Comissão Europeia felicitava a Polónia pelo acto, que considerou "simbolizar a confiança" de Varsóvia no projecto europeu."Congratulo-me com o resultado da votação, que mostra que o Tratado une mais do que divide e foi objecto de um acordo entre o governo polaco, o presidente e as forças políticas", afirmava José Manuel Durão Barroso num comunicado.
TM. Lusa

NOTA: Se bem que para a União Europeia ser uma realidade, é preciso uma autoridade central ou partilhada, mas com a colaboração convergente de todos que, para isso, têm de dispensar o nacionalismo e muitos interesses que devem subordinar-se aos interesses colectivos, é bom ver que nem todos os políticos são lesmas invertebradas, quais «yesmen», que prescindem de ter opinião própria nos mínimos pormenores. Realmente, se o tratado exige unanimidade, deixa de ter sentido uma qualquer assinatura de um chefe de Estado. Depois do «Não» da Irlanda o tratado deixa de existir como tal e, após de receber alterações que mereçam a unanimidade, terá também outro nome, nem que seja o acrescento de um «- A» ao título inicial. E se não for conseguido acordo, também não há tragédia pois tudo o que começa acaba, e das grandes coligações do passado nenhuma existe actualmente.
O mundo está permanentemente em construção, e nada nem ninguém é eterno.

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África. Conivência e sentimento de posse dos líderes

Na cimeira Africana no Egipto, Mugabe recebe apoio da quase totalidade dos seus pares, chegando ao cúmulo de o líder do Gabão, Omar Bongo Ondimba, o considerar «herói africano». Isto não admira dado que se encontra no poder desde 1967 (há 41 anos!)

O único que disse que Mugabe devia ser suspenso da União Africana foi Odinga, líder do Quénia, que há meio ano estava na oposição e agora se sente mais solidário com Morgan Tsvangirai, pois, para assumir o poder no início do corrente ano, teve que esperar que serenasse a violência dos apoiantes do seu antecessor.

A democracia em África não tem a mínima semelhança com a que é entendida no mundo ocidental. O próprio Omar Bongo Ondimba diz que a África não deve seguir modelos estrangeiros. Cada dirigente se considera dono do seu País e não admite que haja um opositor que tente derrubá-lo. Existe uma conivência traduzida no apoio mútuo de que beneficiarão directa ou indirectamente, no imediato ou a prazo.

Mas como o dinheiro não dá para tudo e as populações morrem de fome e de doenças, não têm o mínimo rebuço de pedir auxílio aos países ocidentais, os tais que, segundo o «dono» do Gabão, não têm que dar lições nem interferir nas políticas dos ditadores africanos. Sinais dos tempos!!!

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