domingo, 31 de janeiro de 2010

Nova economia contra a globalização

Transcrição

Uma "nova economia" para substituir globalização suicida
JN. 31-01-2009. Por Luis Filipe Menezes

Após negociações com a Oposição, foi aprovado pelo Governo o Orçamento para 2010. Um orçamento que aponta para um crescimento económico de 0,8 %, para uma redução do défice de 1% - de 9,3 para 8,3 do PIB -, para um aumento do desemprego em 0,3 % - de 9,5 para 9,8% -, para um aumento da dívida pública em 10 pontos percentuais.

Em conclusão, esta previsão assume o pessimismo fatalista que invadiu a Europa e o país. A economia continuará estagnada, o Estado assume a impossibilidade de controlar o desequilíbrio das contas públicas, o endividamento cresce a galope e os problemas sociais agudizam-se.

Contudo, paradoxalmente e infelizmente, este orçamento é, não só realista, como o único possível face ao contexto nacional e europeu em que se enquadra! Chegou o momento de pagarmos a factura de década e meia de erros e omissões.

Realista, porque, face ao imobilismo reformista, em Portugal e na Europa, não é possível atacar o principal factor de preocupação da conjuntura económica - o défice orçamental.

O défice podia ser controlado através de um pujante crescimento económico ou da actuação em relação aos três parâmetros que absorvem quase 100% da despesa do Estado: despesas sociais, despesas de funcionamento da Administração - nomeadamente os salários da Administração Pública - e o investimento. Ora, face à crise vigente, é impensável diminuir as verbas afectas à Segurança Social, Educação ou Saúde, é irrealista esmagar ainda mais o poder de compra dos funcionários públicos, é impensável reduzir abruptamente o investimento público - tal conduziria à paralisia de uma economia excessivamente dependente desse fôlego e impediria o aproveitamento do último pacote substantivo de fundos comunitários.

Neste contexto, será impossível, por este caminho, cortar nos próximos três anos mais de cinco pontos percentuais ao défice, compromisso assumido com a União Europeia. Tal só seria viável se os portugueses fossem totalmente colocados em prisão preventiva, num campo de concentração, num regime de pão e água.

É verdade que o equilíbrio das contas públicas podia e devia vir pela via do crescimento económico, mas esse trilho está armadilhado. Enquanto Portugal não tiver um desígnio definido e a Europa não entender que alinhou numa globalização suicida, tal não será possível.

A Europa, de uma forma insensata, viu partir a indústria, vê partir os serviços, aniquila as pescas e a agricultura, vivendo feliz por estar a contribuir para o maior crescimento médio de sempre da economia mundial - à custa do crescimento consistente e recorde de economias como as da Índia e da China. A Europa transforma-se assim num espaço de consumo, ignorando que, desta forma, vai enfrentar roturas sociais graves, com aumento catastrófico do desemprego e total incapacidade para sustentar o seu generoso Estado Social. Aliás, o crescimento global só existe à custa de economias onde o desrespeito com o ambiente, direitos humanos e direitos sociais as torna imparavelmente competitivas.

Assim sendo, em que pode apoiar-se um pensamento de esperança? Em primeiro lugar, na inevitável renegociação das regras que regem todo o regime de trocas à escala global. A livre circulação de fluxos financeiros, pessoas e, principalmente, de bens e serviços, terão de ser indexadas à igualização das regras do jogo. No cumprimento de direitos humanos, sociais e ambientais.

De seguida, com a adopção de um modelo de desenvolvimento alternativo, que faça da energia limpa e da protecção ambiental um estímulo à criação de uma "nova economia".
No caso português, no inevitável encontro de um rumo, que defina um projecto nacional inteligível. Mas sejamos sérios, tal não está para breve e dificilmente daremos grandes passos em frente enquanto a sensatez não chegar em simultâneo à escala europeia.

NOTA: Embora o autor não seja economista, apresenta um diagnóstico credível e uma terapia desejável mas, como confessa, sem viabilidade em futuro próximo e com condicionamentos difíceis de ultrapassar. Não há motivos para optimismos com um mínimo de sustentação.
Dados complementares podem ser vistos nos artigos do mesmo jornal Continuar à espera e O Bom Aluno

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Poesias de Viçoso Caetano, Links

Depois das poesias mais recentes de Viçoso Caetano, o poeta de Fornos d’Algodres, vários visitantes me disseram que gostariam de consultar as já publicadas, sem terem de perder muito tempo na pesquisa. Realmente, verifiquei que não era fácil encontrar todos os poemas, por não ter havido uniformidade nas etiquetas. Tal dificuldade está ultrapassada e, para maior comodidade, coloco aqui os links para abrir de imediato qualquer dos poemas, bastando fazer clic sobre o seu título.

O poeta Viçoso Caetano merece esta atenção.

Ser Militar
Desabafo
Homenagem a Hugo dos Santos
Terrível Profecia
Às Armas !!!!
Manifesto Anti Esquerda
Amigos e Companheiros, poema de Viçoso
Saramago
Pensar melhor
Eleições 2009
CART 566-RAP 2
Presidência Portuguesa da UE
De Belém
Reflexões
Trova do vento que passa
Conversa fiada
Portugal, diz Presente!!!
Que se passa?
Ao Combatente do Ultramar Português
Reflexões
A (Minha) Mensagem
Democracia

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sábado, 30 de janeiro de 2010

Amigos e Companheiros, poema de Viçoso


AMIGOS E COMPANHEIROS

O País de marinheiros
D´heróis e conquistadores
Onde Inês morreu de amores
E Camões cantou louvores;

O País ensoalheirado
À beira-mar plantado
Que tem a areia mais fina
Com a água cristalina
E beleza quase divina;

O País de todos nós
Onde o sol nunca se punha,
Com ouro às toneladas,
Instituições respeitadas
Geridas por mãos honradas,
Patriotismo às carradas
- Deus é minha testemunha –
Orgulhosamente sós
Significando altivez
Vaidade em ser português
Honrando nossos avós !

O Portugal d´outras eras,
- agora lançado às feras –
Está mesmo no fim da linha
Onde exangue se definha !

Hoje, quando olho à volta
Sinto enorme revolta !

Vejo um País democrata
Atirado p´rá sucata.
Um País sem substância
Onde impera a jactância
Em primores de ignorância,
E onde tudo acontece.

Até a Educação
Já se escreve com “S”
E a juventude rasca
Vai p´rá escola vestida
Como se fosse p´rá tasca !


Um País onde a Justiça
Anda a dormir com preguiça,
A premiar malfeitores,
Ladrões e salteadores,
Corruptos e vigaristas,
Desertores e arrivistas,
E outros oportunistas
Como alguns camaleões,
Cambada de rufiões
Corja de laicos poltrões,
Súcia de parlapatões,
Uns coveiros de nações !

Vomitam ódio e inveja
Anti-Cristo, anti-igreja
Anti tudo o que não seja
D´acordo com seus programas.

Uma récua de sacanas,
Tinhosos e fraudulentos,
Raivosos e lazarentos,
Pseudo-intelectuais
- P´lo que aprendem nos jornais –
Muitos homossexuais,
- Aos saltinhos e aos ais….
E uns quantos desgravatados
- Uns tristes, pobres, coitados –
Que como os gatos pingados
Vêm aos restos mortais….

Falta o grupo de rapazes
Com tendência p´ró sinistro
Que de nada são capazes
- a não ser colar cartazes –
E hão-de chegar a ministro !

Gente em tudo pamonha
Sem bases e sem vergonha
Que nasceu contra-vontade
Quando o aborto era crime.
Co´a nova lei aprovada
- que nesse ponto a redime –
Já não nasce mais cambada
- que é desde logo abortada –
P´ra Portugal renascer
E tornar a vir a ser
A "velha" Nação sublime !

Viçoso Caetano
( O Poeta de Fornos de Algodres )
29Jan2010

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Golfe e as suas potencialidades

Golfe, desporto caro, negócio rentável e que exige bons técnicos em vários sectores.

Há dias reenviei uma mensagem que ironizava com a notícia de um Mestrado em Gestão e Manutenção de Campos de Golfe. Felizmente, há pessoas atentas e sabedoras dos assuntos, que, na oportunidade, não ficam caladas como a maioria silenciosa, antes emitem esclarecimentos que servem para reduzir o grau de ignorância dos que se deixam arrastar por tais cadeias de reenvios.
Assim, o meu amigo Fernando Vouga, enviou-me este e-mail que reproduzo com a melhor das intenções.

Como praticante assíduo da modalidade, sei que essa matéria abrange vários aspectos (desportivos, "agrícolas", paisagísticos, urbanísticos, comerciais, financeiros, etc.) e tem muito que se lhe diga. Só a manutenção dos relvados é um quebra-cabeças muito caro.

Sinceramente, vejo vantagem em haver profissionais muito qualificados.
O golfe é um desporto em grande expansão e que envolve muitos milhões. Só para fazer uma ideia, para se jogar paga-se cerca de 90€, fora outras alcavalas. Um turista poupado, num dia de jogo, fica "aliviado" em cerca de 200€ ou mais (refeições, bebidas, aluguer de carrinhos e tacos, compras no "shop", etc.). E não podemos esquecer o que desembolsa nos hotéis e restaurantes durante os dias que passa no local.

Fica aqui este esclarecimento para todos passarmos a olhar para esta actividade complexa que pode contribuir para o desenvolvimento de uma região e para captação de divisas trazidas pelos turistas.

Muito obrigado amigo Vouga

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Saramago, poema de Viçoso

J. Saramago
(poesia de Viçoso Caetano, o poeta de Fornos d'Algodres)

É José, mas não é São,
É Sara e ninguém diria,
É Mago e não faz magia
Sendo ateu por opção,
Já que nunca a Bib…lia !

Dizem qu´escreve umas coisas
Sem fazer pontuação.
Será falsa afirmação
Mas é o qu´ouço dizer.

Eu nunca li nada dele
Nem faço tenção de ler,
Essa promessa solene
Aqui vos quero fazer.

É comuna e não parece
Pois gosta do capital
Que lhe entra no bornal.
Quando lhe cheira a “pilim”
Logo o partido esquece
e até reza uma prece,
Até faz….. Caím, Caím

NOTA: O autor pode parecer intolerante, mas é homem de letras e patriota!!!

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Limpar Portugal é obrigação das autarquias

Embora não tenha condições físicas para trabalhar nesta meritória tarefa de LIMPAR PORTUGAL e no terreno apenas se quer quem possa trabalhar, tenho procurado dar o máximo apoio usando o teclado. Aprecio imenso a actividade da nossa amiga e do marido, em conjunto com a equipa de Vila Nova de Cerveira, que se tem constituído em exemplo a seguir por todo o País. O seu entusiasmo é revelador de um são e forte sentido de cidadania e de civismo.

No PÚBLICO de hoje vem a notícia Empresa que fez despejos junto à CREL trabalhava para a câmara da Amadora que se refere ao deslizamento de terras de uma lixeira ilegal que que provocou a interrupção do trânsito naquela via durante semanas.

Esta notícia veio dar força a um pensamento que se aninhou na minha cabeça desde há meses. A campanha meritória de LIMPAR PORTUGAL deve ser interpretada pelas autarquias como uma bofetada dada por mão de mestre. No caso da Amadora a Câmara tem culpas bem visíveis por não controlar a empresa que com ela trabalha. Isso, provavelmente, passa-se também com outras câmaras. Perante esta campanha nacional, os autarcas que fossem pessoas com sentido de honra e de responsabilidade, reconheceriam que cometeram erros por omissão, desleixo, incúria, deixando criar tais lixeiras e, agora, antecipariam tal limpeza por forma a que, no dia 20 de Março, não seria encontrada nenhuma. A bofetada perderia parte da sua violência. Mas não deixaria de ter o seu mérito de ter tido a iniciativa.

A responsabilidade de manter o país limpo é das autarquias. Devem evitar as lixeiras e, logo que apareça algum despejo ilegal, devem tomar medidas para multar ou aplicar coimas aos transgressores e obrigá-los a remover, ou ela própria fazer a remoção de imediato, pelos serviços municipais a expensas do infractor.

Sugiro a todos os entusiastas desta campanha que, depois do 20 de Março, contribuam para que o País seja mantido limpo, informado as autarquias e exigindo delas, com acções públicas (se necessário), a limpeza de qualquer sujidade que seja lesiva do ambiente. Não devem limpar mas exigir que a autarquia mostre ter compreendido esta lição cívica e cumpra o seu dever.

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Indisciplina. Família e Escola

Transcrição de texto recebido por e-mail de Maria João F, que agradeço.

A indisciplina nas escolas (vista por F. Savater)
Especialistas reunidos em Espanha

Aumento da violência nas escolas reflecte crise de autoridade familiar
Especialistas em educação reunidos na cidade espanhola de Valência defenderam hoje que o aumento da violência escolar deve-se, em parte, a uma crise de autoridade familiar, pelo facto de os pais renunciarem a impor disciplina aos filhos, remetendo essa responsabilidade para os professores.

Os participantes no encontro 'Família e Escola: um espaço de convivência', dedicado a analisar a importância da família como agente educativo, consideram que é necessário evitar que todo o peso da autoridade sobre os menores recaia nas escolas.

'As crianças não encontram em casa a figura de autoridade', que é um elemento fundamental para o seu crescimento, disse o filósofo Fernando Savater.
'As famílias não são o que eram antes e hoje o único meio com que muitas crianças contactam é a televisão, que está sempre em casa', sublinhou.

Para Savater, os pais continuam 'a não querer assumir qualquer autoridade', preferindo que o pouco tempo que passam com os filhos 'seja alegre' e sem conflitos e empurrando o papel de disciplinador quase exclusivamente para os professores.

No entanto, e quando os professores tentam exercer esse papel disciplinador, 'são os próprios pais e mães que não exerceram essa autoridade sobre os filhos que tentam exercê-la sobre os professores, confrontando-os', acusa.

'O abandono da sua responsabilidade retira aos pais a possibilidade de protestar e exigir depois. Quem não começa por tentar defender a harmonia no seu ambiente, não tem razão para depois se ir queixar', sublinha.

Há professores que são 'vítimas nas mãos dos alunos'.

Savater acusa igualmente as famílias de pensarem que 'ao pagar uma escola' deixa de ser necessário impor responsabilidade, alertando para a situação de muitos professores que estão 'psicologicamente esgotados' e que se transformam 'em autênticas vítimas nas mãos dos alunos'.

A liberdade, afirma, 'exige uma componente de disciplina' que obriga a que os docentes não estejam desamparados e sem apoio, nomeadamente das famílias e da sociedade.

'A boa educação é cara, mas a má educação é muito mais cara', afirma, recomendando aos pais que transmitam aos seus filhos a importância da escola e a importância que é receber uma educação, 'uma oportunidade e um privilégio'.

'Em algum momento das suas vidas, as crianças vão confrontar-se com a disciplina', frisa Fernando Savater.

Em conversa com jornalistas, o filósofo explicou que é essencial perceber que as crianças não são hoje mais violentas ou mais indisciplinadas do que antes; o problema é que 'têm menos respeito pela autoridade dos mais velhos'.

'Deixaram de ver os adultos como fontes de experiência e de ensinamento para os passarem a ver como uma fonte de incómodo. Isso leva-os à rebeldia', afirmou.

Daí que, mais do que reformas dos códigos legislativos ou das normas em vigor, é essencial envolver toda a sociedade, admitindo Savater que 'mais vale dar uma palmada, no momento certo' do que permitir as situações que depois se criam.

Como alternativa à palmada, o filósofo recomenda a supressão de privilégios e o alargamento dos deveres.

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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Mais uma referência à qualidade da legislação


Mota Amaral, na sua tomada de posse como presidente da AR, em Abril de 2002, incitou os deputados a pensarem no aumento do seu prestígio perante os eleitores, melhorando a qualidade do seu trabalho, elaborando leis mais simples, perfeitas e eficientes. Realmente, são precisas leis exequíveis, rigorosas, claras, sem rodriguinhos, para serem facilmente interpretáveis e úteis.

Recentemente tal apelo tem sido feito por diversos altos funcionários da Justiça, por comentadores e por pensadores independentes.

Mas agora é o próprio
Presidente da República. Segundo ele, como “a pretensão de mudar a realidade da vida pela força da lei raramente produziu bons resultados”, é indispensável a qualidade das leis, devendo haver mais rigor, mas sobretudo, “mais ponderação e prudência”, assim como “maior sentido de adequação à realidade”.

Salientou que “muitas das leis produzidas entre nós não têm adequação à realidade portuguesa. Correspondem a impulsos do legislador, muitas vezes ditados por puros motivos de índole política ou ideológica, mas não vão ao encontro das necessidades reais do país, nem permitem que os portugueses se revejam no ordenamento jurídico nacional”.

Esta actuação abstracta e despegada da realidade, faz recordar o caso concreto da
segurança rodoviária e da prevenção dos fogos florestais em que, apesar de elevados gastos ainda não foram conseguidos resultados visíveis.

Houve alguém que disse que muitos dos problemas essenciais do País não foram ainda resolvidos porque os políticos ou os desconhecem ou não os querem resolver. Neste momento todos os grandes temas têm sido analisados com bastante profundidade, o que retira credibilidade ao seu desconhecimento por quem quer que seja, logo… Então haverá que analisar o porquê da falta de vontade e a incompetência ou os interesses que poderão estar por detrás.

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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Pobre nem pode tratar da saúde


Transcreve-se editorial do Globall Notícias e junta-se uma nota.

A saúde a que temos direito
Jornal gratuito Global Notícias. 100127. Silva Pires, Director

Saber que seis em cada dez famílias portuguesas tiveram dificuldade em seguir tratamentos médicos no último ano por motivos económicos, como revela um inquérito da Deco, é um dado que nos permite ter a certeza de que continua a haver muita pobreza escondida.

Saber que sete em cada dez famílias gastam uma média de 1700 euros por ano em saúde
e que isso representa um quinto do seu rendimento líquido serve para nos interrogarmos sobre o sistema de saúde que temos. E é motivo para aplaudir a Deco quando pede respostas adequadas e a atenção do Estado aos grupos mais vulneráveis.
É o mínimo que todos devemos esperar.

NOTA:

1. Transcrição de frase do Pobreza em Portugal:

Os empresários também não foram poupados. "Quando vejo a CIP a defender que o salário mínimo não aumente não posso concordar. Que país queremos? Quantos de nós aqui conseguiriam viver com 450 euros por mês?", perguntou à audiência, deixando depois um repto aos empresários: "Peço aos empresários para serem inovadores, abram-se ao mundo, sejam empreendedores".

2. Transcrição de frase do Portugal visto de Espanha:

Os únicos contribuintes totalmente cumpridores para os cofres do Estado são os trabalhadores contratados, que descontam na fonte laboral. Nos últimos dois anos, o Governo decidiu tornar mais pesada a mão fiscal sobre essas cabeças, mantendo situações 'obscenas' e 'escandalosas', segundo o economista e comentarista de televisão Antonio Pérez Metello.

3. Transcrição de frase do Sugestões para recuperar Portugal

A decisão de controlo dos salários «precisa de uma análise sistémica, como se costuma dizer. Precisamos de ter a dimensão do problema antes de começar a opinar sobre as soluções, e a primeira medida a tomar é acabar com o excesso de despesa pública, porque é isso que se traduz em aumento de impostos. Temos uma carga fiscal maior do que Espanha, o que não é aceitável porque temos um nível de desenvolvimento pior. Se precisamos de encarar os problemas, temos de os hierarquizar e, para mim, o maior problema, neste momento, é o desemprego. São recursos desaproveitados, o único que temos é o factor humano, não temos recursos naturais, não temos dimensão…»

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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Na peugada de Madre Teresa de Calcutá!!!

Maria Conceição, nasceu em Vila Franca de Xira, há 32 anos, tem um aspecto frágil mas determinado. Encontra-se sedeada no Dubai como assistente de bordo e do que tem visto pelo mundo, sentiu-se preocupada com a vida de muitas crianças em bairros pobres e decidiu, há cinco anos, entregar-se a um objectivo: minorar a miséria de crianças de uma comunidade desprovida de tudo, dando-lhes mais condições de higiene, saúde e educação. Começou por procurar bens doados em roupa que eram vendidos para obter verbas.

E a captação de boas vontades permitiu evoluir ao ponto de agora, o seu projecto, o Dahka Project, na capital do Bangladesh, já poder apoiar 600 crianças no bairro de Korail e emprega cem pessoas da mesma comunidade. O resto é trabalho esforçado de voluntários do mundo inteiro.

Depois de ter sido tocada pela miséria de outros e querer pôr-lhe fim. Maria Conceição tomou em mãos um bairro desprovido de tudo depois de uma passagem profissional pela capital do Bangladesh. Esta portuguesa já ganhou prémios de prestígio pela sua acção humanitária. É aliciante ver reconhecida a sua acção de que resultam benefícios para tanta criança carente.

Agora, Maria Conceição, atraída pela grande vontade de bem-fazer e de ajudar, num mundo em que os carenciados são ignorados pelos donos do dinheiro presos a um materialismo ambicioso e egoísta de olhos no imediato, não desiste e tem em mente outro projecto, esse no Brasil, provavelmente no Nordeste. Será um orfanato capaz de se auto-sustentar com a exploração de uma unidade hoteleira de praia. Segue o conselho chinês: se queres matar a fome a um pobre não lhe dês um peixe, dá-lhe uma cana e ensina-o a pescar. Prepara as crianças para a auto-subsistência, para a pequena empresa.

Diz com muita segurança: "Cheguei à conclusão de que aquelas crianças tinham um potencial enorme, mas não tinham oportunidades", assim recorda o grande embate ao visitar os arredores de Daca. Há ali um trabalho desmedido e difícil a fazer e, aos poucos, há resultados. Tudo é difícil, até ter vacinas doadas por vários países e encontraram todo o tipo de obstáculos para conseguir das autoridades daquele país um boletim que atestasse por alguma forma a identidade das crianças.

Maria Conceição tem a energia de liderança dos dinamizadores e transmite-a. Garante que é exigente com os voluntários e reconhece que, indo uma vez por mês a Daca e tendo já lá passado dois meses, aquelas circunstâncias são tão dramáticas que "se tem que sair para respirar e recarregar baterias". Na capital do Bangladesh, outra iniciativa de Maria está a pôr crianças a ensinar inglês aos pais e a dinamizar a comunidade de Gawair para a limpeza das casas e vielas. A esta acção, a fundadora deu o nome de The Catalist.

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Pobreza em Portugal

Como bem diz João Salgueiro, os especialistas estão a abrir a verdade sobre as realidades nacionais, e a juntar-se ao que disse na sua entrevista, ao que Medina Carreira tem repetidas vezes afirmado aparece agora Fernando Nobre, todos a mostrarem que o referido no post Portugal visto de Espanha é uma radiografia real do que se está passando.
O texto que se transcreve foi recebido por e-mail do amigo Manuel Nicolau, sem indicação do autor.

"A Pobreza em Portugal é uma vergonha"

Fernando Nobre, fundador e presidente da AMI, quebrou o politicamente correcto que marcou o debate de dois dias na 3º Congresso da Ordem dos Economistas sobre a Nova Ordem Económica.

Nobre fez um discurso inflamado, provocando uma plateia cheia de economistas, que também são actuais e ex-responsáveis políticos, gestores e empresários, conseguiu palmas da plateia e introduziu um sentimento de urgência e indignação que, até esse momento, esteve ausente do debate.

"É uma vergonha a pobreza que temos em Portugal". "Não me falem dos problemas de aumento do salário mínimo. Quem é que aqui nesta sala consegue viver com 450 euros?". "Não me venham com cirurgias plásticas para as mudanças que vão acontecer no mundo. Nós, os cidadãos não as vamos aceitar", foram algumas das frases que deixou aos economistas presente.

Nobre, que também é médico e professor, interveio num painel que abordou o papel das organizações não governamentais (ONG) na nova ordem económica mundial defendendo que além do seu papel no apoio à sociedade e de compensação por falhas dos governos, as ONG têm um papel essencial na denuncia de injustiças e desequilíbrios, e na pressão para que o mundo possa mudar. E foi isso mesmo que fez.

O presidente da AMI diz que "em Portugal é preciso redistribuir melhor a riqueza", que "há dezenas, senão centenas de milhares de jovens a sair de Portugal porque perderam a esperança". Inconformado, disse que "combater a pobreza é uma causa nacional", e salientou: "Não me venham com os 18% de taxa de pobreza, porque se somássemos os que recebem o rendimento social de inserção, os que recebem o complemento solidário para idosos, os que recebem o subsídio disto, e o subsídio daquilo, temos uma pobreza estrutural no nosso país acima dos 40%". "Não aceito esta vergonha no nosso país"

O nível de desemprego, as baixas reformas, a precariedade dos contratos de trabalho foram outras áreas que lamentou.

Os empresários também não foram poupados. "Quando vejo a CIP a defender que o salário mínimo não aumente não posso concordar. Que país queremos? Quantos de nós aqui conseguiriam viver com 450 euros por mês?", perguntou à audiência, deixando depois um repto aos empresários: "Peço aos empresários para serem inovadores, abram-se ao mundo, sejam empreendedores".

"É o momento de repensar que mundo queremos", e recorrendo à frieza com que os médicos olham para a vida afirmou: "eu sei como vou morrer, sei como todos aqui vão morrer. E não é nessa altura, não é quando começarem a sentir a urina quente a correr pelas coxas, que vale a pena repensar a nova ordem económica mundial. É agora". As futuras gerações não vão perdoar, diz.

Sobre o estado das economias, salientou que não é economista, mas avisou para os riscos que pendem sobre as economias e que os economistas presentes não abordaram: o risco de um crash obrigacionista, a falência de fundos de pensões pelo mundo, os milhões investidos em produtos derivados. "Não é razão para cedermos a paranóias, mas é preciso questionar se as economias capitalistas estarão à altura do desafio", disse, acrescentando: "É precisa prudência, bom senso e cuidados com os cantos da sereia".

E voltando aos seus conhecimentos médicos terminou dizendo: "Perante uma hérnia estrangulada, um médico só pode fazer uma coisa: operar imediatamente. Ora a hérnia já está estrangulada [na ordem económica mundial]: nós temos que operar, temos de mudar as regras, os instrumentos.

É preciso bom senso, acção, determinação política", disse, avisando:
"Se não o fizermos, as próximas gerações acusar-nos-ão, com razão, de não assistência ao planeta em perigo".

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Portugal visto de Espanha

Porque merece mais visibilidade do que o espaço discreto dos comentários, e porque nem todos se sentem à vontade para ler em espanhol, traduzi e trago para aqui o comentário de Jorge M. no post «Orçamento de 2010 à vista!». Vem confirmar aquilo que João Salgueiro disse quanto ao silêncio dos nossos técnicos e à informação que tem chegado do estrangeiro e que tem sido negada, começando agora a ser admitido o estado trágico da situação nacional, nos aspectos financeiro, económico, empresarial e social.

As verdades ocultas em Portugal

LISBOA, 21 Set (IPS) - Indicadores económicos e sociais periodicamente divulgados pela União Europeia (UE) colocam Portugal em níveis de pobreza e injustiça social inadmissíveis para um país que integra desde 1986 o 'clube dos ricos' do continente. Mas o golpe de misericórdia foi dado pela avaliação da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económicos (OCDE): Nos próximos anos Portugal distanciar-se-á ainda mais dos países mais desenvolvidos. A produtividade mais baixa da UE, a escassa inovação e vitalidade do sector empresarial, educação e formação profissional deficientes, mau uso de fundos públicos, com gastos excessivos e resultados magros são os dados assinalados pelo relatório anual sobre Portugal da OCDE, que reúne 30 países industriais.

Ao contrário de Espanha, Grécia e Irlanda (que fizeram também parte do 'grupo dos pobres' da UE), Portugal não soube aproveitar para o seu desenvolvimento os volumosos fundos comunitários que fluíram sem cessar de Bruxelas durante quase duas décadas, coincidem analistas políticos y económicos.

Em 1986, Madrid e Lisboa ingressaram na então Comunidade Económica Europeia com índices similares de desenvolvimento relativo, e há apenas só uma década, Portugal ocupava um lugar superior ao da Grécia e Irlanda no ranking da UE.

Mas em 2001, foi comodamente superado por esses dois países, enquanto a Espanha já se coloca a pouca distância da média do bloco.

'A convergência da economia portuguesa com as mais avançadas da OCDE pareceu deter-se nos últimos anos, deixando uma brecha significativa no PIB per capita', afirma a organização.

No sector privado, 'os bens de capital nem sempre se utilizam ou se investem com eficácia e as novas tecnologias não são rapidamente adoptadas', afirma a OCDE.
'A força laboral portuguesa conta com menos educação formal do que os trabalhadores de outros países da UE, inclusive os dos novos membros da Europa central e oriental', assinala o documento.

Todas as análises sobre os números existentes coincidem em que o problema central no está nos valores, mas nos métodos para os distribuir.

Portugal gasta mais do que a grande maioria dos países da UE em remuneração de empregados públicos em relação ao seu produto interno bruto, mas não consegue melhorar significativamente a qualidade e eficiência dos serviços.
Com mais professores por quantidade de alunos do que a maior parte dos membros da OCDE, não consegue dar uma educação e formação profissional competitivas com o resto dos países industrializados.

Nos últimos 18 anos, Portugal foi o país que recebeu mais benefícios por habitante na assistência comunitária.

Sem dúvida, depois de nove anos a aproximar-se dos níveis da UE, em 1995 começou a cair e as perspectivas hoje indicam maior distância.

Onde foram parar os fundos comunitários? Éa pergunta insistente em debates televisivos e em colunas de opinião dos principais periódicos do país.

A resposta mais frequente é que o dinheiro engordou a carteira de quem já tinha mais.

Os números indicam que Portugal é o país da UE com maior desigualdade social e com os salários mínimos e médios mais baixos do bloco, ao menos até 1 de Maio, quando este se ampliou de 15 para 25 nações.

Também é o país do bloco em que os administradores de empresas públicas têm os salários mais altos. O argumento mais frequente dos executivos indica que 'o mercado decide os salários'.

Consultado por IPS, o ex-ministro das Obras Públicas (1995-2002) e actual deputado socialista João Cravinho desmentiu esta teoria.

'São os próprios administradores quem fixa os seus salários, atirando as culpas ao mercado', disse. Nas empresas privadas com participação estatal ou nas estatais com accionistas minoritários privados, 'os executivos fixam os seus salários astronómicos (alguns chegam aos 90.000 dólares mensais, incluindo abonos e regalias) com a cumplicidade dos accionistas de referência', explicou Cravinho.

Estes mesmos grandes accionistas, 'são a ao mesmo tempo altos executivos, e todo este sistema, no fundo, resulta em prejuízo do pequeno accionista, que vê como uma grossa talhada dos lucros vai parar às contas bancárias dos directores', lamentou o ex-ministro.
A crise económica que estancou o crescimento português nos últimos dois anos 'está sendo paga pelas classes menos favorecidas', disse. Esta situação de desigualdade aumenta cada dia com os exemplos mais variados.

O último é o da crise do sector automóvel. Os comerciantes queixam-se de uma queda de quase 20 por cento nas vendas de automóveis de baixa cilindrada, com preços de entre 15.000 e 20.000 dólares. Mas os representantes de marcas de luxo como Ferrari, Porsche, Lamborghini, Maserati y Lotus (veículos que valem más de 200.000 dólares), lamentam não poder dar satisfação a todos os pedidos, perante um aumento de 36 por cento ela procura.

Estudos sobre a tradicional indústria têxtil lusa, que foi uma das mais modernas e de melhor qualidade do mundo, demonstram a sua estagnação, pois os seus empresários não realizaram as necessárias adaptações para a actualizar. Mas a zona norte onde se concentra o sector têxtil, tem mais carros Ferrari por metro quadrado que a Itália.

Um executivo espanhol da informática, Javier Felipe, disse a IPS que segundo a sua experiência com empresários portugueses, estes 'estão mais interessados na imagem que projectam do que no resultado do se trabalho'. Para muitos 'é mais importante o automóvel que conduzem, o tipo de cartão de crédito que podem mostrar ao pagar uma conta ou o modelo do telemóvel, do que a eficiência da sua gestão', disse Felipe, esclarecendo que há excepções. Tudo isto vai modelando uma mentalidade que, ao fim de contas, afecta o desenvolvimento de um país', disse.

A evasão fiscal impune é outro aspecto que castrou investimentos do sector público com potenciais efeitos positivos na superação da crise económica e no desemprego, que este ano chegou a 7,3 por cento da população economicamente activa.

Os únicos contribuintes totalmente cumpridores para os cofres do Estado são os trabalhadores contratados, que descontam na fonte laboral. Nos últimos dois anos, o Governo decidiu tornar mais pesada a mão fiscal sobre essas cabeças, mantendo situações 'obscenas' e 'escandalosas', segundo o economista e comentarista de televisão Antonio Pérez Metello.

'Em lugar de anunciar progressos na recuperação dos impostos daqueles que continuam a rir-se na cara do fisco, o Governo (conservador) decide sacar una taxa ainda maior desses que já pagam o que é devido, e deixa incólume a nebulosa dos fugitivos fiscais, sem coerência ideológica, sem visão de futuro', criticou Metello.

A prova está explicada numa coluna de opinião de José Vitor Malheiros, aparecida esta terça-feira no diário Público de Lisboa, que fustiga a falta de honestidade na declaração de impostos dos chamados profissionais liberais. Segundo esses documentos entregues ao fisco, médicos e dentistas declaram de rendimentos anuais uma média de uns 9.277 (11.410 dólares), os arquitectos de 17.680 euros (21.750 dólares), os advogados de 10.864 (13.365 dólares e os engenheiros de 8.382 (10.310 dólares).

Estes números indicam que por cada seis euros que pagam ao fisco, 'roubam nove à comunidade', pois estes profissionais independentes deveriam contribuir com15 por cento do total do imposto por trabalho singular e só são tributados em seis por cento, disse Malheiros.

Com a devolução de impostos ao fechar um exercício fiscal, estes 'roubam mais do que pagam, como se um carniceiro nos vendesse 400 gramas de bife e nos fizesse pagar um quilograma, e existem 180.000 destes profissionais liberais que, em média, nos roubam 600 gramas por quilo', comentou com sarcasmo.

Se um país 'permite que um profissional liberal com duas casas e dois automóveis de luxo declare rendimentos de 600 euros (738 dólares) por mês, ano após ano, sem ser questionado minimamente pelo fisco, e por cima recebe um subsídio do Estado para ajudar a pagar o colégio privado dos seus filhos, significa que o sistema não tem nenhuma moralidade', afirmou.

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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Guterres possível representante da ONU no Afeganistão

Kai Eide, actual chefe das Nações Unidas em Cabul termina o seu mandato em Março e não quer ser reconduzido. António Guterres que foi primeiro-ministro português entre 1995 e 2002 e é chefe do ACNUR (Alto Comissariado da ONU para os Refugiados) desde 2005, faz parte da curta lista de cinco nomes em apreciação.

Amado, MNE, disse que se a opção sobre Guterres se confirmar, esta significará “o reconhecimento do mérito indiscutível que o engenheiro António Guterres tem assumido à frente de uma das agências mais importantes da ONU”.

Quanto ao enviado da ONU agora cessante, Kai Eide, os EUA criticaram a sua actuação em várias ocasiões, tendo havido um debate sobre o seu perfil: os norte-americanos queriam alguém que “mandasse”, que coordenasse os esforços do Governo com os das forças militares da NATO e dos embaixadores dos países importantes, mas outros temeram que essa figura anulasse Karzai.

O cargo não é fácil, mas Guterres é perito no diálogo e paciente para esperar resultados a seu tempo. A experiência no ACNUR tem-lhe dado traquejo nos contactos com gentes diferentes dos ocidentais, o que constitui um trunfo e uma garantia de bom desempenho nas suas funções.

Portugal beneficia com a nomeação por ser mais um cartaz bem visível da nossa existência e dos valores de que dispomos.

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Sugestões para recuperar Portugal

Como consta do post «Pensar antes de decidir», cada decisão deve ser precedida de uma preparação metódica. Tem que haver um bom diagnóstico para ser escolhida a terapêutica mais adequada. Neste momento Portugal tem necessidade urgente de medidas ajustadas para, de uma forma prática, simples, económica e eficiente, sair da crise em que se tem afundado nos últimos anos. A retoma já devia ter sido iniciada, com profundas alterações estruturais, nos diversos sectores, e quanto mais se adiar, mais graves serão as consequências e mais difícil e demorada será a recuperação.
O «Dr. João Salgueiro em entrevista» publicada no Diário de Notícias deixa alguns conceitos que merecem ser destacados:

Tomou-se conhecimento da gravidade da situação devido a «opiniões de analistas portugueses que se tornaram cada vez mais unânimes e ajudou muito o exemplo da Grécia. Chegou-se à conclusão de que uma ruptura tem custos muito maiores do que tomar medidas a tempo.» «Um exemplo alternativo bom é o da Irlanda, que quando chega à conclusão - esta é a segunda vez que o faz - que tem de tomar medidas, toma-as num prazo curto.» «É o problema de ir a um operador que extrai o que tem de extrair - seja um abcesso, seja um traumatismo, seja um cancro - ou andar a tomar umas pastilhas para ver se a coisa reduz.»

«O problema é que há uma distância entre o que as pessoas sabem e o que dizem. Porque temos uma cultura com vícios (…)as pessoas não querem encarar os problemas a tempo.» Não se cultiva a verdade, «querem dar boas notícias, fazer promessas... depois se cumprem ou não, logo se verá. Mas nós aceitamos que se ganhem eleições com programas que sabemos que não são para ser executados

Quanto a acordos entre Governo e oposição, disse que «um acordo é uma condição necessária, mas não é suficiente. Vamos começar pelo princípio: se tivermos um acordo que continue a não encarar os problemas do País de uma forma eficaz, não vai servir de muito

Quanto aos factores a fortalecer cita à cabeça «a competitividade. Nunca conseguiremos equilibrar as finanças públicas de forma duradoura se o País não produzir o necessário para aquilo que estamos a gastar. Isso remete-nos também para a educação, para a formação. Demora mais tempo.»

«A primeira coisa de que precisamos, seja qual for o acordo, é que se baseie num diagnóstico rigoroso da realidade.» «Falar verdade aos portugueses e falar verdade entre os próprios profissionais da política.» Acerca do défice, «o que sabemos é que têm vindo a ser revistas as previsões, o que deixou ficar alguma suspeita. Não tenho noção se foi escondido ou não, mas o que deixou uma suspeita foi o facto de várias agências internacionais dizerem que o défice ia ser maior e nós estarmos convencidos de que não. O problema é termos uma noção clara de onde estamos e dos desafios que temos

Para sermos competitivos é preciso reduzir «os desperdícios do Estado, por exemplo! Há muito desperdício do Estado.» «Da última vez que se falou na necessidade de melhorar a educação, disse-se que era preciso gastar mais dinheiro. Não é uma atitude. Precisamos é de resultados. E temos de ter uma avaliação mais sistemática.» «Dêmos uma volta pelo País e vejamos a série de rotundas, de palmeiras plantadas nos últimos tempos. Não digo que não seja positivo, mas não é essencial!» «O Estado não tem a noção do que pode ou não gastar. Há muita coisa que não é essencial. Citou exemplos de investimentos não essenciais e continuam programados.»

Quanto ao TGV, «acho que devia ser avaliado se o que está a dizer-se é verdade, se vai custar só aquilo e quais os efeitos a longo prazo

Quanto à inconsistência das decisões «o aeroporto teve um excelente exemplo: tinha de ser na Ota, foi garantido que era lá e com o acordo de vários governos. De repente, percebe-se que a Ota era um desastre. Que garantia é que há que outras decisões não sejam tomadas da mesma maneira?»

Três questões a ter em atenção para decidir investimentos, «a primeira é ter um diagnóstico, a segunda é decidir o que vai fazer-se com base em prioridades que sejam justificadas e a terceira é ter a noção de que há coisas que são imediatas. Não se deve dizer que nada se pode fazer a curto prazo: há muita coisa a fazer. Mas também temos de ter a noção de que há decisões que só produzem efeito no médio prazo.» «Nós temos de saber o que fazer a curto prazo, não continuar a aceitar decisões que são injustificadas. Mas há duas que acho que têm efeito a longo e a curto prazo: a educação, mas, antes dessa, a justiça. Porque os comportamentos das pessoas são muito afectados pela probabilidade de terem consequências

«E de trabalho feminino não se criaram muitas oportunidades ainda, talvez agora se comece, mas isso devia ser a primeira prioridade.» É preciso «olhar mais para a realidade dos desempregados e das obras necessárias, não estar com sonhos

O aumento de impostos «posso admitir que seja inevitável depois de estar feita a análise geral. A primeira coisa é vermos que desperdícios podem ser evitados e ninguém sabe quais são

A decisão de controlo dos salários «precisa de uma análise sistémica, como se costuma dizer. Precisamos de ter a dimensão do problema antes de começar a opinar sobre as soluções, e a primeira medida a tomar é acabar com o excesso de despesa pública, porque é isso que se traduz em aumento de impostos. Temos uma carga fiscal maior do que Espanha, o que não é aceitável porque temos um nível de desenvolvimento pior. Se precisamos de encarar os problemas, temos de os hierarquizar e, para mim, o maior problema, neste momento, é o desemprego. São recursos desaproveitados, o único que temos é o factor humano, não temos recursos naturais, não temos dimensão…»

Criar emprego. «Quem vai criar mais empregos só pode ser o sector produtivo. Aquilo que permite produzir mais e o factor mais escasso que temos é a vontade empresarial. Como é que se vão criar mais iniciativas empresariais em Portugal? Desafio qualquer pessoa a fazer o exercício: como é que se convence um empresário português ou estrangeiro a investir em Portugal, com o quadro que temos aqui? Ele vai comparar as oportunidades em Portugal com as que tem em Espanha, na Holanda, na Bulgária, na Ásia, no Brasil.» «Devíamos ter na primeira linha das nossas preocupações encorajar o investimento produtivo em Portugal e não é isso que se tem feito

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domingo, 24 de janeiro de 2010

Orçamento de 2010 à vista!

Tem sido aqui dito que as consultas à oposição antes das grandes decisões deviam ser regra geral e até foi sugerido um Código de bem governar assinado por todos os partidos, com vista a serem salvaguardados ao máximo os grandes interesses nacionais. O Presidente da República tem insistido na necessidade do consenso que resulta da vontade comum de defender o futuro de Portugal.

Realmente seria interessante que os partidos nunca subalternizassem os interesses nacionais aos seus próprios. Agora está em curso a preparação do Orçamento de Estado para 2010, e está a ser negociado o voto da oposição, com vista a ser aprovado na AR o projecto elaborado depois de entendimentos interpartidários, estando «Ferreira Leite "confiante" em acordo no Orçamento». Porém, nem tudo deve ser encarado com optimismo desmedido. As declarações ocasionais de dialogantes em nome de partidos, mostram que estão em negociação as contrapartidas, as compensações por eventuais cedências num ou noutro ponto. Eu cedo nisto mas tens de ceder naquilo.

Nessa troca de favores resta saber em que ponto os interesses nacionais serão pisados pelos interesses dos partidos. Isto não é pessimismo, é realismo. O exemplo máximo de entendimento entre partidos envolveu todos os paridos presentes da AR, na qual todos os deputados excepto um, talvez por distracção, votaram a famosa «lei de financiamento dos partidos» que, felizmente, foi vetada pelo PR. Dessa lei o deputado Ricardo Rodrigues disse na TV que ela nada criou de novo, só legislou tornando legais procedimentos que vinham sendo correntes, mas ilegais. Portanto, todos entraram em consenso para lavar crimes (que por lei deixariam de o ser) e que abrangiam aspectos de corrupção, lavagem de dinheiro sujo e outras manigâncias, normais em certos tipos de marginalidade mas indesejáveis em representantes do povo e eleitos para governar, servindo de bom exemplo, de referência e defendendo os interesses de Portugal.

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Passos Coelho uma hipótese de futuro

De tudo o que aqui tem sido dito sobre a necessidade de encarar a sério a preparação de Portugal para o futuro, atendendo a que o porvir interessa mais aos jovens do que aos idosos no fim da carreira activa ou no fim da vida, e dado o sempre latente conflito de gerações, é previsível que Pedro Passos Coelho se tenha que debater com as ainda poderosas forças do grupo do reumático que se considera dono do partido que tão mal tem tratado nos últimos tempos.

Um indivíduo septuagenário dificilmente pode contar com mais 20 anos de vida saudável e de influência, ao passo que um que ande pelos 40, na mesma ordem de ideias, pode contra com mais 50. Isto mostra que o mais jovem tem muito mais interesse do que o idoso em preparar um futuro de progres,so, seguro e com bem estar, de que ele beneficiará. O idoso, quanto ao futuro, deseja que não lhe faltem sopas e descanso no resto da vida.

Pode dizer-se que ao mais jovem falta experiência política, mas isso significaria que seria virtude continuar a vida dos recentes anos em que a degradação tem sido acelerada. Já ninguém evita falar de corrupção, enriquecimento ilícito, tráfico de influências, etc. e os políticos em plena AR, perante os olhos do povo através da TV, não se poupam a insultos mútuos. É a isso que chamam experiência política? Poderá ser experiência mas para esquecer, para apagar da memória.

Por isso, quanto mais inocente e virgem for um candidato a cargos públicos, mais garantias oferece de poder vir a criar um Portugal melhor do que o actual. Terá, sem dúvida, de possuir qualidades de inteligência, perspicácia, sentido de Estado, dedicação aos interesses nacionais, para analisar os problemas e resistir ás pressões do grupo do reumático. Este, convicto da sua velha «experiência», tudo fará para abater o jovem dirigente. No PSD, essa tem sido a regra, frequentemente abatem um para lá colocarem o supra-sumo, mas no dia seguinte à posse logo se inicia a campanha para a sua eliminação. Aconteceu com Santana Lopes, Marques Mendes, Filipe Menezes e agora com Manuela Ferreira Leite. Para onde irá um tal partido que, em vez de um bloco de granito não passa de um monte de brita?

Para bem do Partido e também de Portugal, já se ouvem vozes sensatas como «Aguiar Branco: Passos Coelho é “um bom candidato”» e «Menezes: tem a “convicção” de que Passos Coelho vai ser o próximo líder».

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Conselhos de Bill Gates aos estudantes


Na sequência do tema do post anterior, eis alguns conselhos que Bill Gates recentemente deu numa conferência numa escola secundária:

11 regras que os estudantes não aprenderão na escola.

Ele fala sobre como a "política educacional de vida fácil para as crianças" tem criado uma geração que não tem o conceito da realidade e como esta política tem levado as pessoas a falharem nas suas vidas profissionais, depois da escola.

Muito conciso, todos esperavam que ele fosse fazer um discurso de uma hora ou mais...Bill Gates falou em menos de 5 minutos, foi aplaudido mais de 10 minutos sem parar, agradeceu e foi-se embora no seu helicóptero...

Regra 1
A vida não é fácil, acostumem-se a isso.

Regra 2
O mundo não está preocupado com a vossa auto-estima. O mundo espera que vocês façam alguma coisa útil por ele, ANTES de vocês se sentirem bem convosco próprios.

Regra 3
Vocês não vão ganhar 5.000 dólares por mês assim que saírem da Universidade. Vocês não serão directores de uma empresa com carro e telefone à disposição antes de terem conseguido comprar o vosso próprio carro e telefone.

Regra 4
Se vocês acham que os vossos professores são rudes, esperem até terem um Chefe. Ele não vai ter pena de vocês.

Regra 5
Vender jornais velhos ou trabalhar nas férias não está abaixo da vossa posição social. Os vossos Avós têm uma palavra diferente para isso: eles chamam-lhe oportunidade.

Regra 6
Se vocês fracassarem, a culpa não é dos vossos Pais. Por isso não os culpem dos vossos erros, aprendam com eles.

Regra 7
Antes de vocês nascerem, os vossos Pais não eram tão críticos como agora. Eles só ficaram assim por pagar as vossas contas, lavar as vossas roupas e ouvir vocês dizerem que eles são "ridículos". Antes de quererem salvar o planeta para a próxima geração, desejando consertar os erros da geração dos vossos Pais, tentem limpar o vosso próprio quarto.

Regra 8
A vossa escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Em algumas escolas vocês não chumbam mais de um ano e têm tantas chances quantas vocês precisarem até acertar. Isto não tem NADA a ver com a vida real. Se pisarem o risco, são despedidos... Façam bem à primeira !

Regra 9
A vida não é dividida em semestres. Vocês não terão sempre os verões livres e é pouco provável que os outros empregados vos ajudem a cumprir as vossas tarefas no fim de cada período.

Regra 10
A televisão NÃO é a vida real. Na vida real, as pessoas têm que largar o «barzinho» ou a discoteca e ir trabalhar.

Regra 11
Sejam simpáticos para com os «estudiosos» - aqueles estudantes que muitos julgam que são uns idiotas. Existe uma grande probabilidade de vocês virem a trabalhar PARA eles um dia.

NOTA: Há toda a conveniência em que sejam repetidas aos jovens noções práticas da vida. Não basta saber de cor as leis da Matemática, da Física e da Químca, é indispensável saber aplicá-las para gerar bens e bem-estar.

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Conselhos aos estudantes

O que disse o Presidente Obama aos alunos da América

Sei que para muitos de vocês hoje é o primeiro dia de aulas, e para os que entraram para o jardim infantil, para a escola primária ou secundária, é o primeiro dia numa nova escola, por isso é compreensível que estejam um pouco nervosos. Também deve haver alguns alunos mais velhos, contentes por saberem que já só lhes falta um ano. Mas, estejam em que ano estiverem, muitos devem ter pena por as férias de Verão terem acabado e já não poderem ficar até mais tarde na cama.

Também conheço essa sensação. Quando era miúdo, a minha família viveu alguns anos na Indonésia e a minha mãe não tinha dinheiro para me mandar para a escola onde andavam os outros miúdos americanos. Foi por isso que ela decidiu dar-me ela própria umas lições extras, segunda a sexta-feira, às 4h30 da manhã.

A ideia de me levantar àquela hora não me agradava por aí além. Adormeci muitas vezes sentado à mesa da cozinha. Mas quando eu me queixava a minha mãe respondia-me: "Olha que isto para mim também não é pêra doce, meu malandro..."

Tenho consciência de que alguns de vocês ainda estão a adaptar-se ao regresso às aulas, mas hoje estou aqui porque tenho um assunto importante a discutir convosco. Quero falar convosco da vossa educação e daquilo que se espera de vocês neste novo ano escolar.

Já fiz muitos discursos sobre educação, e falei muito de responsabilidade. Falei da responsabilidade dos vossos professores de vos motivarem, de vos fazerem ter vontade de aprender. Falei da responsabilidade dos vossos pais de vos manterem no bom caminho, de se assegurarem de que vocês fazem os trabalhos de casa e não passam o dia à frente da televisão ou a jogar com a Xbox. Falei da responsabilidade do vosso governo de estabelecer padrões elevados, de apoiar os professores e os directores das escolas e de melhorar as que não estão a funcionar bem e onde os alunos não têm as oportunidades que merecem.

No entanto, a verdade é que nem os professores e os pais mais dedicados, nem as melhores escolas do mundo são capazes do que quer que seja se vocês não assumirem as vossas responsabilidades. Se vocês não forem às aulas, não prestarem atenção a esses professores, aos vossos avós e aos outros adultos e não trabalharem duramente, como terão de fazer se quiserem ser bem sucedidos.

E hoje é nesse assunto que quero concentrar-me: na responsabilidade de cada um de vocês pela sua própria educação.

Todos vocês são bons em alguma coisa. Não há nenhum que não tenha alguma coisa a dar. E é a vocês que cabe descobrir do que se trata. É essa oportunidade que a educação vos proporciona.

Talvez tenham a capacidade de ser bons escritores - suficientemente bons para escreverem livros ou artigos para jornais -, mas se não fizerem o trabalho de Inglês podem nunca vir a sabê-lo. Talvez sejam pessoas inovadoras ou inventores - quem sabe capazes de criar o próximo iPhone ou um novo medicamento ou vacina -, mas se não fizerem o projecto de Ciências podem não vir a percebê-lo. Talvez possam vir a ser mayors ou senadores, ou juízes do Supremo Tribunal, mas se não participarem nos debates dos clubes da vossa escola podem nunca vir a sabê-lo.

No entanto, escolham o que escolherem fazer com a vossa vida, garanto-vos que não será possível a não ser que estudem. Querem ser médicos, professores ou polícias? Querem ser enfermeiros, arquitectos, advogados ou militares? Para qualquer dessas carreiras é preciso ter estudos. Não podem deixar a escola e esperar arranjar um bom emprego. Têm de trabalhar, estudar, aprender para isso.

E não é só para as vossas vidas e para o vosso futuro que isto é importante. O que vocês fizerem com os vossos estudos vai decidir nada mais nada menos que o futuro do nosso país. Aquilo que aprenderem na escola agora vai decidir se enquanto país estaremos à altura dos desafios do futuro.

Vão precisar dos conhecimentos e das competências que se aprendem e desenvolvem nas ciências e na matemática para curar doenças como o cancro e a sida e para desenvolver novas tecnologias energéticas que protejam o ambiente. Vão precisar da penetração e do sentido crítico que se desenvolvem na história e nas ciências sociais para que deixe de haver pobres e sem-abrigo, para combater o crime e a discriminação e para tornar o nosso país mais justo e mais livre. Vão precisar da criatividade e do engenho que se desenvolvem em todas as disciplinas para criar novas empresas que criem novos empregos e desenvolvam a economia.

Precisamos que todos vocês desenvolvam os vossos talentos, competências e intelectos para ajudarem a resolver os nossos problemas mais difíceis. Se não o fizerem - se abandonarem a escola -, não é só a vocês mesmos que estão a abandonar, é ao vosso país.

Eu sei que não é fácil ter bons resultados na escola. Tenho consciência de que muitos têm dificuldades na vossa vida que dificultam a tarefa de se concentrarem nos estudos. Percebo isso, e sei do que estou a falar. O meu pai deixou a nossa família quando eu tinha dois anos e eu fui criado só pela minha mãe, que teve muitas vezes dificuldade em pagar as contas e nem sempre nos conseguia dar as coisas que os outros miúdos tinham. Tive muitas vezes pena de não ter um pai na minha vida. Senti-me sozinho e tive a impressão que não me adaptava, e por isso nem sempre conseguia concentrar-me nos estudos como devia. E a minha vida podia muito bem ter dado para o torto.

Mas tive sorte. Tive muitas segundas oportunidades e consegui ir para a faculdade, estudar Direito e realizar os meus sonhos. A minha mulher, a nossa primeira-dama, Michelle Obama, tem uma história parecida com a minha. Nem o pai nem a mãe dela estudaram e não eram ricos. No entanto, trabalharam muito, e ela própria trabalhou muito para poder frequentar as melhores escolas do nosso país.

Alguns de vocês podem não ter tido estas oportunidades. Talvez não haja nas vossas vidas adultos capazes de vos dar o apoio de que precisam. Quem sabe se não há alguém desempregado e o dinheiro não chega. Pode ser que vivam num bairro pouco seguro ou os vossos amigos queiram levar-vos a fazer coisas que vocês sabem que não estão bem.

Apesar de tudo isso, as circunstâncias da vossa vida - o vosso aspecto, o sítio onde nasceram, o dinheiro que têm, os problemas da vossa família - não são desculpa para não fazerem os vossos trabalhos nem para se portarem mal. Não são desculpa para responderem mal aos vossos professores, para faltarem às aulas ou para desistirem de estudar. Não são desculpa para não estudarem.

A vossa vida actual não vai determinar forçosamente aquilo que vão ser no futuro. Ninguém escreve o vosso destino por vocês. Aqui, nos Estados Unidos, somos nós que decidimos o nosso destino. Somos nós que fazemos o nosso futuro.

E é isso que os jovens como vocês fazem todos os dias em todo o país. Jovens como Jazmin Perez, de Roma, no Texas. Quando a Jazmin foi para a escola não falava inglês. Na terra dela não havia praticamente ninguém que tivesse andado na faculdade, e o mesmo acontecia com os pais dela. No entanto, ela estudou muito, teve boas notas, ganhou uma bolsa de estudos para a Universidade de Brown, e actualmente está a estudar Saúde Pública.

Estou a pensar ainda em Andoni Schultz, de Los Altos, na Califórnia, que aos três anos descobriu que tinha um tumor cerebral. Teve de fazer imensos tratamentos e operações, uma delas que lhe afectou a memória, e por isso teve de estudar muito mais - centenas de horas a mais - que os outros. No entanto, nunca perdeu nenhum ano e agora entrou na faculdade.

E também há o caso da Shantell Steve, da minha cidade, Chicago, no Illinois. Embora tenha saltado de família adoptiva para família adoptiva nos bairros mais degradados, conseguiu arranjar emprego num centro de saúde, organizou um programa para afastar os jovens dos gangues e está prestes a acabar a escola secundária com notas excelentes e a entrar para a faculdade.

A Jazmin, o Andoni e a Shantell não são diferentes de vocês. Enfrentaram dificuldades como as vossas. Mas não desistiram. Decidiram assumir a responsabilidade pelos seus estudos e esforçaram-se por alcançar objectivos. E eu espero que vocês façam o mesmo.

É por isso que hoje me dirijo a cada um de vocês para que estabeleça os seus próprios objectivos para os seus estudos, e para que faça tudo o que for preciso para os alcançar. O vosso objectivo pode ser apenas fazer os trabalhos de casa, prestar atenção às aulas ou ler todos os dias algumas páginas de um livro. Também podem decidir participar numa actividade extracurricular, ou fazer trabalho voluntário na vossa comunidade. Talvez decidam defender miúdos que são vítimas de discriminação, por serem quem são ou pelo seu aspecto, por acreditarem, como eu acredito, que todas as crianças merecem um ambiente seguro em que possam estudar. Ou pode ser que decidam cuidar de vocês mesmos para aprenderem melhor. E é nesse sentido que espero que lavem muitas vezes as mãos e que não vão às aulas se estiverem doentes, para evitarmos que haja muitas pessoas a apanhar gripe neste Outono e neste Inverno.

Mas decidam o que decidirem gostava que se empenhassem. Que trabalhassem duramente. Eu sei que muitas vezes a televisão dá a impressão que podemos ser ricos e bem-sucedidos sem termos de trabalhar - que o vosso caminho para o sucesso passa pelo rap, pelo basquetebol ou por serem estrelas de reality shows -, mas a verdade é que isso é muito pouco provável. A verdade é que o sucesso é muito difícil. Não vão gostar de todas as disciplinas nem de todos os professores. Nem todos os trabalhos vão ser úteis para a vossa vida a curto prazo. E não vão forçosamente alcançar os vossos objectivos à primeira.

No entanto, isso pouco importa. Algumas das pessoas mais bem-sucedidas do mundo são as que sofreram mais fracassos. O primeiro livro do Harry Potter, de J. K. Rowling, foi rejeitado duas vezes antes de ser publicado. Michael Jordan foi expulso da equipa de basquetebol do liceu, perdeu centenas de jogos e falhou milhares de lançamentos ao longo da sua carreira. No entanto, uma vez disse: "Falhei muitas e muitas vezes na minha vida. E foi por isso que fui bem-sucedido."

Estas pessoas alcançaram os seus objectivos porque perceberam que não podemos deixar que os nossos fracassos nos definam - temos de permitir que eles nos ensinem as suas lições. Temos de deixar que nos mostrem o que devemos fazer de maneira diferente quando voltamos a tentar. Não é por nos metermos num sarilho que somos desordeiros. Isso só quer dizer que temos de fazer um esforço maior por nos comportarmos bem. Não é por termos uma má nota que somos estúpidos. Essa nota só quer dizer que temos de estudar mais.

Ninguém nasce bom em nada. Tornamo-nos bons graças ao nosso trabalho. Não entramos para a primeira equipa da universidade a primeira vez que praticamos um desporto. Não acertamos em todas as notas a primeira vez que cantamos uma canção. Temos de praticar. O mesmo acontece com o trabalho da escola. É possível que tenham de fazer um problema de Matemática várias vezes até acertarem, ou de ler muitas vezes um texto até o perceberem, ou de fazer um esquema várias vezes antes de poderem entregá-lo.

Não tenham medo de fazer perguntas. Não tenham medo de pedir ajuda quando precisarem. Eu todos os dias o faço. Pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, é um sinal de força. Mostra que temos coragem de admitir que não sabemos e de aprender coisas novas. Procurem um adulto em quem confiem - um pai, um avô ou um professor ou treinador - e peçam-lhe que vos ajude.

E mesmo quando estiverem em dificuldades, mesmo quando se sentirem desencorajados e vos parecer que as outras pessoas vos abandonaram - nunca desistam de vocês mesmos. Quando desistirem de vocês mesmos é do vosso país que estão a desistir.

A história da América não é a história dos que desistiram quando as coisas se tornaram difíceis. É a das pessoas que continuaram, que insistiram, que se esforçaram mais, que amavam demasiado o seu país para não darem o seu melhor.

É a história dos estudantes que há 250 anos estavam onde vocês estão agora e fizeram uma revolução e fundaram este país. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 75 anos e ultrapassaram uma depressão e ganharam uma guerra mundial, lutaram pelos direitos civis e puseram um homem na Lua. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 20 anos e fundaram a Google, o Twitter e o Facebook e mudaram a maneira como comunicamos uns com os outros.

Por isso hoje quero perguntar-vos qual é o contributo que pretendem fazer. Quais são os problemas que tencionam resolver? Que descobertas pretendem fazer? Quando daqui a 20 ou a 50 ou a 100 anos um presidente vier aqui falar, que vai dizer que vocês fizeram pelo vosso país?

As vossas famílias, os vossos professores e eu estamos a fazer tudo o que podemos para assegurar que vocês têm a educação de que precisam para responder a estas perguntas. Estou a trabalhar duramente para equipar as vossas salas de aulas e pagar os vossos livros, o vosso equipamento e os computadores de que vocês precisam para estudar. E por isso espero que trabalhem a sério este ano, que se esforcem o mais possível em tudo o que fizerem. Espero grandes coisas de todos vocês. Não nos desapontem. Não desapontem as vossas famílias e o vosso país. Façam-nos sentir orgulho em vocês. Tenho a certeza que são capazes.

NOTA: Neste aspecto o que é verdade para os USA também é para Portugal.

Extraído do blogue Sempre Jovens

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sábado, 23 de janeiro de 2010

Obama e os problemas da sua missão

Transcrição do artigo de opinião do Jornal de Notícias, seguido de NOTA:

O herói e o vilão
Jornal de Notícias, 23 de Janeiro de 2010. Por Pedro Ivo Carvalho

Um ano de Barack Obama foi um ano de paz no Mundo? Não. Um ano de Barack Obama foi um ano de recuperação económica no Mundo? Não. Um ano de Barack Obama foi um ano sem injustiças no Mundo? Não. Mas será que um ano sem Barack Obama podia ter sido pior para os Estados Unidos da América (EUA) e para o Mundo? Certamente que sim.

Há um ano, caminhava-se na estratosfera. As trompetas produziam música celestial: eis o Messias, o homem novo, o desejado, o conciliador de comunidades que num ápice foi alcandorado à condição de conciliador do Mundo. Sim, nós podemos. E gerou-se uma onda tão avassaladora que transformou Obama no primeiro presidente da República global.
O Mundo carecia de um herói - já agora norte-americano, como nos filmes -, o Mundo ansiava por uma América que falasse mais e disparasse menos. E a Europa esfregava as mãos de júbilo por finalmente ter diante de si um presidente norte-americano que pensa estruturalmente como um líder europeu.

Um ano volvido, o Mundo desceu à terra e trouxe Obama na viagem. A taxa de popularidade do presidente norte-americano desceu de 80% para 50%, a América não conseguiu sacudir a crise, o desemprego mantém-se nos píncaros, os soldados do Tio Sam continuam a tombar nos vários teatros de guerra de onde parece impossível sair, a tentativa bem intencionada de garantir um sistema de saúde gratuito para toda a população arrisca-se a ser apenas uma tentativa, porque custa muito dinheiro e a minoria beneficiária não tem capacidade de influenciar as decisões políticas. Os EUA permanecem no Iraque, reforçaram a presença no Afeganistão, não fecharam Guantánamo. A herança era pesada. E só passou um ano.

Mas Obama não foi só a "vítima" do exercício colectivo de endeusamento que conduziu à sua eleição. Obama foi parte integrante dessa estratégia. Obama alimentou os slogans, as redes sociais, o "yes, we can" - monumento ao marketing agressivo -, Obama criou, em suma, uma plasticidade que funciona porque somos levados a crer que ele é assim sempre, assim determinado, assim determinante, que deixa uma pegada de História em cada palavra que profere, em cada decisão que toma. Mas Obama é apenas um. Um.

E o que devemos, então, concluir? Que Obama falhou? Não. Obama não podia mudar os EUA e muito menos o Mundo num ano, pese embora haver quem pense que ele, ao final do dia, se senta no Olimpo, com os deuses, a discutir a Humanidade.

A verdade é que Obama representou, representa, a mudança. Mas Obama tem de ser mais do que isso. Tem de calçar, para usar a imagem de um feliz cartoon que ilustra a capa da mais recente edição da revista "The Economist", as luvas de boxe e começar a distribuir uns ganchos. Obama tem de deixar de ser o herói para passar a ser o vilão. No fundo, tem de passar a ser mais o homem e menos o deus. E um mandato pode não ser suficiente.

NOTA: Realmente, as esperanças eram exageradas e não havia milagre que, num ano, permitisse as mudanças necessárias. E estas, por lesarem as rotinas e os interesses instalados pelos donos da alta finança, exigem que, como diz o texto, calce as luvas de boxe e bata sem dó naqueles que travam a justiça social e a Paz no Mundo. Tal reacção é natural porque qualquer mudança levanta sempre descontentes entre os que estão bem instalados. Por isso, além das luvas, poderá ter de usar miniaturas da estátua da liberdade para fazer carícias nos dentes dos renitentes!

Deve estar preparado para enfrentar os sérios riscos que está a correr. A falta de escrúpulos que leva os poderosos da economia e da finança a sacaram o máximo de lucros pode levá-los a exercer pressões sem limite até ao assassinato como o de John Kennedy.

Oxalá este jovem presidente tenha sorte e beneficie a América e o mundo reduzindo ou acabando com a exploração das multinacionais, dos bancos e das indústrias de guerra. Não lhe deve faltar motivação, porque espera muito tempo de vida e não deve estar disposto à aceitação e acomodação como se fosse um veterano a quem a idade não permite esperar muitos anos. Estas palavras também são válidas para Passos Coelho, candidato à liderança do PSD.
Ver o post Obama leu Thomas Jefferson
e os respectivos comentários.

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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Gastos com reformas e pensões

Há muito que surgem reparos acerca da falta de apoio a idosos, havendo casos demasiado críticos. Um médico contou que no hospital Amadora Sintra chegou, por meio do 112, uma senhora com 81 anos, solteira, sem família, vivendo só, que sempre tinha trabalhado como empregada doméstica. Depois de ecografia, electroencefalograma e TAC, foi diagnosticado AVC, com paralisia do lado direito e incapacidade de falar e foi-lhe dada alta. Razão indicada, no hospital não há camas para pessoas com mais de 80 anos.

A notícia de hoje de que «Gastos com reformas aumentam mais de 1,1 mil milhões» é mais um indício preocupante do que possa estar a germinar na mente dos políticos.

No post «PS defende morte e ausência da vida???» é transcrito o artigo de Mário Crespo «O horror do vazio» a esses indícios podem alinhar-se outros, que se juntam ao caso do hospital, à carência de apoio a muitos idosos e à proposta de Almeida Santos acerca da Eutanásia.

A notícia de hoje diz que o Estado gastou 20,6 mil milhões no ano passado com pensões. As da Segurança Social aumentaram mais de 1,1 mil milhões de euros em comparação o ano 2008.

O custo das pensões tem subidas médias de seis por cento. No ano passado, Portugal gastou 20,6 mil milhões de euros em pensões, quase 13 por cento do Produto Interno Bruto.

A notícia é assustadora quando interpretada em confronto com os outros indícios. Provavelmente, como a Segurança Social, faz as contas aos euros e actuará de forma comercial, tende a fazer apenas investimentos pouco volumosos por não serem rentáveis, com pessoas que já não produzem e apenas são um peso para o orçamento como agora é sublinhado na notícia. Quando um idoso adoecer, o Estado não correrá o risco de ter de gastar muito com ele, como se viu na velhinha com AVC e aproveitará uma oportunidade para dizer que o caso é incurável e aplicar-lhe-á a eutanásia de forma mais ou menos discreta!!!

Moralmente é inaceitável, mas dizia um conhecido político que ética e política são incompatíveis. E há quem ouse fazer futurologia, com o seguinte prognóstico. Quando um reformado, for pela primeira vez ao médico, mesmo que tenha uma doença grave, ouvirá do médico dizer: leve esta aspirina e tome com um copinho de água, e se não passar volte cá. Claro que isso não o cura e ele volta e, então, o médico diz: Não esteja preocupado, antes de se deitar tome este comprimido com um pouco de água tépida e vai ver que amanhã estará bom e nada lhe doerá. E ele no dia seguinte não sente mais dores nem nada! Está já do outro lado. Com isso, o Estado poupa na pensão de reforma, nos serviços de saúde e noutros eventuais apoios a idosos. Os herdeiros tomam posse da herança mais cedo. O crime compensa, o amor ao dinheiro e a falta de ética e de sentimentos dão resultados desse género.

Hoje, a generalidade dos médicos não colaboraria nisto mas os estatutos de ética da ordem virão a ser actualizados e os funcionários do Estado têm que cumprir as ordens superiores. O caso atrás referido dá força a esta hipótese, aparentemente macabra. Isto parece duro, mas talvez seja uma profecia de um futuro mais ou menos próximo. E a dureza será amaciada com palavras de humanitarismo alegando o alívio de sofrimento incurável.

Os cidadãos deviam estar atentos a tais sinais e reclamar antes que seja tarde. Mas a apatia e o desinteresse leva a aceitar os primeiros casos e a deixar consolidar os procedimentos de que depois seremos vitimas.

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Obama leu Thomas Jefferson?

O presidente norte-americano, Barack Obama, deseja limitar a dimensão e a actividade das instituições financeiras, segundo fonte do Governo citada pelas agências internacionais.

O presidente dos EUA começou a discutir com os seus conselheiros económicos, há cerca de dois meses, a necessidade de incluir na reforma financeira algumas disposições “mais restritivas” e “específicas” sobre a limitação da dimensão e das áreas de actividade das instituições financeiras. O objectivo é o de reduzir os custos de riscos excessivos.

Como seria de esperar não lhe faltam opositores como, por exemplo, Warren Biffett. No entanto, Presidente dos EUA vai propor ao G20 que adopte o seu novo imposto sobre a banca.

Curiosamente, já em 1802, Thomas Jefferson alertava para os perigos criados pelo poder da banca.


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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Portugal avesso ao progresso


O seu a seu dono. O artigo de Paulo Martins no Jornal de Notícias, depois de várias notícias sobre a decisão de Manuel Alegre vir a candidatar-se às presidenciais, levanta várias reflexões. A primeira é o factor idade. Se o futuro de Portugal pertence às gerações mais jovens, porque razão o cargo de PR há-de continuar a ser um hobi de reformados para quem o futuro já não tem grande significado? Principalmente num caso em que a saúde já causa preocupações e o coração deve ser poupado a situações de stress e de emoções fortes.

Outra reflexão vem do Extremo Oriente, em que a China, que tem tido um desenvolvimento aproximado dos dois dígitos ao ano, tem procurado dirigentes e governantes do sector que mais a preocupa, tem uma grande percentagem de engenheiros no poder, principalmente engenheiros hidráulicos. Segundo esse critério, Portugal talvez se devesse orientar para os gestores e economistas. Mas alguém que se tem tornado público como bom poeta e declamador dos seus poemas, com voz bem timbrada e colocada, não constitui um trunfo muito válido para se sair da crise e criar um futuro brilhante para os que agora são crianças e jovens.

Em tudo isso, quando se esperava que surgisse alguém com mais ou menos 40 anos, cheio de aspirações para o seu próprio futuro e os da sua geração, eis que se apanha com um balde água fria ao saber que António José Seguro e a estrutura da JS se propõem apoiar Alegre. Fica-se na dúvida de as reflexões anteriores serem desprovidas de lógica ou de a juventude estar mais degradada do que diz a opinião geral dos idosos portugueses.

Neste ponto de que depende a imagem de vitalidade do País, verifica-se que, ao contrário do que se diz quando se afirma haver na humanidade conflito de gerações, em Portugal tal conflito não existe por falta de comparência da parte mais jovem. Parece que os jovens nasceram já com o vício de que «a política é a arte do possível», que o melhor é «não fazer ondas» e alinhar nas tácticas de intriga e tricas inter-partidárias, olhando apenas para o umbigo e aceitando que o destino e algum santo tratarão do futuro. Com isto, as perspectivas do amanhã são cada vez mais negras.

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